Parecia ir haver grande festa naquela casa. Não seria,de facto, para menos. É que estavam para receber a visita de um casal muito amigo,quase da família,que já não viam há anos. Ficavam lá instalados. Ainda resistiram,que não queriam incomodar,que iam para um hotel. Era o que faltava. Nem pensar nisso. Os amigos não eram para as ocasiões? Tudo isto foi transmitido triunfalmente aos vizinhos. Estavam lá uma semana a bem dizer. Vinham a uma segunda e partiam no sábado seguinte.
O grande dia chegou. Aquilo foram abraços fortes,beijos demorados,mesmo quase lágrimas,que seriam de felicidade. Foram horas e horas a despejar os sacos das lembranças,a saberem deste e daquele.
O primeiro dia passou-se sem darem por isso. No terceiro dia,tinham os sacos vazios. Depois,depois,o que é que havia de acontecer? A dona da casa já não era nova. Era sobre ela que recaía a sobrecarga dos afazeres. Estava arrasada,em suma. E assim,na quinta,logo de manhã,não resistiu e avisou uma vizinha que eles já se iam embora no sábado. E avisou-a com satisfação igual,ou maior,à que tinha mostrado quando do anúncio do magno acontecimento.
Estaria farta,coitada,desejosa de os ver pelas costas. Livra,não mais cairia noutra,pelo menos,nos tempos mais próximos. Mais tarde,talvez,quem sabe. O alívio que foi por lá,quando tudo voltou à mesma.
domingo, 3 de agosto de 2008
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