Era para ter pena dele. Sempre curvado,cabisbaixo,parecia arrastar um fardo desmesurado. Uma estátua de desalento. Dera em engordar e o ventre dava bem nas vistas,de tão projectado,quase a estoirar. Era isto,certamente,o resultado da vida que levava.
Tornara-se num devorador de telenovelas. Deitava-se tarde,para não perder uma sequer,e saía da cama já a manhã ia alta. Quase não se mexia.
Ainda lia,mas só jornais,à cata de sinais redentores. Eram eles,afinal,que o obrigavam a fazer algum exercício,mas um quase nada,pois bastava-lhe atravessar a rua para os comprar. Já lá ia o tempo em que eram deixados à porta de casa.
Belo tempo esse,de que tinha imensas saudades. Dava gosto viver,mas depois passara a ser uma sensaboria,um fastio. Ele não era um Creso,mas não estava nada mal. Os teres abundavam,aqui e ali. Alguns até tinham mudado de dono,mas muito valorizados.
Coisa muito estranha,pois,aquela do seu estar. Que mal seria o dele? E assim se manteve,sem nunca o revelar.
domingo, 28 de setembro de 2008
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