domingo, 2 de novembro de 2008

UMA DESGRAÇA

Estava um frio de rachar e o estômago reclamava,desesperado. Teria de ser mesmo ali. Pois é. Só que não era o estômago a pagar. A conta iria ser puxada,mas podia ser que incluisse uma compensação. E foi o que aconteceu. Há horas de sorte.
Na mesa ao lado ,veio sentar-se uma figura pública,acompanhada da mulher. Tratava-se de uma personalidade de palavra fácil,tanto na falada, como na escrita. Pois ali não abriu bico,assim se pode dizer,e isso porque um amigo que o viera visitar não deixou. As coisas que o senhor sabia,de cá e de lá. Ainda que algumas fossem escaldantes,e talvez por isso,a sua voz não era de segredos. Parecia estar interessado em que toda a sala o ouvisse. A esposa do visitado,de vez em quando,metia a colherada,mas sem jeito nenhum. Queria mostrar que estava bem informada,mas saía-se quase sempre mal. Uma desgraça. Apsar das arremetidas frustradas,não desistia,para desespero,certamente, do consorte.
Não interessa aqui revelar a sabedoria do amigo,nem a ignorância da mulher. O que interessa é dizer do espanto ao ver que figura tão desenvolta a opinar publicamente,ali,naquela mesa e ocasião,guardasse um mutismo quase absoluto. Até se perdoa à esposa as observações infelizes,talvez envergonhada do comportamento do marido. Teria sido do frio?
Do que se ouvira,uma coisa vale a pena revelar. É que certa guerra só fora possível devido ao dinheiro proveniente de diamantes e de droga. O que não era muito para admirar. Quase todas as guerras,senão todas,têm suportes assim.
Em resumo. Pagou-se,de facto,uma conta calada,mas assistiu-se a um espectáculo de inexcedível valor.

Sem comentários: