quarta-feira, 13 de agosto de 2008

CABO TORMENTOSO

Fora mesmo coisa de velho. Então não é que a meta dos oitenta lhe estivera parecendo como um cabo tormentoso,sem o complemento de boa esperança? Andara muito apreensivo e interrogara-se a cada passo. Seria capaz de o dobrar,e assim acontecendo,o que esconderia ele?
O tempo lá foi correndo,como,aliás,sempre sucedera,sem ele,nem outro qualquer,ainda que muito bem parecido,pusesse para ali prego ou estopa,e num dia,um dia como muitos outros,quase sem tirar nem pôr,lá pisou o risco,um risco invisível. Os últimos segundos foram vividos em grande expectativa. Só faltam três,só faltam dois,só falta um. Pronto,já estava. Oitenta já ele contava,sem ninguém os poder anular.
Afinal,nada de especial ocorrera. Continuava vivo. O corpo parecia o mesmo. Sentia-se pelo menos,pensava ,e aqui já tinha as suas dúvidas,logo parecia existir. De qualquer modo,existindo ou não existindo,era isso de somenos,as mazelas que se tinham instalado,lá continuavam,dispostas a ficar. As preocupações também não se queriam ir embora. Tudo,ou quase tudo,mais bem dito,como dantes.
O que admirava era como só naquela altura lhe dera para andar naquele desassossego,que só lhe faria mal. Tantas metas que ele já tinha cortado,a bem dizer,um sem número delas,metas todas diferentes,é certo,mas também com um sem número de elementos comuns. Fora mesmo coisa de velho,estava bem à vista.

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