domingo, 30 de novembro de 2008

DE NINGUÉM

Não importa o sítio. Não era no cume de uma montanha imponente,não era no fundo de um vale edílico,não era no centro de uma planície imensa,não era em qualquer outro lugar assim. Era algures,por aí,num canto humilde.
Pois foi precisamente aí,nesse sítio simples,que,certo dia,um dia vulgar,surgiu uma imagem do Criador. Não se sabia de onde tinha vindo,quem a tinha feito,porque fora ali posta. O certo é que ela ali estava,como que interpelando,como querendo dizer qualquer coisa de muito importante. Talvez ali tivesse estado sempre,só que não se dera por ela.
O que mais fazia pensar quando para ela se olhava com olhos de ver, era a cabeça,mas o resto não lhe ficava atrás. O tronco era robusto,viril,tal um de lutador,daqueles das antigas arenas,os braços e as pernas eram musculosos,a indicar que o tronco tinha neles e nelas suportes da mesma força.
Mas era a cabeça,sem dúvida,que mais impressionava,sobretudo,a cara,de uma cor indefinida,de nenhuma cor,uma cara de ninguém. Era,pode dizer-se,uma cabeça-síntese,parecida com todas as cabeças,uma a uma,sem uma escapar.

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