A vindima estava-se a aproximar, o que significava que se tinha de começar a preparar as coisas para o fabrico do arrobe. Mas isso era para as pessoas grandes. Eles que se mexessem,que a pequenada tinha mais com que se entreter.
Mas chegado o dia,aquilo para a miudagem valia muito mais do que a matança do porco. Não precisavam de serem arrancados da cama,como acontecia muitas vezes, que eles bem cedo se levantavam por sua própria vontade. Nem tinham dormido como devia ser,só a pensar na festa que os esperava.
E assim, lá se postavam no sítio do costume,num vasto pátio ao ar livre. Viam chegar os cestos,daqueles para os cachos,cheios de marmelos.Viam cortá-los em pedaços,que eram lançados em caçarolas de cobre,a brilhar. Viam derramar litros e litros de mosto,trazido directamente da adega. Viam a lenha a arder,por baixo das caçarolas. Viam braços incansáveis a mexer e a remexer toda aquela massa olorosa.
Impacientes,não esperavam pelo fim. Eram eles os primeiros,a bem dizer,a provar aquele pitéu,arrriscando-se a queimarem as tenras bocas. Não queriam saber de avisos. O que eles queriam era apanhar os grandes desprevenidos,cortando-lhes as voltas.
Iam ter ao longo de meses muito com que se lambuzarem. Antes de partirem para a escola,nas manhãs frias,o arrobe encarregava-se de lhes dar energia para as brincadeiras intermináveis.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
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