sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A MODOS QUE MORTAL

Apetecia chamar-lhe nomes,nomes feios. Ali submetidos,atentos e obrigados,suspensos daquelas follhinhas,como estava escrito algures,daquelas folhinhas volantes. Mas seria isso uma injustiça das grandes,uma injustiça sem nome,de bradar mesmo aos céus,pois a culpa,se a havia,não era deles, certamente.
E logo eles,coitados,que mal ganhavam para as magras sopas,quando trabalhavam,e mal continuavam a ganhar,quando se dava o render do posto do fazer pela vida. Talvez lhes tivessem dito que ali e acolá o podiam fazer de graça,escusavam de os ir comprar. Nalguns desses sítios havia ainda livros e outras amenidades mais,pelo que passariam lá uns momentos bem passados. Livros? O que era isso? Sim, tinham ouvido falar,mas isso era para doutores. E passavam de largo.
Mas voltando às folhinhas. O que é que lhes adiantava lê-las? A eles,nada,porque na mesma ficavam ou pior. Mas adiantava,sim,a outrem. Parecia tudo isto um plano bem urdido,um plano inconfessável.
E saberiam eles,coitados,a distância que separava as suas pobres rendas das dos que eles idolatravam,desses,e não só? Sabendo e não reagindo,era isso sinal evidente de que o plano era um muito bem concebido. Seria a mente a visada,um golpe a modos que mortal.

Sem comentários: