segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A MESADA

Recordava-a com saudade,mas também com gratidão. A sua acção fora determinante no arranque da sua vida profissional. A energia que ia ali naquele corpo baixinho,naquela cabeça de cara muito rosadinha. Só quem com ela convivesse é que dava conta do que ela era capaz.
Era a tradutora oficial lá da casa,mas não ganhava como tal. Coisas que acontecem quando os quadros são rígidos. E assim,fora contratada como auxiliar de laboratório.
Não era ela,pois,que lá mandava,mas tinha uma grande influência nos que mandavam. A sua vitalidade,a sua palvra fácil,desatada e rica,os seus muitos conhecimentos,de línguas,e não só,a sua cultura,haviam de lhe servir para alguma coisa.
Ele tinha sido admitido como tarefeiro. E chegara a altura de lhe fixarem a mesada. Estavam presentes ele,ela e o chefe. E o chefe lançara para a mesa uma quantia muito modesta. Ela não se contivera. Oh senhor chefe,isso nem dá para o moço mandar cantar um cego. Então,o que propõe?E ela lá disse o que lhe pareceu razoável. E o chefe aceitou e o moço ficou todo satisfeito.

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