terça-feira, 5 de agosto de 2008

TRABALHAR PARA O BONECO

Era um santo homem o senhor João. Coitado,já lá está,onde sempre quis estar,com DEUS. Muito ele sofreu,por causa das crianças. Era um homem sensível,desapegado,generoso. Não parecia ser,não deste mundo,mas,como ele, repetidamente,dizia, do mundo como o puseram.
Atribuía ele grandes culpas,para o que estava vendo,à religião,em geral,não a uma em particular,à religião. Dizia ele,para quem o queria ouvir,mas muito poucos o ouviam,talvez uma meia dúzia,se tanto,que na religião,e acentuava,na religião,há a crença em DEUS e há o ritual,a formalidade,o espectáculo,como ele também dizia. E este ritual,dizia ele,podia muito bem ser dispensado. Estava ali a mais,distraía do esssencial,a crença,mas uma crença com miolo,uma crença consequente. É porque não o sendo,não passava de uma brincadeira de mau gosto. Não se brincava com DEUS,como ele dizia.
Dizia ele também que o ritual era a tralha,que estava lá só para atrapalhar. Que DEUS passava bem sem ela,que até o incomodaria muito. Empregava,às vezes,outros termos como trapalhada,e outros assim. O que interessava,e premia a tecla vezes sem conta,era a crença,mas não uma de fachada,que não passava disso mesmo,uma crença faz de conta,para inglês ver,ou lá quem fosse,que,no momento,ia a passar.
E para ele,o que devia ser,não era nada complicado,mas uma coisa muito simples. Lá em cima,ou em baixo,tanto fazia,que isto de lá em cima não tem qualquer sentido,mas,como quer que seja,está DEUS,ISSO tinha ele a certeza. E era com DEUS que as pessoas se deviam entender,convencidos de que era um PAI muito simples. A ELE,DEUS,que lhe importava isto e mais aquilo,do tal ritual,da tal tralha,como ele dizia.ELE que é o SENHOR do mundo,do mundo que ELE fez,que devia pôr os homens e as mulheres de boca aberta,extasiados. DEUS é Senhor de TUDO,não precisa de mais nada. Se ELE tivesse precisão de mais alguma coisa,era de que os homens e as mulheres se entendessem,de uma vez para sempre. Porque se não for assim,é como se DEUS tivesse estado a trabalhar para o boneco. Ora isso seria muito,muito triste,de uma tristeza à escala de DEUS. Porque se trata de DEUS,uma PESSOA muito séria,que não trabalha para o boneco. E ELE bem o mostra. Basta olhar para uma criança,para uma flor,para os festivais de cor das árvores floridas,dum humilde loendro,branco,róseo,vermelho,ali num valado humilde,onde cantam os pasarinhos.
Em resumo,e voltando à vaca fria,o que ele quer é que as pessoas se entendam,sejam amigas uma das outras,que não tenham invejas,ciumeiras,essa outra tralha,que não está cá a fazer falta alguma,antes pelo contrário,como se tem visto,desde quase os dinossáurios,que as suas almas descansem em paz,que também têm direito a isso. É que as pessoas estão todas no mesmo barco,que precisa de todos eles,pois todos sabem fazer qualquer coisinha para que o barco não meta água. E metendo água,DEUS,e cá voltamos a ELE,tem de ser,é obrigatorio,anda a trabalhar para o boneco,e ELE não está para isso. Nem ELE,nem ninguém,no seu perfeito juízo. Ou será que a maluqueira atingiu as próprias crianças que são o melhor do mundo,no entender do Poeta?

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