sexta-feira, 21 de novembro de 2008

NO SILÊNCIO DA NOITE

Parecia ter sido uma noite de caça para esquecer. As horas que se tinham gasto,por aqueles montes,por aqueles vales,a alumiar a escuridão. Nada que merecesse a pena,à distância de tiro. Só pares de olhos,aqui e ali,de vários tamanhos e cores,lá muito longe. Uns pares de olhos bem fixos,como que presos daqueles raios para eles apontados.
Era melhor desistir e ir para a caminha,que o corpo já estava pedindo há muito. Ficaria para outra vez. E lá foram,como que derrotados,de regresso a casa. Mas ainda guardavam alguma esperança,podia ser que um golpe de sorte os visitasse.
Ora vamos parar aqui,um ponto alto,sobranceiro ao largo vale. Mais uma vez o foco de luz varreu a escuridão. E mesmo ali,quase a dois passos,deparou-se-lhes um grande par de olhos. Um tiro partiu,um tiro certeiro,um tiro fatal. E foi medonho ouvir-se,no silêncio da noite,o estertor de uma vida,que se foi apagando muito lentamente,talvez com saudades de a deixar. Era,de facto,para esquecer aquela noite de caça. Mas um que nela figurou,por mera curiosidade,nunca mais a esqueceu.

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