Foram apenas quatro,ao todo,as que se dignaram mostrar,em média,uma por mês. Foi muito pouco,quase nada,mas não estiveram para mais. Deviam ser milhares,talvez milhões,as cobras daquele imenso e fresquinho vale.
A primeira,coitada,já estava de partida para outro mundo,para o descanso eterno. Logo o tractor lhe havia de passar por cima. Torcia-se,ali naquele chão que ela tão bem conhecia,mas quase já sem alma.
A segunda fora apanhada de surpresa. Já a gente não pode estar ao sol,teria pensado ela. Era o que estava fazendo no talude daquele apertado caminho de terra batida. Ainda levantou a cabeça, toda direita,olhem que eu estou aqui,mas só isso,que o jipe sumira-se,para não mais o ver. Uma aparição fugidia,não mais.
A terceira estaria muito longe de pensar que iria ter aquele encontro. A noite fechara-se e ela lá se preparava para ir à sua vida. Já estaria atrasada para o jantar. E quem lhe havia de aparecer numa altura daquelas? Nem mais,nem menos,do que uma fila de gente a palmilhar aquele caminho tão seu conhecido. Eram muitos para ela. E assim,era melhor voltar para casa,no fresquinho capim da margem do rio. E foi o que fez,ela muito assustada,e eles ainda mais.
A quarta não foi bem uma cobra,foi sim a sua imagem,pois dela só se viu o rasto,ali bem desenhado na tijolaria vermelha do alpendre da casa. O rasto terminava à porta. Devia ter entrado,pois havia apenas um. Estaria lá dentro, à espera. E naquele fim de tarde e naquela noite, não houve canto que ficasse por basculhar, vezes sem conta,mas a cobra desaparecera,como por encanto.
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