sexta-feira, 12 de setembro de 2008

PAI AMOROSO

Os anos que já lá iam,mas o desagrado que tinha colhido por certos gestos perdurava ainda. Parecia que o fogo o registara. Deviam ter sido acompanhados de palavras,mas essas levara-as o vento. Apenas ficara o aceno,o inclinar leviano da cabeça,o olhar.
Teria acontecido isso porque esperava de quem os produzira o melhor. Tê-lo-ia colocado lá num alto pedestal,onde estariam os puros,os imaculados,os santos. Considerá-lo-ia,em suma,perfeito.
Marcara-o,de maneira especial,o olhar. Julgava-o límpido. E encontrara nele sombras,como se tratasse de um qualquer,toldado pelos muitos problemas da vida. Ele também os teria,mas supunha que fossem de outra natureza e lhe dessem lampejos de pai amoroso. E isso é que não viu. Parecia um alguém,comum,trivial.
O momento não seria muito propício,por se tratar de uma circunstância mundana. Teria exigido demasiado e ele,afinal,era um homem. O certo é que o desagrado permaneceu,como marcado a fogo.

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