domingo, 24 de agosto de 2008

TRESPASSADO

Até ali nunca dera conta do que acabara de descobrir. Os olhos também podem falar. Não de um modo audível,é certo,mas entendível. Um falar,às vezes,de conveniência,como naquela altura. Diziam,mas não se comprometiam. Que bom,ou mau,poder falar assim. Ninguém os leva presos.
Pois ali estava,sem qualquer dúvida,um desses olhares. O que estava claramente dizendo? Que sorte tens tu homem. Aí comodamente instalado nesse belo carro,que não é teu,mas para mim é como se fosse ,que eu não posso ver uma camisa lavada a um pobre.
Assim eu tivesse tido essa sorte. Não calhou,mas eu é que a merecia,pois sou muito superior a ti,um Zé Ninguém. A inveja que eu tenho de ti.
E aqui,a intensidade daquele olhar quase varava. Sentira-se trespassado e tivera medo. De que seriam capazes aqueles olhos? De fulminar? Sabe-se lá.

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