terça-feira, 4 de novembro de 2008

O FUTURO

Nada nos pertence. O passado,o último segundo ou a última fracção dele,para ser mais exacto,já lá vai,deixou de ser nosso. O futuro,o próximo segundo ou a mínima fracção dele,também para ser mais exacto,foi-nos permitido vivê-lo,tantos são os factores,internos ou externos,de que depende. Não nos pertencia.
Logo que nascemos,começamos a desaparecer. Nada pusemos no nascimento,nada podemos fazer para não desaparecer. O que somos nós? Somos um ser a prazo,uma ilusão. Uma ilusão que se pode arrastar,mas que permanecerá como tal. Quer a interrompamos abruptamente,quer a deixemos desvanecer,naturalmente,com o tempo.
Uma ilusão,porém,que existe,que sente e pode sofrer,de mil e um sofrimento. Este,sim, no presente,uma ténue fronteira entre o passado e o futuro. Porque o sofrimento passado passou,e o sofrimento futuro não sabemos se virá. Podemos impedir que ele venha,mas nessa altura,quando ele desaparecer,já cá não estamos para o suportar. Começamos por sentir,no limite,a dor presente. Uma dor prolongada é uma dor futura. Continuaremos a sofrer,havendo futuro. Mas o futuro não nos pertence. A quem pertence?
Preocupa-nos o futuro. Uma preocupação dependente dum futuro,que não nos pertence. Se não houvesse futuro não havia lugar para preocupações. E quem nos garante que haja? Ninguém. Por isso não nos devíamos preocupar Só que o futuro pode ser uma fracção de segundo,um segundo,um minuto,um dia,um ano,dois,três,... Pode durar. E aqui reside a questão. Não sabemos quanto dura.
É angustiante o não se saber quanto dura um futuro. Só não o será se acreditarmos num DEUS,responsável pela Criação. E assim,sendo a responsabilidade dELE,em quem se acredita,apenas nos resta esperar que ELE faça de nós o que quiser. Mas enquanto esperamos,podemos sofrer. E aqui surge uma interrogação. Quererá ELE que se sofra? Porquê?E para quê? Só ELE pode responder. E enquanto ELE não nos der PESSOALMENTE a resposta,a angústia persiste. É humano e ELE compreende.

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