quarta-feira, 17 de setembro de 2008

TUDO DE GRAÇA

O velho casarão,agora restaurado e reconvertido,como que novinho em folha,lá está,bem visível,num ligeiro alto,fazendo contínuos apelos para nele se entrar e demorar,que o que se encontra lá dentro não é para deitar fora. São livros,muitos livros,e também jornais e revistas,para todos os gostos,que ali se podem ler ou levar para casa,tudo de graça,coisa que não é costume. Acompanhando os novos tempos,também lá se perfilam computadores,dispostos a abirem as janelas,debruçadas para o mundo.
Por perto,passam carros e carretas,e passa gente,e ,a dois curtos passos,há espaços ajardinados,onde se amontoa gente,jogando às cartas e falando de achaques,de futebol,de magras pensões,e questionando por tudo e por nada. Isto,dias a fio,sem interrupções.
Pois os apelos como que caem em saco roto. Quase se podem contar pelos dedos os que se tentam,tirando,é claro,jovens em começo de vida,por dever de ofício.
É uma grande pena que muitos daqueles que estão da vida se despedindo não aproveitem aquela dádiva. Seriam capazes até de espaçarem o adeus final,ao darem conta de que, para lá do seu acanhado mundo,muitos outros há.

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