"Logo a abrir,apareces-me pousada sobre o Tejo como uma cidade de navegar.Não me admiro: sempre que me sinto em alturas de abranger o mundo, no pico dum miradouro ou sentado numa nuvem,vejo-te em cidade-nave,barca com ruas e jardins por dentro,e até a brisa que corre me sabe a sal. Há ondas de mar aberto desenhadas nas tuas calçadas; há âncoras, há sereias. O convés,em praça larga com uma rosa-dos-ventos bordada no empedrado,tem a comandá-lo duas colunas saídas das águas que fazem guarda de honra à partida para os oceanos. Ladeiam a proa ou figuram como tal,é a ideia que dão; um pouco atrás,está um rei-menino montado num cavalo verde a olhar,por entre elas,para o outro lado da Terra e a seus pés vêem-se nomes de navegadores e datas de descobrimentos anotados a basalto no terreiro batido pelo sol. Em frente é o rio que corre para os meridianos do paraíso. O tal Tejo de que falam os cronistas enlouquecidos,povoando-o de tritões a cavalo de golfinhos."
JOSÉ CARDOSO PIRES
Lisboa
Livro de Bordo
Publicações Dom Quixote
3ª edição 1998
domingo, 30 de novembro de 2008
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