sexta-feira, 22 de agosto de 2008

LIXO

Talvez estivesse de férias,talvez lhe tivesse apetecido faltar ao trabalho,que o tempo estava para isso,talvez vivesse já dos rendimentos,enfim,um sem número de suposições.
O certo é que ele gastara naquele vasto jardim duas boas meias horas,parando ali,parando acolá. Não ia só. Acompanhava-o a mulher,por sinal,muito bem paramentada,em flagrante contraste com o seu boné de pala e o mais a condizer. Traziam, também ,um rebento,ainda de mama,no seu carrinho.
E a dada altura,surpresa aconteceu. Umas calças,daquelas de ganga,jaziam abandonadas e desordenadas num banco. Alguém as tinha deixado ali,não por esquecimento,mas por as ter enjeitado,que elas davam mostras de já terem cumprido a sua obrigação. Pois ele viu-as,e sem uma hesitação,pegou nelas para as examinar,muito em especial os bolsos. Lá concluiu que dali não levava nada,e,sem cerimónias,lançou-as ao chão,que aquilo não passava de lixo.
Ainda se pensou que era para se sentarem,que elas ocupavam grande parte do banco. Mas não. Lá continuou no seu giro,acompanhado da mulher,muito bem paramentada,como para uma festa,e do filhito,muito bem acondicionado no seu carrinho.

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