quinta-feira, 14 de agosto de 2008

ÁGUA NA BOCA

Ali,naquela modesta pensão de aldeia,não se passava fome,diga-se a verdade. A variedade é que não era o seu forte. Sopas de pão,por sinal um rico pão,vindo da padaria,mesmo ali ao lado,carne de porco,ovos,bacalhau,e pouco mais. É para fazer crescer água na boca. Pois é. O pior era a teimosia da ementa. Não havia outra. Verdes,o que era isso? Batatas,só quando o rei fazia anos. Para quê,se ovos não faltavam. Quer dizer,proteínas,em vez de hidratos de carbono. Mas ali,naqueles recuados tempos,e naquele buraco,para ali perdido,no fim do mundo,sabia-se lá dessas químicas,dessas modernices. O essencial era encher o vazio do que quer que fosse. De resto,sem,talvez,o saber, os tais hidratos estavam bem representados pelo rico pão. Não seria preciso outro. Que não se davam nada mal com tal regime,estava ali o médico para o confirmar. Se não se tivesse lembrado de fazer outra coisa,estava bem arranjado. Tinha a sala quase sempre às moscas. Há realmente estrangeiros muito exigentes.

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