quinta-feira, 13 de novembro de 2008

HUMILHADA

Parecia que ia dar tudo certo por uma vida inteira,de tão enamorados,mas ainda a cama estava quente,um modo de dizer,nasceu mais um desconcerto. E ali estava ela,de olhos congestionados,chorosos,e de cara com marcas recentes de maltratos ,de mão pesada,à mesa do café central lá da terra,acompanhada do marido,todo sorridente,como se aquilo tivesse sido obra do vizinho do lado.
A terra era pequena e quase tudo se sabia,sobretudo os desencontros. As conversas que se deviam ter nas outras mesas. Os olhares que se trocavam,os risos que afloravam,os sussurros que se adivinhavam.
Mas ela, coitada,uma jovem ainda,frágil,gentil,tinha de aguentar,pois o seu futuro estava ali,no emprego que arranjara,talvez com dificuldade. O dela e o do filho pequenino. Que o seu homem era muito capaz de um dia,porventura no seguinte , a deixar,sem mesmo lhe dizer adeus.
Causava profunda tristeza olhar para ela,enleada,humilhada. E causava ainda mais tristeza testemunhar a exploração que ali se fazia do seu caso. Era uma tristeza tão insuportável,que não dava para ali continuar. Era de fugir. Mas ela não podia. Ela tinha de ali permanecer.

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