segunda-feira, 31 de agosto de 2009
DIFICULDADES CRÓNICAS
Depois,naqueles recuadíssimos tempos,nem melhores,nem piores do que os que se seguiram,os mesmos,podia dizer-se,havia uns tantos que se entretinham a explorar as dificuldades do dia a dia,uma constante,afinal,afirmando querer acabar com elas ,de uma forma que só eles sabiam,mas convencendo apenas uma meia dúzia dos que as suportavam,cheios de paciência.
Uma vida inteira a bater sempre na mesma tecla,sem resultados,era para desanimar,e desistir. Mas consta que nunca lhes passou isso pela cabeça. Sentir-se-iam,assim,felizes. As dificuldades dos outros,crónicas pelos vistos,sempre seviam para alguma coisa,e que era entreter esses uns tantos.
Uma vida inteira a bater sempre na mesma tecla,sem resultados,era para desanimar,e desistir. Mas consta que nunca lhes passou isso pela cabeça. Sentir-se-iam,assim,felizes. As dificuldades dos outros,crónicas pelos vistos,sempre seviam para alguma coisa,e que era entreter esses uns tantos.
MAIS NINGUÉM
Chegada a altura dos entreténs,era ele sempre o escolhido,pois não havia melhor por ali. Dizia-se que,para aquela afinação sem par,andara lá no estrangeiro,lá longe,para além do mar,em escola especializada de entreténs,e outras coisas mais,que não vêem ao caso. Acontecera isso,quando ele ficara desempregado de longa duração,que nessa escola nada se pagava,e ainda tinham comida de borla.
Com o pendor natural que ele tinha para os entreténs,e com a tal aprendizagem lá no estrangeiro, para além do mar,sabia escolher muito bem os temas para deixar a audiência na melhor das disposições.
Mas não variava muito,de resto,com o propósito salutar de não cansar as cabeças dos presentes,que já andariam muito cansadas,por tudo e mais alguma coisa,o costume.
Os presentes,que eram quase sempre os mesmos,divertiam-se muito,ainda que ouvissem sempre a mesma coisa,mas achavam-lhe graça,o que não era para admirar,pois ele era muito gracioso,e ,ainda para mais,tinha passado lá pela tal escola,onde apuravam a graciosidade dos pupilos,mesmo que já tivessem muitos anos,o que vinha em abono dos métodos empregados,os melhores.
Mas de que se tratava? Eram coisas lá dele,muito dele,que só ele sabia,mais ninguém,que ele descobrira,o que só estava ao seu alcance,de mais ninguém.
Com o pendor natural que ele tinha para os entreténs,e com a tal aprendizagem lá no estrangeiro, para além do mar,sabia escolher muito bem os temas para deixar a audiência na melhor das disposições.
Mas não variava muito,de resto,com o propósito salutar de não cansar as cabeças dos presentes,que já andariam muito cansadas,por tudo e mais alguma coisa,o costume.
Os presentes,que eram quase sempre os mesmos,divertiam-se muito,ainda que ouvissem sempre a mesma coisa,mas achavam-lhe graça,o que não era para admirar,pois ele era muito gracioso,e ,ainda para mais,tinha passado lá pela tal escola,onde apuravam a graciosidade dos pupilos,mesmo que já tivessem muitos anos,o que vinha em abono dos métodos empregados,os melhores.
Mas de que se tratava? Eram coisas lá dele,muito dele,que só ele sabia,mais ninguém,que ele descobrira,o que só estava ao seu alcance,de mais ninguém.
UM MONTE DE CINZA
Ele tinha estado lá,nesse mundo novo,para além de montanhas altas. Era uma terra de convívio feliz,de eterna juventude,onde não se ia desta para melhor,que melhor não havia.
Deslumbrara-o,de início,mas depois,vendo desenrolar aquela monotonia de vida,assaltara-o umas fortes saudades do seu mundo,do seu velhíssimo mundo,e não resistiu,a ele regressando.
Trouxera consigo uma companheira,que ele tinha desencaminhado,e que chegara lá muito antes,mas que se mantivera sempre jovem e bela. E assim se conservaria se lá tivesse permanecido. Mas ao contacto com aquele outro mundo,um mundo muito velho,já teria desaparecido,e foi o que aconteceu.
No sítio onde a tinha deixado,por uns momentos,só um monte de cinza se via.
Uma lembrança possível de Horizonte Perdido,de James Hilton
Deslumbrara-o,de início,mas depois,vendo desenrolar aquela monotonia de vida,assaltara-o umas fortes saudades do seu mundo,do seu velhíssimo mundo,e não resistiu,a ele regressando.
Trouxera consigo uma companheira,que ele tinha desencaminhado,e que chegara lá muito antes,mas que se mantivera sempre jovem e bela. E assim se conservaria se lá tivesse permanecido. Mas ao contacto com aquele outro mundo,um mundo muito velho,já teria desaparecido,e foi o que aconteceu.
No sítio onde a tinha deixado,por uns momentos,só um monte de cinza se via.
Uma lembrança possível de Horizonte Perdido,de James Hilton
PITARANHA
"Mais adiante,à esq.,o lugarejo de Pitaranha,entre penhascos de difícil acesso,e curioso,como os Cabeçudos,pelo aspecto primitivo das habitações. Cónicas,
mesquinhas,cobertas de colmo ou giestas,lembram palhotas....Segundo uma anedota célebre,Pitaranha foi elevada á categoria de cidade na imaginação ardente de aquele general espanhol que,ao escrever para Madrid,em 1642,a tomada que fizera do lugarejo,avantajadamente engrandecera o insignificante sucesso,dizendo haver tomado "la grand ciudad de Pitaranha"...".
RAUL PROENÇA
Guia de Portugal 2º Volume p.414
Bbiblioteca Nacional de Lisboa
1927
mesquinhas,cobertas de colmo ou giestas,lembram palhotas....Segundo uma anedota célebre,Pitaranha foi elevada á categoria de cidade na imaginação ardente de aquele general espanhol que,ao escrever para Madrid,em 1642,a tomada que fizera do lugarejo,avantajadamente engrandecera o insignificante sucesso,dizendo haver tomado "la grand ciudad de Pitaranha"...".
RAUL PROENÇA
Guia de Portugal 2º Volume p.414
Bbiblioteca Nacional de Lisboa
1927
domingo, 30 de agosto de 2009
THE MOUNT EVEREST AGAIN
http://www.flickr.com/photos/freakstreet/120786914/sizes/l/http://www.flickr.com/photos/dalaimages/603209272/sizes/o/http://www.flickr.com/photos/unitopia/3089010125/sizes/o/http://www.flickr.com/photos/tubby/320133536/sizes/l/http://www.flickr.com/photos/jarikir/152091952/sizes/l/http://www.flickr.com/photos/pamilne/2381065622/sizes/l/
REACÇÕES DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO
Reacções de larga presença. Reacções de transferência de electrões,que implicam simultaneidade de um agente oxidante e de um agente redutor. O agente oxidante capta electrões,o redutor liberta-os.
No caso das oxidações,pode haver perda de oxigénio,ou ganho de hidrogénio. No caso das reduções,ao contrário,pode haver ganho de oxigénio,ou perda de hidrogénio.
Mas em cada um destes dois casos há sempre transferência de electrões,a pedra de toque destas reacções de oxidação-redução.
Fazem parte dos oxidantes os muito falados radicais livres,e dos redutores as vitaminas C e E, e os polifenóis.
No caso das oxidações,pode haver perda de oxigénio,ou ganho de hidrogénio. No caso das reduções,ao contrário,pode haver ganho de oxigénio,ou perda de hidrogénio.
Mas em cada um destes dois casos há sempre transferência de electrões,a pedra de toque destas reacções de oxidação-redução.
Fazem parte dos oxidantes os muito falados radicais livres,e dos redutores as vitaminas C e E, e os polifenóis.
A ESCALDAR
Parecia estarem combinados. Ainda na véspera se tinham cruzado,pela vez primeira,e ali estavam ,de novo, frente a frente. O ar dele,coitado. Teria encontrado a porta fechada,e viria de barriga a pedir que a enchessem.
Numa primeira reacção do outro,recebeu apenas uma saudação. Mas não demorou este a emendar. Saudações não matam a fome. Olhe lá,onde tem aí um bolso? Obrigado. O tom deste obrigado era de fazer chorar as pedras da calçada,naquele caso,mais exacto,o asfalto a escaldar.
É claro que o gesto do outro ficara-se por ali,uma coisa avulsa. Momentos sem continuidade,de não resolução. E era disso que se precisava,que tarda,sem resposta capaz à vista.
Numa primeira reacção do outro,recebeu apenas uma saudação. Mas não demorou este a emendar. Saudações não matam a fome. Olhe lá,onde tem aí um bolso? Obrigado. O tom deste obrigado era de fazer chorar as pedras da calçada,naquele caso,mais exacto,o asfalto a escaldar.
É claro que o gesto do outro ficara-se por ali,uma coisa avulsa. Momentos sem continuidade,de não resolução. E era disso que se precisava,que tarda,sem resposta capaz à vista.
VALORES
Havia direitos humanos universais. Mas também havia direitos individuais,direitos familiares,direitos nacionais,e também de Estado,direitos internacionais. Havia tudo isso.
E estava-se mesmo a ver que, com tantos direitos,os tais universais podiam vir a passar uns muito maus bocados.
E, no meio de tudo isso, onde paravam os valores,em particular,os tais valores de que alguns se faziam seus defensores,muito respeitadores?
E estava-se mesmo a ver que, com tantos direitos,os tais universais podiam vir a passar uns muito maus bocados.
E, no meio de tudo isso, onde paravam os valores,em particular,os tais valores de que alguns se faziam seus defensores,muito respeitadores?
LUGARES CIMEIROS
Compreendia-se muito bem o desinteresse de alguns por certas coisas que a muitos interessava. É que se sentiam inteiramente satisfeitos com o dinheirinho acumulado,com a posição social adquirida,com a obra realizada.
Para quê,pois,ligar a essas coisas que entretinham as massas,se eles estavam cheios de uma outra massa,se eles moravam lá nos altos cumes?
Gastassem lá o seu tempo como entendessem esses que andavam lá por baixo,que eles tinham mais que fazer,e que era acautelar o dinheirinho seu,que lhes tinha custado muito a ganhar,e que era recordar o muito que tinham sido,e ainda eram,e ,também, o muito que tinham feito,mas isso era o menos,que o mais importante era o dinheirinho,e vamos lá,os tais lugares cimeiros por onde tinham circulado.
Para quê,pois,ligar a essas coisas que entretinham as massas,se eles estavam cheios de uma outra massa,se eles moravam lá nos altos cumes?
Gastassem lá o seu tempo como entendessem esses que andavam lá por baixo,que eles tinham mais que fazer,e que era acautelar o dinheirinho seu,que lhes tinha custado muito a ganhar,e que era recordar o muito que tinham sido,e ainda eram,e ,também, o muito que tinham feito,mas isso era o menos,que o mais importante era o dinheirinho,e vamos lá,os tais lugares cimeiros por onde tinham circulado.
sábado, 29 de agosto de 2009
BRINCADEIRA SEM SENTIDO
Quando se afirma a não existência de uma coisa, porque se perde tempo com ela? É como gastar cera com ruins defuntos. É um desperdiçar de tempo,de energias. É um malhar em ferro frio. É um faz que anda mas não anda. É um atentar contra moinhos de vento. É um atirar setas a fantasmas. É uma brincadeira sem sentido.
TAL CATÁSTROFE
"Bradam aos céus as carências que por aí vão,por esses muitos cantos do mundo. Muitos falam disso,muito contristados,e até dão mostras de as querer mitigar,senão com elas acabar,hasteando bandeiras."
E é de se ficar muito admirado quando se vê na linha da frente do combate a essas carências quem,aparentemente,só se lembra disso quando estão em causa posições para decidir sobre rumos futuros.
Será que os move o querer esbater,ou mesmo anular,essa situação triste,de uma teimosa permanência de incontáveis casos de falta de meios para uma decente vida? Ou será que receiem virem a faltarem-lhes os meios,tomadas as medidas que urgem,para manter a abundância a que estavam habituados?
E então,estando lá,a mexer os cordelinhos,irão actuar de maneira a evitar tal catástrofe.
E é de se ficar muito admirado quando se vê na linha da frente do combate a essas carências quem,aparentemente,só se lembra disso quando estão em causa posições para decidir sobre rumos futuros.
Será que os move o querer esbater,ou mesmo anular,essa situação triste,de uma teimosa permanência de incontáveis casos de falta de meios para uma decente vida? Ou será que receiem virem a faltarem-lhes os meios,tomadas as medidas que urgem,para manter a abundância a que estavam habituados?
E então,estando lá,a mexer os cordelinhos,irão actuar de maneira a evitar tal catástrofe.
SANS PEUR ET SANS REPROCHE
Ai que medo. Para já,ele não tem medo,era o que faltava. O medo que iria por lá. Medo do escuro,dos bichos maus,dos frios,dos raios,das trovoadas,da fome. Quem tem medo,compra um cão. É o medo que guarda a vinha,e não o vinhateiro. Sans peur et sans reproche. Quem tem o que toda a gente tem,tem medo. Com medo. Ganhar medo. É de ter medo. O general sem medo. Medo de morrer. Medo?,o que é isso? Afinal,o que ele tem é medo,o resto são cantigas.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
NOTABILÍSSIMA FIGURA
É para muito admirar a sua coragem. Saído de uma grave doença,e cada vez mais próximo da hora da partida para sempre,continua a negar a existência de Deus. Está no seu pleno direito,é livre de o pensar.
É respeitado,muito justamente, em vários cantos do mundo,por muita gente,pela obra que tem produzido. Para além do valor dela,é essa obra prova clara de que tem trabalhado,ganhando o seu pão com o suor do seu rosto.
Queira Deus que as suas repetidas negações públicas não sejam o resultado de se julgar um produto da sua inteira lavra,ou da sua ascendência,ou de quantos contribuíram para ele ser a notabilíssima figura que é,mas nunca por nunca,também de Deus,ou, ainda menos,só de Deus Criador.
É respeitado,muito justamente, em vários cantos do mundo,por muita gente,pela obra que tem produzido. Para além do valor dela,é essa obra prova clara de que tem trabalhado,ganhando o seu pão com o suor do seu rosto.
Queira Deus que as suas repetidas negações públicas não sejam o resultado de se julgar um produto da sua inteira lavra,ou da sua ascendência,ou de quantos contribuíram para ele ser a notabilíssima figura que é,mas nunca por nunca,também de Deus,ou, ainda menos,só de Deus Criador.
STRUCTURE OF A MOLECULE
Science 28 August 2009:Vol. 325. no. 5944, pp. 1110 - 1114DOI: 10.1126/science.1176210
Reports
The Chemical Structure of a Molecule Resolved by Atomic Force MicroscopyLeo Gross,1,* Fabian Mohn,1 Nikolaj Moll,1 Peter Liljeroth,1,2 Gerhard Meyer1
Resolving individual atoms has always been the ultimate goal of surface microscopy. The scanning tunneling microscope images atomic-scale features on surfaces, but resolving single atoms within an adsorbed molecule remains a great challenge because the tunneling current is primarily sensitive to the local electron density of states close to the Fermi level. We demonstrate imaging of molecules with unprecedented atomic resolution by probing the short-range chemical forces with use of noncontact atomic force microscopy. The key step is functionalizing the microscope’s tip apex with suitable, atomically well-defined terminations, such as CO molecules. Our experimental findings are corroborated by ab initio density functional theory calculations. Comparison with theory shows that Pauli repulsion is the source of the atomic resolution, whereas van der Waals and electrostatic forces only add a diffuse attractive background.
1 IBM Research, Zurich Research Laboratory, 8803 Rüschlikon, Switzerland.2 Debye Institute for Nanomaterials Science, Utrecht University, Post Office Box 80000, 3508 TA Utrecht, Netherlands.
Reports
The Chemical Structure of a Molecule Resolved by Atomic Force MicroscopyLeo Gross,1,* Fabian Mohn,1 Nikolaj Moll,1 Peter Liljeroth,1,2 Gerhard Meyer1
Resolving individual atoms has always been the ultimate goal of surface microscopy. The scanning tunneling microscope images atomic-scale features on surfaces, but resolving single atoms within an adsorbed molecule remains a great challenge because the tunneling current is primarily sensitive to the local electron density of states close to the Fermi level. We demonstrate imaging of molecules with unprecedented atomic resolution by probing the short-range chemical forces with use of noncontact atomic force microscopy. The key step is functionalizing the microscope’s tip apex with suitable, atomically well-defined terminations, such as CO molecules. Our experimental findings are corroborated by ab initio density functional theory calculations. Comparison with theory shows that Pauli repulsion is the source of the atomic resolution, whereas van der Waals and electrostatic forces only add a diffuse attractive background.
1 IBM Research, Zurich Research Laboratory, 8803 Rüschlikon, Switzerland.2 Debye Institute for Nanomaterials Science, Utrecht University, Post Office Box 80000, 3508 TA Utrecht, Netherlands.
PARA SEMPRE
Ele era um Zé Ninguém,ele dizia que,ainda que tivesse nascido com apenas um tudo nada de compreensão,de que não tinha culpa,estava mais que sabido,não sendo,portanto,filósofo,cientista,escritor,o que se quisesse do melhor,como muitos que tinha havido,e havia,não compreendia como é que alguém,sobretudo,um desses filósofos,cientistas,escritores de primeira linha,se atrevesse a negar a existência de um Criador.
E isso,perante a grandeza,a complexidade,a beleza da Criação. E isso, porque ele não se fizera,sendo,portanto,um ser casual,fruto de outras casualidades. Viera ao mundo,simplesmente,como podia ter lá ficado,não se sabia onde,e como.
Ele não compreendia como era isso possível,essa redonda negação. Ele,com o seu um tudo nada de compreensão,não podia provar a existência desse Criador,era bem certo,mas não se atrevia a afirmar a sua não existência.
Ele admitia que para a não existência havia algumas indicações ,certamente
fortes,como a aparente impassividade diante das muitas desgraças de todos os dias,desde sempre,assim se podia dizer,para mais,muitas vezes,por via de crentes no Criador,uma clamorosa contradição.
Mas isso,no seu um tudo nada de compreensão,não adiantava,pela razão simples de não se saber quem era esse Criador,o que é que Ele pensava,que ideia tinha Ele. Que ideia tinha Ele do homem,se o homem não era para Ele mais do que um outro ser qualquer.
O que ele sentia,um Zé Ninguém,com o seu um tudo nada de compreensão, era ser parte de uma Obra Imensa,atravancada de coisas,milhões e milhões delas,que eram planetas,estrelas,galáxias,buracos escuros,matéria
escura,um sem fim de coisas,a muitos anos de luz umas das outras.
Era ele um Zé Ninguém,e também quase assim um desses filósofos,cientistas,
escritores,ainda que de primeira linha. A propósito de cientistas,ele,um Zé Ninguém,estava-lhes muito agradecido, por não se cansarem de vasculhar a Obra do Criador. Que eles nunca se cansassem era o que ele mais desejava,escusado seria acrescentar.
Depois,voltando às muitas desgraças que tinham acontecido,que estavam a acontecer,e com muita cara de assim continuarem a acontecer,ele,com o seu um tudo nada de compreensão,só via uma saída para lhes pôr um ponto final,de vez,que, para amostra, já chegavam.
Que o Criador,condoído, entristecido,interviesse,para não ter de chegar à conclusão de que "tinha andado a trabalhar para o boneco",aqui na Terra,fazendo que os terrestres se entendessem,caindo nos braços uns dos outros,para sempre.
E isso,perante a grandeza,a complexidade,a beleza da Criação. E isso, porque ele não se fizera,sendo,portanto,um ser casual,fruto de outras casualidades. Viera ao mundo,simplesmente,como podia ter lá ficado,não se sabia onde,e como.
Ele não compreendia como era isso possível,essa redonda negação. Ele,com o seu um tudo nada de compreensão,não podia provar a existência desse Criador,era bem certo,mas não se atrevia a afirmar a sua não existência.
Ele admitia que para a não existência havia algumas indicações ,certamente
fortes,como a aparente impassividade diante das muitas desgraças de todos os dias,desde sempre,assim se podia dizer,para mais,muitas vezes,por via de crentes no Criador,uma clamorosa contradição.
Mas isso,no seu um tudo nada de compreensão,não adiantava,pela razão simples de não se saber quem era esse Criador,o que é que Ele pensava,que ideia tinha Ele. Que ideia tinha Ele do homem,se o homem não era para Ele mais do que um outro ser qualquer.
O que ele sentia,um Zé Ninguém,com o seu um tudo nada de compreensão, era ser parte de uma Obra Imensa,atravancada de coisas,milhões e milhões delas,que eram planetas,estrelas,galáxias,buracos escuros,matéria
escura,um sem fim de coisas,a muitos anos de luz umas das outras.
Era ele um Zé Ninguém,e também quase assim um desses filósofos,cientistas,
escritores,ainda que de primeira linha. A propósito de cientistas,ele,um Zé Ninguém,estava-lhes muito agradecido, por não se cansarem de vasculhar a Obra do Criador. Que eles nunca se cansassem era o que ele mais desejava,escusado seria acrescentar.
Depois,voltando às muitas desgraças que tinham acontecido,que estavam a acontecer,e com muita cara de assim continuarem a acontecer,ele,com o seu um tudo nada de compreensão,só via uma saída para lhes pôr um ponto final,de vez,que, para amostra, já chegavam.
Que o Criador,condoído, entristecido,interviesse,para não ter de chegar à conclusão de que "tinha andado a trabalhar para o boneco",aqui na Terra,fazendo que os terrestres se entendessem,caindo nos braços uns dos outros,para sempre.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
UMA SOPINHA
Estavam ali umas boas sombras,e ele sentara-se num dos bancos,ocupando-o quase todo. Teria mais de setenta,e o ar era de muito cansaço. A bengala a que se apoiava estava no chão.
Então, ainda andas por cá?,e mais não disse,que estaria com pressa. Que rico amigo você tem. Sim,conheço-o daí. Não é daqui,pois não? Não,vim de longe,mas abalei de lá há quase trinta anos.
Tirou o boné,e alisou o cabelo. Estaria a compor-se,que se estava a aproximar a hora de ir comer uma sopinha,uma sopinha dos pobres.
Então, ainda andas por cá?,e mais não disse,que estaria com pressa. Que rico amigo você tem. Sim,conheço-o daí. Não é daqui,pois não? Não,vim de longe,mas abalei de lá há quase trinta anos.
Tirou o boné,e alisou o cabelo. Estaria a compor-se,que se estava a aproximar a hora de ir comer uma sopinha,uma sopinha dos pobres.
RICE FIELDS - ARROZAIS
http://www.flickr.com/photos/kenmccown/1722134607/sizes/l/
http://www.flickr.com/photos/yumievriwan/2796724241/sizes/o/
http://www.flickr.com/photos/wwfint/3048095852/sizes/o/
http://www.flickr.com/photos/kamoda/504315112/sizes/o/
http://www.flickr.com/photos/carmelos-pictures/113906216/sizes/l/
http://www.flickr.com/photos/tamaki/2865952685/sizes/l/
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E OS HOMENS FIZERAM O VINHO...
E os homens fizeram o vinho… Galgaram montes, quebraram a rocha, fizeram a terra, levantaram muros, seleccionaram castas, plantaram videiras. Sofreram o oídio, a filoxera, o míldio e a maromba, recomeçaram tudo várias vezes. Sofreram o paludismo, as sezões, a pneumónica e a tuberculose. E recomeçaram.
Mandaram vir cepas americanas, enxertaram variedades rústicas, arranjaram remédios, o sulfato, o enxofre ou o bórax. Trataram das vides melhor do que as suas próprias vidas. Trataram das videiras como trataram dos filhos, as adegas como se fossem as suas casas. Podaram, enxertaram, cavaram, escavaram, redraram e nunca um desses trabalhos foi simples ou fácil. Encosta acima, foi sempre um calvário. Vindimaram a cantar, para esquecer o cansaço e os calores de quarenta graus. Levaram as uvas às costas, em cestos de quatro ou cinco arrobas, em sítios aonde não vão carros de bois, onde se desce para o precipício e se sobe para o inferno. À noite, pisaram uvas, cortaram lagaradas, horas a fio, num dos mais violentos trabalhos de toda a agricultura, que os álbuns de turismo ou os citadinos filhos de proprietários acham tão pitoresco, mas que só se aguenta porque é preciso viver, porque uma posta de bacalhau cru e um caneco de aguardente aquecem o corpo e porque as mulheres, em frente as lagares, aquecem as almas. Transportaram tudo à cabeça e ás costas, almudes de água-pé, canecos de água, vasilhas de aguardente; pedras e terra; esteios de ardósia, rolos de arame, cepas, cestos de uvas. Carregaram carros de bois, desceram os montes, entraram no rio, carregaram barcos rabelos, desceram o rio, conduziram o barco, descarregaram o barco, carregaram os vapores, voltaram ao rio, subiram o rio, levaram os rabelos à sirga, à corda, rio acima, no que deveriam ser as galeras do Douro. Foi este o homem do Douro. Foram os que morreram debaixo de rochas e de rodas, afogados no rio, abafados em tonéis, a tremer de febres e de paludismo, foram eles que acabaram o que a natureza apenas tinha começado.E fez-se o vinho, o vinho fez os homens e os homens fizeram o Douro.Entre todos esses homens, uns deixaram nome. Dois gingantes, os mais conhecidos, foram contemporâneos, ainda hoje se fala deles como se fossem nossos íntimos: o barão e a ferreirinha. In Douro - António Barreto
In http://www.dodouro.com/noticia.asp?idEdicao=211&id=11527&idSeccao=2305&Action=noticia
Mandaram vir cepas americanas, enxertaram variedades rústicas, arranjaram remédios, o sulfato, o enxofre ou o bórax. Trataram das vides melhor do que as suas próprias vidas. Trataram das videiras como trataram dos filhos, as adegas como se fossem as suas casas. Podaram, enxertaram, cavaram, escavaram, redraram e nunca um desses trabalhos foi simples ou fácil. Encosta acima, foi sempre um calvário. Vindimaram a cantar, para esquecer o cansaço e os calores de quarenta graus. Levaram as uvas às costas, em cestos de quatro ou cinco arrobas, em sítios aonde não vão carros de bois, onde se desce para o precipício e se sobe para o inferno. À noite, pisaram uvas, cortaram lagaradas, horas a fio, num dos mais violentos trabalhos de toda a agricultura, que os álbuns de turismo ou os citadinos filhos de proprietários acham tão pitoresco, mas que só se aguenta porque é preciso viver, porque uma posta de bacalhau cru e um caneco de aguardente aquecem o corpo e porque as mulheres, em frente as lagares, aquecem as almas. Transportaram tudo à cabeça e ás costas, almudes de água-pé, canecos de água, vasilhas de aguardente; pedras e terra; esteios de ardósia, rolos de arame, cepas, cestos de uvas. Carregaram carros de bois, desceram os montes, entraram no rio, carregaram barcos rabelos, desceram o rio, conduziram o barco, descarregaram o barco, carregaram os vapores, voltaram ao rio, subiram o rio, levaram os rabelos à sirga, à corda, rio acima, no que deveriam ser as galeras do Douro. Foi este o homem do Douro. Foram os que morreram debaixo de rochas e de rodas, afogados no rio, abafados em tonéis, a tremer de febres e de paludismo, foram eles que acabaram o que a natureza apenas tinha começado.E fez-se o vinho, o vinho fez os homens e os homens fizeram o Douro.Entre todos esses homens, uns deixaram nome. Dois gingantes, os mais conhecidos, foram contemporâneos, ainda hoje se fala deles como se fossem nossos íntimos: o barão e a ferreirinha. In Douro - António Barreto
In http://www.dodouro.com/noticia.asp?idEdicao=211&id=11527&idSeccao=2305&Action=noticia
TANTA CONTRADIÇÃO
Coitado dele,não compreendia muita coisa. Não tinha culpa,coitado,por tanta incompreensão,pois nascera já assim,pelo que não havia nada a fazer.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,levando uma vida ociosa,quando podiam trabalhar.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando passavam a vida a amealhar,a amealhar,a contar e a recontar o seu dinheirinho, ou dinheirão.
Não compreeendia como é que diziam acreditar em Deus,quando se vangloriavam com as qualidades que os adornavam,tendo elas lhes sido dadas.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando se afanavam a coscuvilhar o seu passado,no propósito de dar com um notável avô.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando gastavam as horas a cortar na casaca do vizinho do lado,ou da frente,ou de mais longe.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando não se importavam em amesquinhar,ridicularizar,explorar,dominar.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando só se sentiam bem a enumerar s suas muitas e altas amizades,as suas muitas e altas filiações.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando,mostrando-se convencidos de terem sido escolhidos,portanto,serem gente de confiança,de intimidade,estavam sempre preocupados com a sua segurança.
Tudo isso,parecia-lhe,indicava, claramente ,que não lhes chegava Deus,que ainda pretendiam mais,não sabia ele o quê,talvez o Sol,que a Lua era muito pouco.
Ele,coitado,não comprendia tudo isso,e também não compreendia como é que Deus não perdia a paciência com tanta contradição.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,levando uma vida ociosa,quando podiam trabalhar.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando passavam a vida a amealhar,a amealhar,a contar e a recontar o seu dinheirinho, ou dinheirão.
Não compreeendia como é que diziam acreditar em Deus,quando se vangloriavam com as qualidades que os adornavam,tendo elas lhes sido dadas.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando se afanavam a coscuvilhar o seu passado,no propósito de dar com um notável avô.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando gastavam as horas a cortar na casaca do vizinho do lado,ou da frente,ou de mais longe.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando não se importavam em amesquinhar,ridicularizar,explorar,dominar.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando só se sentiam bem a enumerar s suas muitas e altas amizades,as suas muitas e altas filiações.
Não compreendia como é que diziam acreditar em Deus,quando,mostrando-se convencidos de terem sido escolhidos,portanto,serem gente de confiança,de intimidade,estavam sempre preocupados com a sua segurança.
Tudo isso,parecia-lhe,indicava, claramente ,que não lhes chegava Deus,que ainda pretendiam mais,não sabia ele o quê,talvez o Sol,que a Lua era muito pouco.
Ele,coitado,não comprendia tudo isso,e também não compreendia como é que Deus não perdia a paciência com tanta contradição.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
CONTAS À VIDA
Ele lá continuaria a receber a magra pensão,e a fazer mais uns biscates para chegar ao que precisava. E,pelos vistos,chegar-lhe-ia,pois andava bem arranjadinho, com energias bastantes para cirandar por aquelas ruas. Até lhe dariam para alguns cigarritos,a não ser que os apanhasse do chão,como confessara uma vez,ainda que ele não fosse muito de fiar. É que, para ele ter escapado até ali,devia ter artes,ou seria isso quase um milagre,a atentar no quase nada a que se amparava.
Era um velhote parco de carnes,de barriga muito encolhida,com as calças prestes a cairem-lhe. Frio é que ele raramente teria,pois só lá de vez em quando é que reforçava a camisa. Da cabeça é que ele cuidava muito,cobrindo-a sempre com um chapéu tão velho como ele.Por vezes,era apanhado a falar consigo,talvez deitando contas à vida,e com pombos,que o conheceriam muito bem,por frequentarem os mesmos lugares,nas vizinhanças do mercado.
Estaria já conformado,pois quando mal,nunca pior,ou ,então,nascera já assim,acomodatício. Era prova disso o mostrar sempre boa disposição. Além das conversas com os pombos,com quem se dava muito bem,gostava,também,de observar a paisagem,sentando-se no degrau mais a jeito,ali mesmo sobre o espectáculo.Era capaz de não perder pitada.
Era um velhote parco de carnes,de barriga muito encolhida,com as calças prestes a cairem-lhe. Frio é que ele raramente teria,pois só lá de vez em quando é que reforçava a camisa. Da cabeça é que ele cuidava muito,cobrindo-a sempre com um chapéu tão velho como ele.Por vezes,era apanhado a falar consigo,talvez deitando contas à vida,e com pombos,que o conheceriam muito bem,por frequentarem os mesmos lugares,nas vizinhanças do mercado.
Estaria já conformado,pois quando mal,nunca pior,ou ,então,nascera já assim,acomodatício. Era prova disso o mostrar sempre boa disposição. Além das conversas com os pombos,com quem se dava muito bem,gostava,também,de observar a paisagem,sentando-se no degrau mais a jeito,ali mesmo sobre o espectáculo.Era capaz de não perder pitada.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
NÃO ERA NADA
Depois,havia uns pândegos,muito patriotas,daqueles que a pátria tratou muito bem,por serem,certamente,muito bons,irrepreensíveis,uns espelhos, onde todos se deviam mirar,que acabavam por se fazerem donos dela,com todas as benesses,e mais uns trocos.
Era assim tal como na pátria sagrada lá do soldadinho,daquele que tinha de abandonar os velhinhos pais para a ir servir lá longe,da pátria que ele tinha de amar acima de tudo,que era assim que lhe tinham ensinado,embora ele nunca a tivesse visto,mas,enfim,devia existir,caso contrário,não lhe haviam dito que existia,e que era a coisa mais importante para ele,porque, sem pátria,ele não era nada.
Tudo desculpavam aos patriotas lá das pátrias,desde que fosse para maior glória delas,mesmo as piores maroteiras,tendo-as feito certos de que era para seu bem,para o bem de todos lá delas. Mas não desculpavam as maroteiras que os patriotas doutras pátrias fizessem às deles.
Era assim tal como na pátria sagrada lá do soldadinho,daquele que tinha de abandonar os velhinhos pais para a ir servir lá longe,da pátria que ele tinha de amar acima de tudo,que era assim que lhe tinham ensinado,embora ele nunca a tivesse visto,mas,enfim,devia existir,caso contrário,não lhe haviam dito que existia,e que era a coisa mais importante para ele,porque, sem pátria,ele não era nada.
Tudo desculpavam aos patriotas lá das pátrias,desde que fosse para maior glória delas,mesmo as piores maroteiras,tendo-as feito certos de que era para seu bem,para o bem de todos lá delas. Mas não desculpavam as maroteiras que os patriotas doutras pátrias fizessem às deles.
ERAM ÚNICOS
Depois,havia uns que,pela maneira como falavam,como escreviam,ninguém teria motivos para os levar presos,um modo de dizer. Eram exemplares,eram únicos,melhores,só de encomenda.
Outros, eram isto e mais aquilo,uns larápios,uns sem vergonha,não se sabia como ainda não tinham sido engaiolados. Não se encontrava pior. Deviam passar uns largos tempos lá na cadeia,para aprenderem com os tais,os sem par.
E não se cansavam de falar,de dizer,como só eles sabiam,talvez por não darem conta,tão enamorados estavam de si mesmos,que já muito poucos os levavam a sério. Coitados,dera-lhes para ali,não havendo nada a fazer. De resto,era daquilo que viviam,por não saberem fazer outra coisa.
Já fora isso castigo,sabe-se lá de quem,que há coisas muito misteriosas. Se calhar,deles mesmos,vítimas de si mesmos,o que não era para admirar,porque eles tinham artes,eram únicos.
Outros, eram isto e mais aquilo,uns larápios,uns sem vergonha,não se sabia como ainda não tinham sido engaiolados. Não se encontrava pior. Deviam passar uns largos tempos lá na cadeia,para aprenderem com os tais,os sem par.
E não se cansavam de falar,de dizer,como só eles sabiam,talvez por não darem conta,tão enamorados estavam de si mesmos,que já muito poucos os levavam a sério. Coitados,dera-lhes para ali,não havendo nada a fazer. De resto,era daquilo que viviam,por não saberem fazer outra coisa.
Já fora isso castigo,sabe-se lá de quem,que há coisas muito misteriosas. Se calhar,deles mesmos,vítimas de si mesmos,o que não era para admirar,porque eles tinham artes,eram únicos.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
NO MEIO
O dizer que se cria em Deus podia ser um Fim,ou um Meio. Onde,na dúvida, se deveria ficar? Talvez no meio,onde se dizia que residia a Virtude.
DUAS CARAS
O crer em Deus tinha,pelo menos,duas caras. A cara de Dar,e a cara de Receber. Isso estava mais que dito,era só para lembrar.
ALGUMA COISINHA
Só uma coisa parecia interessar e que era a mudança. A mudança armada em varinha de condão. Mas onde é que já se vira isso? Não era isso,de facto,coisa nova.
Afinal,vivia-se de mudanças,para ficar tudo na mesma,ou quase,ou,às vezes,pior,o que não tinha graça nenhuma. E isso,porque,em geral,quem queria mudar,não era pelos bonitos olhos dos outros,mas sim para ver se recuperava alguma coisinha de jeito,se possível,com juros altos.
Afinal,vivia-se de mudanças,para ficar tudo na mesma,ou quase,ou,às vezes,pior,o que não tinha graça nenhuma. E isso,porque,em geral,quem queria mudar,não era pelos bonitos olhos dos outros,mas sim para ver se recuperava alguma coisinha de jeito,se possível,com juros altos.
domingo, 23 de agosto de 2009
SOIL NITRATE RETENTION
Soils containing positively charged surfaces will delay nitrate leaching, and current leaching models based on an assumption that WA soils only contain negative charge could result in unreliable nitrogen recommendations. This is likely to have an adverse impact on the grower's fertiliser use and profits. Both positive and negative charge occur in variable amounts on iron and aluminium oxide and kaolinite surfaces, depending on ambient soil solution pH and electrolyte concentration, and the amount of specifically bound anions such as phosphate held on their surfaces (Bolland et al. 1976; Bowden et al. 1977; Qafoku et al. 2004; Donn and Menzies 2005a, 2005b). These minerals are said to have variable charged surfaces, with positive charge density measured as anion exchange capacity (AEC) increasing at lower pH values and at higher electrolyte concentration. Positive charge retains the opposite nitrate charge electrostatically. This is referred to as nitrate retention or nitrate adsorption. Nitrate adsorption delays nitrate leaching. For example, field measurement on an acidic sandy kaolinitic soil with a small amount of goethite showed that nitrate leaching was delayed beyond that expected for a given amount of water. Nitrate leaching required 2.5 pore volumes (1 pore volume was in this case the drainable volume of water held by the soil at field capacity) of water for displacement (Wong et al. 1987). AEC increased from 0.2 to 0.8 [mmol.sub.c]/kg down this soil profile and only small AEC resulted in large delays (Wong et al. 1990a).
In http://findarticles.com/p/articles/mi_hb3364/is_1_47/ai_n31776266/
In http://findarticles.com/p/articles/mi_hb3364/is_1_47/ai_n31776266/
POTUGAL DOS PEQUENITOS,COIMBRA
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PONTE 25 DE ABRIL,LISBOA,PORTUGAL
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LARGO DO CARMO,LISBOA ,PORTUGAL
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VIDA
Como é possivel dizer que se crê em Deus,o Deus da Vida,e passe a vida em desavenças,em despiques,em lutas,em guerras? É caso para dizer que não crê mesmo em Deus,o Deus da Vida.
PARA FÉRIAS
Como é possível dizer que se crê em Deus,o Deus Criador de Isto Tudo,e sabendo da muita miséria que por aí vai,sem necessidade de a estar a descrever,vá para férias.
COMO É POSSÍVEL?
Como é possível,não crendo em Deus,crer que se pode endireitar o mundo,que tão torto está,como o esteve sempre? E crendo nisso,o diga só,sem dizer como,assim como para dizer alguma coisa,porque sabe ser isso uma coisa muito complicada.
Sabe que não está sozinho,que tem multidões à sua volta que se estão nas tintas,não só para a sua crença de não crer em Deus,como para outras crenças,sem Deus,ou com Deus nelas.
Mais ainda. Como é possível dizê-lo?,quando se parte de uma posição cimeira,
privilegiada,quando se nasceu bem contemplado,sem para isso ter metido prego ou estopa,um modo de dizer,qual um Super-Homem.
Mais ainda,como é possível dizê-lo?,sabendo que um dia deixará este mundo no desespero,desamparado,rodeado de indiferença por todos os lados. Como é possível?
Sabe que não está sozinho,que tem multidões à sua volta que se estão nas tintas,não só para a sua crença de não crer em Deus,como para outras crenças,sem Deus,ou com Deus nelas.
Mais ainda. Como é possível dizê-lo?,quando se parte de uma posição cimeira,
privilegiada,quando se nasceu bem contemplado,sem para isso ter metido prego ou estopa,um modo de dizer,qual um Super-Homem.
Mais ainda,como é possível dizê-lo?,sabendo que um dia deixará este mundo no desespero,desamparado,rodeado de indiferença por todos os lados. Como é possível?
sábado, 22 de agosto de 2009
POLICIES FOR MANAGING CARBON RISKS
Science 21 August 2009:Vol. 325. no. 5943, pp. 949 - 950DOI: 10.1126/science.1177603
Energy and Technology Policies for Managing Carbon RiskAristides A. N. Patrinos1,* and Richard A. Bradley2
Despite some uncertainties, today's scientific and political consensus is that the level of global emissions of greenhouse gases (GHGs) needs to lead to atmospheric concentrations somewhere between 450 and 500 parts per million (ppm) (1) to avoid serious, if not catastrophic, effects on life and property. Achieving this goal poses some formidable challenges. There is inertia in the climate system (GHGs survive for generations), as well as in GHG-emitting capital investment. Furthermore, every economic sector and country emits. To meet these challenges, a broad range of actions will be required.
1 Synthetic Genomics Inc., Washington, DC 20024, USA.2 International Energy Agency, Paris, 75739, France.
Energy and Technology Policies for Managing Carbon RiskAristides A. N. Patrinos1,* and Richard A. Bradley2
Despite some uncertainties, today's scientific and political consensus is that the level of global emissions of greenhouse gases (GHGs) needs to lead to atmospheric concentrations somewhere between 450 and 500 parts per million (ppm) (1) to avoid serious, if not catastrophic, effects on life and property. Achieving this goal poses some formidable challenges. There is inertia in the climate system (GHGs survive for generations), as well as in GHG-emitting capital investment. Furthermore, every economic sector and country emits. To meet these challenges, a broad range of actions will be required.
1 Synthetic Genomics Inc., Washington, DC 20024, USA.2 International Energy Agency, Paris, 75739, France.
MUITO JEITINHO
Aquilo tinha a sua graça,ou outra coisa qualquer do género,que,para o que era,tanto fazia. É que ele dizia querer endireitar o mundo,a começar pelo seu,quando ele nunca soubera endireitar-se.
Assim,o que ele queria era outra coisa,mas não estava para o dizer. O que ele queria era endireitar-se a ele,que já não era sem tempo,e estava a ver o tempo passar muito depressa.
Para isso,precisava de que o encarregassem de endireitar o seu mundo. Quando chegasse a altura,ele trocaria o seu mundo por ele mesmo. Para isso,para trocar,mostrara ele sempre muito jeitinho.
Assim,o que ele queria era outra coisa,mas não estava para o dizer. O que ele queria era endireitar-se a ele,que já não era sem tempo,e estava a ver o tempo passar muito depressa.
Para isso,precisava de que o encarregassem de endireitar o seu mundo. Quando chegasse a altura,ele trocaria o seu mundo por ele mesmo. Para isso,para trocar,mostrara ele sempre muito jeitinho.
TODO O SENTIDO
Ele gostava tanto dos pobrezinhos que não os podia dispensar. É que deixando de os haver,a vida perdia todo o sentido. Com quem,depois,se iria entreter?
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
TORRE DE BELÉM,LISBOA,PORTUGAL
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AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES,LISBOA,PORTUGAL
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JARDIM DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA,LISBOA,PORTUGAL
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A CORRER
O que ele era amigo da vida,até comovia quando ele se punha a defendê-la. Chegava a vir para a rua lutar por ela,içando bandeira,bem na frente,na primeira linha,para que não houvesse dúvidas,e não se sabia mais o quê.
O que ele dizia para a defender. Do que ele seria capaz para a proteger,estivesse onde estivesse ela.
Tanta vida desamparada,tanta vida maltratada,tanta vida abandonada á sua sorte,ou azar,e ele sem acudir. Tivessem batido à porta,que ele não podia estar em todo o lado,que era o que ele mais desejava,mas não podia ser,com muita mágoa dele.
Mas para a outra vez,já se está avisado,bate-se-lhe à porta,que ele vai logo lá a correr.
O que ele dizia para a defender. Do que ele seria capaz para a proteger,estivesse onde estivesse ela.
Tanta vida desamparada,tanta vida maltratada,tanta vida abandonada á sua sorte,ou azar,e ele sem acudir. Tivessem batido à porta,que ele não podia estar em todo o lado,que era o que ele mais desejava,mas não podia ser,com muita mágoa dele.
Mas para a outra vez,já se está avisado,bate-se-lhe à porta,que ele vai logo lá a correr.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
FEEDLOTS CONTAMINATION
Concern is growing about contamination from dairy feedlots as an environmental point-source pollutant in groundwater. Large dairy herds concentrate organic waste in a relatively small land area. Wastewater from the dairy milking center, including wastes from the milking parlor and wash pens (urine, manure, feed solids, hoof dirt) and from the milk house (bulk tank rinse water and cleaning detergents) can be a threat both to groundwater and to surface water (2). The water use of a 100-cow free-stall operation can range from 100 to 1,000 gallons per day. Wastewater is typically collected in a settling lagoon until conditions are suitable for land application or until the liquid evaporates. Lagoons usually are lined with clay, concrete, or a synthetic material; in some cases they are unlined...
In http://www.questia.com/googleScholar.qst?docId=5002329252
In http://www.questia.com/googleScholar.qst?docId=5002329252
UM SORRISO
Ele andava muito triste por não ter dinheiro para dar,uma coisa que se visse. Supunha ele que dar seria dinheiro,ou o seu equivalente,não importa o quê.
Mas um dia,pôs-se a pensar. Que rico dia esse,que foi o começo de um tempo novo. Que rico,afinal,ele era,e nunca tinha dado por isso.
Pois não serão de valor alto,um sorriso,uma palavra amiga,uma atenção,gestos que vão escasseando,sobretudo,quando são os seus contrários os que inundando vão tudo quanto sítio é?
Mas um dia,pôs-se a pensar. Que rico dia esse,que foi o começo de um tempo novo. Que rico,afinal,ele era,e nunca tinha dado por isso.
Pois não serão de valor alto,um sorriso,uma palavra amiga,uma atenção,gestos que vão escasseando,sobretudo,quando são os seus contrários os que inundando vão tudo quanto sítio é?
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
ALASKA
http://www.flickr.com/photos/brucemckay/3275392807/sizes/o/
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http://www.flickr.com/photos/kruggg6/101019018/sizes/l/
http://www.flickr.com/photos/8810882@N03/3585778524/sizes/l/
http://www.flickr.com/photos/bwmullins/43615391/sizes/l/
http://www.flickr.com/photos/zeetzjones/479449102/sizes/l/
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ANTES
Uma nova etapa da corrida vinha aí. E a vitória iria para um de dois concorrentes,pelo que tinha ocorrido antes.
Constava que dois outros competidores tudo fariam para que a vitória não calhasse ao que tinha ganho antes.
Era isto uma grande novidade,pois uma coisa destas nunca tinha acontecido antes.
Constava que dois outros competidores tudo fariam para que a vitória não calhasse ao que tinha ganho antes.
Era isto uma grande novidade,pois uma coisa destas nunca tinha acontecido antes.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
UM SARILHO
O homem,ou o homemzinho,se se atender ao tamanho e à complexidade do Universo,trabalha,ou diverte-se,à escala. É,afinal,um escravo dela. À escala da família mais chegada,da família mais alargada,do clã,da tribo,da vizinhança,da rua,do bairro,da freguesia,do concelho,da província,do país,da nação,e pouco mais,por se estar a entrar num terreno difuso,cheio de sequelas de um longo e traumatizante passado, avesso a escalas.E não se tem saído disto,com pequenas,e frágeis,e fugidias variações. Tem sido mesmo uma pobre monotonia de uma só música,a do desacerto,a do desconcerto. Tem sido,mesmo,escala contra escala. Ora isto não tem levado a lado nenhum,antes pelo contrário. Há ,até, o risco,de,um dia,não haver lado,não porque seja só um,isso é que era bom,mas porque está lá o vazio,o silêncio,o nada.O que é que isto está a pedir,então? Está-se mesmo a ver,até uma criança que só pensa em brincar veria,se puxasse um poucochinho pela cabeçita. Mas o crescidinho,o homemzito,à escala do Universo,entenda-se,só pensa em continuar nas brincadeiras,sem pensar que se pode aleijar também,não só os outros com quem anda a reinar.Custaria muito parar para pensar? Nem pensar nisso,dirão alguns. Isso é o que eles queriam,para nos apanharem distraídos de outras coisas,tais como as brincadeiras do costume,que já se transformou,o costume,nalgum gene. Ele bate,bate,até que fura,neste caso,instala-se,muito bem instaladinho,ao lado dos outros,de origem ou lá o que é,e,depois,manda. E,depois,é um sarilho. Mas já se estava a variar.Mas pensar de outro modo,porque os muitos modos outros já experimentados,já tão velhos como o homem,não têm dado mesmo nada,ou melhor,têm dado isto que se está a ver. Uma tristeza. Tantas filosofias,tantos calhamaços,tantas teorias,tantos tratados. Têm dado Jardins Suspensos, Recantos de Mil e Uma Noites,Impérios,Pirâmides,Guerras por Tudo e por Nada,às vezes,por uma birra,por um acordar mal disposto,por ter dormido demasiado só para um dos lados,direito ou esquerdo.É uma historiazinha já muito sabida,até já aborrece. Isto só com o tal Homem Novo. Mas onde é que se já ouviu isto? Isto está mesmo a pedir uma transferência,pese embora alguns puristas da nossa praça. A propósito,há para aí umas cabecinhas que conseguem fazer saquinhos de plástico que apodrecem,ao contrário dos outros,que deram um grande jeito,mas que duram uma eternidade a dar pó. E o que acontece é que já há solos com um primeiro horizonte de plástico,é que já há inundações por entupimento dos drenos,já há lagos e porções muito apreciáveis dos oceanos de onde os pobres peixes foram expulsos. Mas o que é isto? Então não se estava a escrevinhar sobre...? Sobre quê?
VIDAS
Parecia aquilo um velório. Eram oito à mesa,uma mesa que deveria ser farta. Pelo menos,era de apetecer o que estava exposto,e que eles,pedindo-lhes,serviriam. Ali,á mesa,não se ouvia uma palavra. Talvez estivessem cansados,e mais cansaço os esperasse. Talvez estivessem fartos uns dos outros. Talvez estivessem com saudades das suas famílias,das suas terras,que alguns tinham vindo lá de muito longe.
Mas vontade de falar é que lhes não faltava,pois foi ver quem mais falava com um estranho que lhes aparecera,e que por eles se interessara,embora dele não lhes viesse uma maneira de se libertarem daquela sujeição,que era estarem ali horas e horas a atender este e aquele. Vidas.
Mas vontade de falar é que lhes não faltava,pois foi ver quem mais falava com um estranho que lhes aparecera,e que por eles se interessara,embora dele não lhes viesse uma maneira de se libertarem daquela sujeição,que era estarem ali horas e horas a atender este e aquele. Vidas.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
MOUNT EVEREST
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http://www.flickr.com/photos/dalaimages/603209272/sizes/o/
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http://www.flickr.com/photos/tubby/320133536/sizes/l/
http://www.flickr.com/photos/jarikir/152091952/sizes/l/
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O SONHO
Era aquele um canto muito desassosssegado,havendo para isso,pelo menos,uma razão e que era a de quem mandava lá não ir à bola com o seu equivalente de um dos cantos vizinhos,o seu maior inimigo,que ele tinha vários,e que eram,
precisamente,os que neles também mandavam.
Tendo ele sonhado que este seu maior inimigo se estava preparando para lhe invadir a casa,ou seja o seu cantinho,logo que acordou deu ordens para que se limpassem todas as armas que por lá houvessem,que ele estava decidido a dar-lhe a resposta devida,que era derrotá-lo,primeiro,e,depois,iria pensar.
Mas esse inimigo,afinal,não apareceu. E então,já que se tinha tido tanto trabalho a limpar as armas,aproveitou para fazer o que se impunha,e que era aparecer-lhe ele de modo a evitar que o sonho se repetisse.
precisamente,os que neles também mandavam.
Tendo ele sonhado que este seu maior inimigo se estava preparando para lhe invadir a casa,ou seja o seu cantinho,logo que acordou deu ordens para que se limpassem todas as armas que por lá houvessem,que ele estava decidido a dar-lhe a resposta devida,que era derrotá-lo,primeiro,e,depois,iria pensar.
Mas esse inimigo,afinal,não apareceu. E então,já que se tinha tido tanto trabalho a limpar as armas,aproveitou para fazer o que se impunha,e que era aparecer-lhe ele de modo a evitar que o sonho se repetisse.
domingo, 16 de agosto de 2009
DÚVIDA EXISTENCIAL
Naquele início de tarde,mais de uma dúzia de pedras da calçada já se não viam,por obra de um aterro que dava mostras de não se ficar por ali. E tudo isso pelo trabalho de uma numerosa e diligente família de formiguinhas,que estava construindo as suas instalações. Apenas fora deixado livre um corredor,via de saída e entrada no palácio.
Em toda aquela azáfama,havia,porém,uma coisa que destoava. É que,de vez em quando,uma ou outra obreira,em vez de descarregar o que lhe competia lá longe,fazia-o mesmo ali no corredor,ou por estar cansada,ou para se poupar. Aconteceria isso quando não havia testemunhas.
Quem lhes teria ensinado um tal proceder? Até formiguinhas se encostavam?De quem copiariam elas tal proceder ou estariam elas a dar maus exemplos? Dúvida imensa,dúvida existencial.
Em toda aquela azáfama,havia,porém,uma coisa que destoava. É que,de vez em quando,uma ou outra obreira,em vez de descarregar o que lhe competia lá longe,fazia-o mesmo ali no corredor,ou por estar cansada,ou para se poupar. Aconteceria isso quando não havia testemunhas.
Quem lhes teria ensinado um tal proceder? Até formiguinhas se encostavam?De quem copiariam elas tal proceder ou estariam elas a dar maus exemplos? Dúvida imensa,dúvida existencial.
sábado, 15 de agosto de 2009
UMA TRISTEZA
Aquilo parecia não ter explicação,tão abusivo era. O certo é que lhe dava para disfrutar um outro,um simples,diante de gente. Porque o faria? Era mesmo um caso de muito pensar.
É que ele tinha saído bem dotado,pelo que estava muito mais livre de ser ele,um dia,a vítima. E então,sendo assim,porque se comprazia,aproveitando a mínima oportunidade, para fazer passar um muito mau bocado um que não tinha sido tão bem contemplado?
O pobre,coitado,não lhe fazia sombra,nem mesmo se ele,ao contrário,o ajudasse. Então,porquê? Depois,as caras dos dois,no final de cada cena,
confrangiam. Uma tristeza,e um caso que se repete,neste,ou noutros moldes,exemplar.
É que ele tinha saído bem dotado,pelo que estava muito mais livre de ser ele,um dia,a vítima. E então,sendo assim,porque se comprazia,aproveitando a mínima oportunidade, para fazer passar um muito mau bocado um que não tinha sido tão bem contemplado?
O pobre,coitado,não lhe fazia sombra,nem mesmo se ele,ao contrário,o ajudasse. Então,porquê? Depois,as caras dos dois,no final de cada cena,
confrangiam. Uma tristeza,e um caso que se repete,neste,ou noutros moldes,exemplar.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
UM OUTRO
Por vezes,parecia-lhe ter vivido várias vidas. E isso por ter passado momentos que ele apelidava de difíceis,momentos por assim dizer,de certo,um exagero,
últimos,extremos. Em todos eles,figurou um carro.
Num deles,de repente,num cruzamento,como se tratasse de uma aparição,viera ,da sua esquerda, um jipão,à velocidade quase da luz. Numa reacção desesperada,tentou escapar ao embate,acelerando ao máximo. Tinha tudo cara de o ir fazer em vão,pois estava parado,aguardando luz verde. Ter-se-ia livrado por uma fracção mínima de segundo. Ainda sentiu não sabia o quê,
talvez o roçar de uma pena,uma carícia.
Num outro,foi uma enxurrada diluviana o mau da fita. Uma ponte fazia parte do caminho. Talvez tivesse sido ela a sua sorte,pois teria actuado como
descarregador. Mas antes,teria havido conversão de carro em barco,tal a altura da água.
De todas as vezes,tudo levava a crer que,terminada a aventura,deixara de ser ele,para ser um outro.
últimos,extremos. Em todos eles,figurou um carro.
Num deles,de repente,num cruzamento,como se tratasse de uma aparição,viera ,da sua esquerda, um jipão,à velocidade quase da luz. Numa reacção desesperada,tentou escapar ao embate,acelerando ao máximo. Tinha tudo cara de o ir fazer em vão,pois estava parado,aguardando luz verde. Ter-se-ia livrado por uma fracção mínima de segundo. Ainda sentiu não sabia o quê,
talvez o roçar de uma pena,uma carícia.
Num outro,foi uma enxurrada diluviana o mau da fita. Uma ponte fazia parte do caminho. Talvez tivesse sido ela a sua sorte,pois teria actuado como
descarregador. Mas antes,teria havido conversão de carro em barco,tal a altura da água.
De todas as vezes,tudo levava a crer que,terminada a aventura,deixara de ser ele,para ser um outro.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
ALMOST EVERYTHING
Who has lots of coins has almost everything. Who has lots of crude oil wells has almost everything also.
LEVEM TUDO
Aquilo é que eram uns tempos,que uns quererão esquecer,e outros lembrar com saudades. Tinha um pai de família a dispensa cheia,e a arca também. Mas poderia ser sol de pouca dura,como,por vezes,acontecia.
É que lhe podia invadir a casa,sem aviso prévio,um servidor de quem ali mandava mais. E lá ficava a dispensa vazia,e a arca também. E o motivo era um muito sério,pois o inimigo vinha aí a caminho.
Como é que haveria de ficar um pai de família? Muito agradecido,ainda,pois então,que o inimigo precisava de ser derrotado. Para isso, o exército que o enfrentasse não podia passar fome,está-se mesmo a ver porquê. Levem,levem tudo,e que a sorte nos favoreça.
É que lhe podia invadir a casa,sem aviso prévio,um servidor de quem ali mandava mais. E lá ficava a dispensa vazia,e a arca também. E o motivo era um muito sério,pois o inimigo vinha aí a caminho.
Como é que haveria de ficar um pai de família? Muito agradecido,ainda,pois então,que o inimigo precisava de ser derrotado. Para isso, o exército que o enfrentasse não podia passar fome,está-se mesmo a ver porquê. Levem,levem tudo,e que a sorte nos favoreça.
AMENIDADES
Ali perto,estava uma vacaria,um casarão de quinta grande,e um pouco mais além era o cercado onde as ovelhas vinham pernoitar. Não faltavam,pois,
moscas à mesa. Do tecto, pendiam ratoeiras para as prender,mas pobres delas que não davam conta do recado.
Queria isso dizer que eram refeições em que os braços não tinham descanso. Mas era uma luta desigual,pelo que o inimigo acabava sempre vencedor. Para compor o ramalhete,rondavam,também,por ali, febres,por vezes,bem visíveis em quem confeccionava as refeições. Escusado será lembrar uma constante presença,as formiguinhas de todos os tamanhos.
Tratava-se,afinal,das amenidades da vida no campo,ou seja,não há rosa sem senão. E assim,há que ter paciência,e esperar que rosas não acabem.
moscas à mesa. Do tecto, pendiam ratoeiras para as prender,mas pobres delas que não davam conta do recado.
Queria isso dizer que eram refeições em que os braços não tinham descanso. Mas era uma luta desigual,pelo que o inimigo acabava sempre vencedor. Para compor o ramalhete,rondavam,também,por ali, febres,por vezes,bem visíveis em quem confeccionava as refeições. Escusado será lembrar uma constante presença,as formiguinhas de todos os tamanhos.
Tratava-se,afinal,das amenidades da vida no campo,ou seja,não há rosa sem senão. E assim,há que ter paciência,e esperar que rosas não acabem.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
CORTES NAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO DE ESTUFA
Muitos países em desenvolvimento, como China e Índia, dizem que as nações ricas deveriam cortar as emissões em ao menos 40 por cento, sob argumento de que a evidência de mudança climática está cada vez mais forte, assim como o degelo no Ártico durante o verão. Pequenos países situados em ilhas, como Antígua e Barbuda, desejam cortes de ao menos 45 por cento.
In http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE57B0G420090812
In http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE57B0G420090812
UM MAU BOCADO
Aquele era um caso muito grave,mas parecia não haver nada a fazer,senão deixar andar,esperando que se não agravasse mais. É que acontecia o que era o costume,e que era o de andarem,ali,altos interesses. E quando tal sucedia estava a coisa resolvida por sua natureza,ou,melhor,estava a coisa sem ter ponta por onde se lhe pegar.
Era,afinal,o que,em tempos ainda mais recuados,se chamava uma questão de família,negócios de família,interesses de família. E enquanto familia houvesse,
era ela que mandava. Poderia invocar-se outras realidades,como uma família mais alargada,onde aquela se incluía,invocar valores,um termo que alguns
prezavam mais do que tudo,enfim,que era um caso humanitário,mas de nada
valia,porque havia os tais interesses,e quando os interesses de alguns estão
passando um mau bocado,está o caso arrumado,não há nada a fazer.
Era,afinal,o que,em tempos ainda mais recuados,se chamava uma questão de família,negócios de família,interesses de família. E enquanto familia houvesse,
era ela que mandava. Poderia invocar-se outras realidades,como uma família mais alargada,onde aquela se incluía,invocar valores,um termo que alguns
prezavam mais do que tudo,enfim,que era um caso humanitário,mas de nada
valia,porque havia os tais interesses,e quando os interesses de alguns estão
passando um mau bocado,está o caso arrumado,não há nada a fazer.
MUITO AGRADECIDOS
Ora,para que é que havia de se estar a ralar? Se não fosse ele a aproveitar,não demoraria logo outro a fazê-lo,que aquilo estava mesmo a pedi-las.
A ignorância que ia por lá era muita,do que ele não tinha culpa. Quer dizer,
aquela era mesm uma vinha à espera que a vindimassem,pois era uma pena que a uva se estivesse a estragar.
Coitados,para ali abandonados,como que entregues a si mesmos,sem saberem ler e escrever,e com meia dúzia de litros de vinho ainda por vender.
Então,aparecia ele. Reunia todos aqueles quase nadas e fazia figura de grande produtor. O pago não era por aí além,que ele também tinha as suas despesas. E os coitados ficavam-lhe ainda muito agradecidos,pois doutra maneira tinham de dar o vinho ou deitá-lo fora.
A ignorância que ia por lá era muita,do que ele não tinha culpa. Quer dizer,
aquela era mesm uma vinha à espera que a vindimassem,pois era uma pena que a uva se estivesse a estragar.
Coitados,para ali abandonados,como que entregues a si mesmos,sem saberem ler e escrever,e com meia dúzia de litros de vinho ainda por vender.
Então,aparecia ele. Reunia todos aqueles quase nadas e fazia figura de grande produtor. O pago não era por aí além,que ele também tinha as suas despesas. E os coitados ficavam-lhe ainda muito agradecidos,pois doutra maneira tinham de dar o vinho ou deitá-lo fora.
ELE ERA ASSIM
À vista de um pobrezinho,como que se lhe sangrava o coração. A vontade dele era ajudá-lo a valer,mas eram tantos. Quando falava com alguém de menor estatura,encolhia-se,de modo a ficarem os dois à mesma altura,pois não suportava o olhar de cima. Sempre que encontrava um conhecido,dava-lhe os parabéns pelo seu bom aspecto,ainda que ele estivesse com ar de ir desta para melhor. No contacto com gente de menos instrução,usava uma linguagem simples,de modo a descontraí-los. No caso de se tratar de sumidades,era como se o não fossem,embora isso,visivelmente,os desagradasse.Comprazia-se com as capacidades,morassem onde morassem,pois era delas que se poderia ter um melhor futuro para todos. Entristecia-se muito com a mentira,a hipocrisia,a arrogância,ficando com muita pena dos seus autores. Magoava-o as injustiças,
as prepotências,os alheamentos,as vinganças,os seguidismos,as violências,os fundamentalismos.
Ele era assim,não havia nada a fazer para o modificar. De resto,era assim que ele se sentia bem,ainda que dele se rissem.
as prepotências,os alheamentos,as vinganças,os seguidismos,as violências,os fundamentalismos.
Ele era assim,não havia nada a fazer para o modificar. De resto,era assim que ele se sentia bem,ainda que dele se rissem.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
A IDENTIDADE
Olha quem é,por aqui? Sabes,vim aqui ler umas coisas,para depois escrever um artigo para um jornal. Olha lá,mas isso em que estás interessado é,em boa verdade,química,e uma avançada. Será,mas, a mim, a química não me interessa,e disse-o,assim como que querendo mandar passear os que se interessavam.
Quer dizer,estar-se-ia nas tintas para o essencial. Iria,pois, assim, escrever umas coisas sobre uma coisa de que ele desconhecia a identidade.
Quer dizer,estar-se-ia nas tintas para o essencial. Iria,pois, assim, escrever umas coisas sobre uma coisa de que ele desconhecia a identidade.
GRANDE SÁBIO
A coisa era mesmo complicada. Podia dizer-se,sem exagero,que cada caso era um caso. Era assim,não havia nada a fazer,a não ser ter isso em consideração,
fugindo de respostas acabadas,prontas a servir.
É que o caso prendia-se com uma quantidade enorme de factores.Era quase como a cada cor seu paladar. Era o solo,com as suas vertentes químicas,físicas e biológicas,era a cultura,quando havia muitas,cada uma com a sua diversidade,
era o clima,com a sua variação.
Assim,estava-se mesmo a ver que cada caso era mesmo um caso,não podendo
haver generalizações,apressadas ou não. E quem dissesse o contrário,não saberia o que estava a dizer,ou então quereria enganar-se a si,ou outros,o que era bem pior.
É claro que não se podia ficar parado,havendo para isso o bom senso. E então,era de reunir todos os dados disponíveis,e avançar com uma receita,sob reserva,para que se não julgasse que ali não havia dúvidas.
E quando aparecesse alguém com uma mão cheia de certezas,fazendo uso de dados de experiência alheia,lá de fora,era de se lhe dizer ,sem hesitações, que não viesse para ali enganar as pessoas. É que era isso que constantemente sucedia,para se fazer passar por um grande sábio.
fugindo de respostas acabadas,prontas a servir.
É que o caso prendia-se com uma quantidade enorme de factores.Era quase como a cada cor seu paladar. Era o solo,com as suas vertentes químicas,físicas e biológicas,era a cultura,quando havia muitas,cada uma com a sua diversidade,
era o clima,com a sua variação.
Assim,estava-se mesmo a ver que cada caso era mesmo um caso,não podendo
haver generalizações,apressadas ou não. E quem dissesse o contrário,não saberia o que estava a dizer,ou então quereria enganar-se a si,ou outros,o que era bem pior.
É claro que não se podia ficar parado,havendo para isso o bom senso. E então,era de reunir todos os dados disponíveis,e avançar com uma receita,sob reserva,para que se não julgasse que ali não havia dúvidas.
E quando aparecesse alguém com uma mão cheia de certezas,fazendo uso de dados de experiência alheia,lá de fora,era de se lhe dizer ,sem hesitações, que não viesse para ali enganar as pessoas. É que era isso que constantemente sucedia,para se fazer passar por um grande sábio.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
COMO UM CARACOL
De vagar se vai ao longe. E ali ele,um homem de meia idade,muito magro,apoiado numa bengala,muito de vagar,como um caracol,muito tolhido,muito hirto,feito quase estátua,rumo não se sabia aonde. O que ele demorou para lá chegar,mas ia determinado.
Afinal,era uma caixa de multibanco. Mas para isso,teve ainda de subir uma meia dúzia de degraus,o que fez como tinha feito antes,muito devagarinho. E lá frente à caixa tudo se transformou,apenas com um senão. Retirou o que pediu como um qualquer,talvez até mais rápidamente,que aquilo,a bem dizer,foi chegar e andar. O senão, coitado, foi ele ter deixado cair a bengala. O tempo que ele demorou a apanhá-la.
Desceu os degraus muito lentamente,ainda mais lentamente,talvez com receio de cair,e lá regressou pelo mesmo caminho,sempre muito lentamente,como um caracol,muito hirto. Onde iria ele? Foi fazer o que todos têm de fazer para se manterem vivos,que é comer.
Afinal,era uma caixa de multibanco. Mas para isso,teve ainda de subir uma meia dúzia de degraus,o que fez como tinha feito antes,muito devagarinho. E lá frente à caixa tudo se transformou,apenas com um senão. Retirou o que pediu como um qualquer,talvez até mais rápidamente,que aquilo,a bem dizer,foi chegar e andar. O senão, coitado, foi ele ter deixado cair a bengala. O tempo que ele demorou a apanhá-la.
Desceu os degraus muito lentamente,ainda mais lentamente,talvez com receio de cair,e lá regressou pelo mesmo caminho,sempre muito lentamente,como um caracol,muito hirto. Onde iria ele? Foi fazer o que todos têm de fazer para se manterem vivos,que é comer.
ERA O QUE FALTAVA
Eram eles e elas,toda a gente,assim se podia dizer,realidades exclusivas. Não haveria termo mais adequado para as definir. Quer dizer,eram realidades que repeliam.
Para eles e elas,apenas contava uma coisa,e que era,sem tirar,nem pôr,eles e elas. Não queriam saber de mais ninguém. Era assim como se estivessem sós no mundo. Quer dizer,só se interessavam por si mesmos,por aquilo que lhes dizia
directamente respeito.
Eram assim,pois,realidades egoístas,preocupadas apenas com o que lhes desse satisfação,lucro. Quer dizer,eram realidades interesseiras. Perder tempo,gastar
palavras,atenções,com quem nada lhes trazia que se visse,que muito pesasse,era o que faltava.
Para eles e elas,apenas contava uma coisa,e que era,sem tirar,nem pôr,eles e elas. Não queriam saber de mais ninguém. Era assim como se estivessem sós no mundo. Quer dizer,só se interessavam por si mesmos,por aquilo que lhes dizia
directamente respeito.
Eram assim,pois,realidades egoístas,preocupadas apenas com o que lhes desse satisfação,lucro. Quer dizer,eram realidades interesseiras. Perder tempo,gastar
palavras,atenções,com quem nada lhes trazia que se visse,que muito pesasse,era o que faltava.
domingo, 9 de agosto de 2009
ISOPRENE FROM PLANTS
Isoprene is no minor player in atmospheric chemistry, Wennberg notes. "There is much more isoprene emitted to the atmosphere than all of the gases—gasoline, industrial chemicals—emitted by human activities, with the important exceptions of methane and carbon dioxide," he says. "And isoprene only comes from plants. They make hundreds of millions of tons of this chemical . . . for reasons that we still do not fully understand.
From http://www.sciencedaily.com/releases/2009/08/090806141518.htm
From http://www.sciencedaily.com/releases/2009/08/090806141518.htm
OITO OU OITENTA
Comprendia-se muito bem os exageros dele,quando já ia na rampa da descida. Amadurecera,aprendera com a vida,com os baldões dela,e com os muitos exemplos que presenciara.
Cometera fortes exageros lá no tempo da juventude,mas quem o não fizera? Que haveria outra coisa de fazer, se ele era um jovem impetuoso,extasiado com a descoberta,com a revelação? De resto,se não tivesse procedido como ele ainda muito bem se lembrava,seria marginalizado,posto de lado. Era a moda,tinha de a seguir.
Como que ficara marcado,manchado,sujo. Então,tinha de se desencardir,numa boa barrela. E foi um instalar-se bem em banda oposta,para que se visse,para que não restasse dúvidas de que ele deixara de ser o exagerado de outros tempos,de que ele não se queria lembrar.
Quer dizer,foi um passar por extremos,uma espécie de oito ou oitenta. Quer dizer,passara de um exagero para outro,parecendo não saber fazer outra coisa.
Cometera fortes exageros lá no tempo da juventude,mas quem o não fizera? Que haveria outra coisa de fazer, se ele era um jovem impetuoso,extasiado com a descoberta,com a revelação? De resto,se não tivesse procedido como ele ainda muito bem se lembrava,seria marginalizado,posto de lado. Era a moda,tinha de a seguir.
Como que ficara marcado,manchado,sujo. Então,tinha de se desencardir,numa boa barrela. E foi um instalar-se bem em banda oposta,para que se visse,para que não restasse dúvidas de que ele deixara de ser o exagerado de outros tempos,de que ele não se queria lembrar.
Quer dizer,foi um passar por extremos,uma espécie de oito ou oitenta. Quer dizer,passara de um exagero para outro,parecendo não saber fazer outra coisa.
TUDO EM MOEDAS
Eram três mulheres,com cara de serem da mesma família. Uma,cega,
muito cega,aí de uns cinquenta anos,vestida de escuro pesado,baixa,para o
encorpado,desenvolta,outra,de aparência mais nova,mas não muito,toda louçã,
de amarelo vivo,baixa também,roliça,a terceira,uma jovem ainda,alta,atlética,
voz forte,de amarelo mais vivo. A cega trazia a caixinha do seu muito peregrinar.
Tinham vindo à farmácia aviar uma receita. Eram alguns remédios,que a cega padecia de vários males,como se ficou a saber. Quem pagou foi a moça,tudo em
moedas.
muito cega,aí de uns cinquenta anos,vestida de escuro pesado,baixa,para o
encorpado,desenvolta,outra,de aparência mais nova,mas não muito,toda louçã,
de amarelo vivo,baixa também,roliça,a terceira,uma jovem ainda,alta,atlética,
voz forte,de amarelo mais vivo. A cega trazia a caixinha do seu muito peregrinar.
Tinham vindo à farmácia aviar uma receita. Eram alguns remédios,que a cega padecia de vários males,como se ficou a saber. Quem pagou foi a moça,tudo em
moedas.
sábado, 8 de agosto de 2009
AUTORES PORTUGUESES EM AUSTRALIAN LIBRARIES GATEWAY
TEÓFILO BRAGA - 93 (títulos)
CAMILO CASTELO BRANCO - 219
LUIS DE CAMÕES - 565
JAIME CORTESÃO - 72
ALEXANDRE HERCULANO - 75
FERNANDO PESSOA - 295
FERNÃO MENDES PINTO - 72
EÇA DE QUEIRÓS - 260
AQUILINO RIBEIRO - 56
JOSÉ SARAMAGO - 275
MIGUEL TORGA - 59
GIL VICENTE - 186
In http://librariesaustralia.nla.gov.au/apps/kss
CAMILO CASTELO BRANCO - 219
LUIS DE CAMÕES - 565
JAIME CORTESÃO - 72
ALEXANDRE HERCULANO - 75
FERNANDO PESSOA - 295
FERNÃO MENDES PINTO - 72
EÇA DE QUEIRÓS - 260
AQUILINO RIBEIRO - 56
JOSÉ SARAMAGO - 275
MIGUEL TORGA - 59
GIL VICENTE - 186
In http://librariesaustralia.nla.gov.au/apps/kss
DOIS CONJUNTOS
Era aquela uma terra muito estranha,podendo dizer-se que não haveria outra como ela. Nessa terra,a gente que lá fazia pela vida podia ser arrumada em dois conjuntos bem diferentes.
Num deles,aliás,o de menor dimensão,procurava-se fazer coisas achadas úteis. No outro,gastavam-se os dias a tentar desfazer o que feito estava,ou a impedir que coisas se fizessem.
Num deles,aliás,o de menor dimensão,procurava-se fazer coisas achadas úteis. No outro,gastavam-se os dias a tentar desfazer o que feito estava,ou a impedir que coisas se fizessem.
DE TRAZER POR CASA
Era ele uma figura a explorar,pois tinha várias pontas por onde lhes pegar,umas que estavam bem à vista,outras que ele ia fornecendo,quando lhe dava para abrir a boca.
No que se refere às visíveis,logo na linha da frente,marcava presença o olhar,um olhar de menino esperto,um olhar que via muito ao longe,antes de um
qualquer,mas,sobretudo,dum que lhe fizesse sombra,mas só coisas de muito do seu interesse,que as outras deixava-as para quem as quisesse apanhar.
Quanto às que ele ia libertando,aquilo tinha pouca variação,quer dizer,eram assim coisas de trazer por casa,ainda que não fossem para desprezar. Eram assim coisas de um chefe menor,mas coisas de muito trabalho,de muita dedicação,de gente esforçada,que não era,evidentemente,o caso dele.
No que se refere às visíveis,logo na linha da frente,marcava presença o olhar,um olhar de menino esperto,um olhar que via muito ao longe,antes de um
qualquer,mas,sobretudo,dum que lhe fizesse sombra,mas só coisas de muito do seu interesse,que as outras deixava-as para quem as quisesse apanhar.
Quanto às que ele ia libertando,aquilo tinha pouca variação,quer dizer,eram assim coisas de trazer por casa,ainda que não fossem para desprezar. Eram assim coisas de um chefe menor,mas coisas de muito trabalho,de muita dedicação,de gente esforçada,que não era,evidentemente,o caso dele.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
MALHAR SEM DESTINO
Ora a pobre da senhora,para o que lhe havia de dar. É que não podia com os que mandavam,pois faziam-lhe eles uma muito desagradável impressão. E assim,vá de os desancar, a torto e a direito.
É claro que havia muito sítio onde bater,no corpo,mas ,também ,nas ideias dele,que sempre teria algumas,de resto,o que mais desagrado lhe provocava. Nas ideias, não lhe dava jeito,não se sabendo porquê,por ela nunca o revelar,mas no corpo,sim,não mesmo nele,mas num figurado,assim como numa espécie de um boneco que o representava,uma caricatura dele. E aquilo era um malhar sem destino.
Depois deste desancar,ela,certamente,deveria ficar muito satisfeita,assim como ter o dia ganho,embora isso não se visse por ela saber muito bem disfarçar. Seria lá uma satisfação interior,lá muito dela. Mas seria uma satisfação volátil,porque quase nem se dava por ela. E a explicação era simples. É que ela,ainda não tinha terminado um bater,já estava a pensar no próximo,que não deveria tardar.
.
É claro que havia muito sítio onde bater,no corpo,mas ,também ,nas ideias dele,que sempre teria algumas,de resto,o que mais desagrado lhe provocava. Nas ideias, não lhe dava jeito,não se sabendo porquê,por ela nunca o revelar,mas no corpo,sim,não mesmo nele,mas num figurado,assim como numa espécie de um boneco que o representava,uma caricatura dele. E aquilo era um malhar sem destino.
Depois deste desancar,ela,certamente,deveria ficar muito satisfeita,assim como ter o dia ganho,embora isso não se visse por ela saber muito bem disfarçar. Seria lá uma satisfação interior,lá muito dela. Mas seria uma satisfação volátil,porque quase nem se dava por ela. E a explicação era simples. É que ela,ainda não tinha terminado um bater,já estava a pensar no próximo,que não deveria tardar.
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PLURAL E SINGULAR
Aquilo era sempre a mesma coisa,uma coisa que,a bem dizer, vinha lá dos alvores do mundo,da arrancada. Era sempre o querer ser o mais forte,mas sem a mais pequena dúvida,com o segundo no ser capaz a grande distância,quase se não vendo. E para quê? Para fazer o que lhe viesse à cabeça,ainda que se tratasse do maior disparate.
Às vezes, essa hora triste demorava a chegar,o que levava,na impaciência,a alianças,a dois,a três,ou a mais. Não era isso que se queria,mas sempre dava para algumas alegrias,de quem não se importava com as desgraças dos outros.
Mas vistas bem as coisas,sempre era melhor tratar-se dos assuntos no plural,
que no singular ainda seria maior a carga de infortúnios. É que isso de se julgar
singular poderia querer dizer que se julgariam deuses,o que seria uma grande calamidade.
Às vezes, essa hora triste demorava a chegar,o que levava,na impaciência,a alianças,a dois,a três,ou a mais. Não era isso que se queria,mas sempre dava para algumas alegrias,de quem não se importava com as desgraças dos outros.
Mas vistas bem as coisas,sempre era melhor tratar-se dos assuntos no plural,
que no singular ainda seria maior a carga de infortúnios. É que isso de se julgar
singular poderia querer dizer que se julgariam deuses,o que seria uma grande calamidade.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
CLIMATE CHANGE AND ENERGY
Key Message
By 2030, the world's energy needs are expected to be 50 per cent greater than today. At the same time, scientists are calling for a 25 per cent reduction in greenhouse gas emissions by 2050 to avoid serious changes in the Earth's climate system. Reconciling these demands while simultaneously adapting to the impacts of climate change is one of the fundamental challenges of the 21st century.
In http://www.iisd.org/climate/
By 2030, the world's energy needs are expected to be 50 per cent greater than today. At the same time, scientists are calling for a 25 per cent reduction in greenhouse gas emissions by 2050 to avoid serious changes in the Earth's climate system. Reconciling these demands while simultaneously adapting to the impacts of climate change is one of the fundamental challenges of the 21st century.
In http://www.iisd.org/climate/
CHINA AND THE MARKET
As the U.S. contemplates tighter regulation, China’s interest in commodities is accelerating, Rogers said. The world’s most populous country already accounts for about one- third of global copper usage. It also accounts for about one- sixth of wheat demand and one-fifth of soybeans, according to the U.S. Department of Agriculture.
“The three commodity exchanges in China are booming,” he said. “Dalian trades more soybean contracts than Chicago does already, and that’s with a blocked currency, a closed market. Can you imagine what’s going to happen if and when they open that market up to foreigners? It’s going to explode.
In http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20602013&sid=aZhDJrgFiaoE
“The three commodity exchanges in China are booming,” he said. “Dalian trades more soybean contracts than Chicago does already, and that’s with a blocked currency, a closed market. Can you imagine what’s going to happen if and when they open that market up to foreigners? It’s going to explode.
In http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20602013&sid=aZhDJrgFiaoE
ALGUMAS MIGALHAS
Aquilo não era mais do que o resultado da lei da acção das massas,a da matéria atrai matéria numa relação directa das massas,quer dizer,mais massas,maior atracção.
Coitados,quando neles se viam os bolsos vazios,quase ninguém se lhes chegava,como que repelidos. Ao contrário,quando os bolsos rebentavam pelas costuras,não havia cão nem gato que os deixasse sossegados,na esperança de algumas migalhas.
Coitados,quando neles se viam os bolsos vazios,quase ninguém se lhes chegava,como que repelidos. Ao contrário,quando os bolsos rebentavam pelas costuras,não havia cão nem gato que os deixasse sossegados,na esperança de algumas migalhas.
SER GENTE
Era de prever o que viria a acontecer com aquelas folhas dos rebentos da árvore,quer dizer,das folhas da base,do rés-do-chão. Tão depressa quiseram crecer,talvez no desejo incontido,dominador,não de imitar,que ideia,mas de ultrapassar as lá de cima,que estavam ali que nem pareciam as folhas bonitas de ainda há poucos dias.
Fora-se-lhes o viço,fora-se-lhes a leveza,fora-se-lhes a graça. E puseram-se grosseiras,àsperas,encarquilhadas,feias. Já nem dava gosto olhar para elas. E tudo por aquela mania de querer ser gente,logo no dia a seguir.
Fora-se-lhes o viço,fora-se-lhes a leveza,fora-se-lhes a graça. E puseram-se grosseiras,àsperas,encarquilhadas,feias. Já nem dava gosto olhar para elas. E tudo por aquela mania de querer ser gente,logo no dia a seguir.
ÁGUA PESADA
Quando os dois se encontravam era quase certo um deles lembrar-se do que lhe tinha acontecido com um professor. Vê lá tu que estive em riscos de não passar só por não saber o que era água pesada. E hoje, já sabes? Não. E lá lhe era explicado,uma vez mais,como se sabia,que água era aquela.
Quer dizer,ele lembrava-se sempre de uma coisa acontecida muito lá para trás no tempo,que ele de todo esquecera,mas que,pelos vistos,o afectara muito,mas não havia meio de se lembrar de uma outra ocorrida quase na véspera.
Quer dizer,ele lembrava-se sempre de uma coisa acontecida muito lá para trás no tempo,que ele de todo esquecera,mas que,pelos vistos,o afectara muito,mas não havia meio de se lembrar de uma outra ocorrida quase na véspera.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
CEPA TORTA
Não haveria canto daquele vasto mundo como aquele. O que por lá se passava,
só visto,que contado,ninguém,dum outro canto, acreditaria. Então,não era só de aproveitar o que cada um fazia,no entender,claro,desse cada um? Tudo quanto saísse de um outro qualquer,apenas lhe era reservado o caixote do lixo. Pobres dos esforçados zeladores do ambiente,que quase não sabiam de que terra eram,de tanto esvaziar os ditos caixotes.
Sendo assim,acontecia o que era de esperar,quer dizer,não se saía da cepa torta. É que,ainda mal uma coisa a fazer dera os primeiros passos,já estava a ser agarrada por todas as pontas, para se lhe apontar o caminho lá de fora. Eram assim,não havia nada a fazer.
só visto,que contado,ninguém,dum outro canto, acreditaria. Então,não era só de aproveitar o que cada um fazia,no entender,claro,desse cada um? Tudo quanto saísse de um outro qualquer,apenas lhe era reservado o caixote do lixo. Pobres dos esforçados zeladores do ambiente,que quase não sabiam de que terra eram,de tanto esvaziar os ditos caixotes.
Sendo assim,acontecia o que era de esperar,quer dizer,não se saía da cepa torta. É que,ainda mal uma coisa a fazer dera os primeiros passos,já estava a ser agarrada por todas as pontas, para se lhe apontar o caminho lá de fora. Eram assim,não havia nada a fazer.
MUITO POUCO
Era ele o chefe,o director,o dono,o patrão,o que se quiser,neste âmbito. A casa que ele dirigia estava lá num alto e a casa onde ele morava ficava lá em baixo. A unir as duas casas,havia,pelo menos,uma íngreme rampa.
Para lá chegar,à casa que orientava,dispensava todos os meios de transporte,
excepto as pernas com que tinha nascido. Fazia isso todos os dias,excepto os domingos,que os sábados,naqueles recuados tempos,também eram dias de
trabalho.
Constava que nesses dias de descanso se entretinha a preparar o que iria fazer na semana seguinte,ou mesmo noutras,pela simples razão de ser ele o chefe,
o director,o que se quiser,porque, para o ser,não lhe bastava só o nome,que acharia muito pouco,ou nada.
Para lá chegar,à casa que orientava,dispensava todos os meios de transporte,
excepto as pernas com que tinha nascido. Fazia isso todos os dias,excepto os domingos,que os sábados,naqueles recuados tempos,também eram dias de
trabalho.
Constava que nesses dias de descanso se entretinha a preparar o que iria fazer na semana seguinte,ou mesmo noutras,pela simples razão de ser ele o chefe,
o director,o que se quiser,porque, para o ser,não lhe bastava só o nome,que acharia muito pouco,ou nada.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
OS BAÚS
Mas que homem notável ele era,e muito poucos,no canto em que ele nascera, o sabia,coisa,afinal,não rara,nesse canto. Era assim como os santos da casa não fazem milagres,sobretudo,em certa casa,era assim como não há figura importante para o seu criado de quarto,sobretudo,em certo quarto. Só vieram a saber depois dessa notabilidade se ter ido desta para melhor,para sempre,lá para um sítio de onde não mais voltaria.
E porquê? Porque é que haveria de ser?,até uma criancinha,ainda inocente, o saberia. Por ter abalado,deixara de fazer sombra,deixara de incomodar,tão simples como isso. Era,afinal, o costume. E não demorou muito,quase na hora seguinte,para se formar um exército de gente a coscuvilhar os baús por ele deixados.
E porquê? Porque é que haveria de ser?,até uma criancinha,ainda inocente, o saberia. Por ter abalado,deixara de fazer sombra,deixara de incomodar,tão simples como isso. Era,afinal, o costume. E não demorou muito,quase na hora seguinte,para se formar um exército de gente a coscuvilhar os baús por ele deixados.
COMO TANTOS
Uma obra que se podia ver,não havia dúvida. Uma obra monumental,a atentar nas casinhas que por lá havia,casinhas humildes,algumas de chão térreo,uma meia dúzia se tanto. Era no fundo de um valezinho apertado,junto ao grande rio. As casinhas não caberiam de contentes,até se sentiriam palácios.
Pois aquilo foi obra malfadada. Pouco aturou,não se sabe porquê. Coisas que acontecem,assim vêem,assim vão. E para ali ficou,decompondo-se,esboroando-se,sem préstimo,como que esquecida.
Afinal,uma mão cheia de promessas,um começo glorioso,como tantos,para nada,pior ainda,uma ruína,a perpetuar um sonho ,bem depressa desfeito,como tantos.
Pois aquilo foi obra malfadada. Pouco aturou,não se sabe porquê. Coisas que acontecem,assim vêem,assim vão. E para ali ficou,decompondo-se,esboroando-se,sem préstimo,como que esquecida.
Afinal,uma mão cheia de promessas,um começo glorioso,como tantos,para nada,pior ainda,uma ruína,a perpetuar um sonho ,bem depressa desfeito,como tantos.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
CORRENTE IMPETUOSA
Aquilo tivera a sua graça,para não dizer outra coisa menos suave. O "inimigo",o perigoso "inimigo",capaz sabe-se lá de quê,pelas muitas suas "maldades" do estendido passado,tinha estado uns meses lá fora,passo que ele não precisara de dar,nem precisaria,pela simples razão de ter nascido ensinado.
É que não queria acreditar no que estava vendo,mas só isso,que ler,não estava para isso,nem se queria sujeitar a um vexame desses,pois era um escrito do "inimigo". Era um escrito que dava conta da tal ida,acontecida uns anos antes.
Parecia despropositada uma coisa daquelas,sinal claro de que não tinha mais nada para narrar,ao contrário dele,que debitava qual corrente impetuosa,
imparável. Mas nem uma palavrinha sequer sobre o que lá se dizia,talvez porque nada tivesse entendido,o que era uma grande tristeza.
É que não queria acreditar no que estava vendo,mas só isso,que ler,não estava para isso,nem se queria sujeitar a um vexame desses,pois era um escrito do "inimigo". Era um escrito que dava conta da tal ida,acontecida uns anos antes.
Parecia despropositada uma coisa daquelas,sinal claro de que não tinha mais nada para narrar,ao contrário dele,que debitava qual corrente impetuosa,
imparável. Mas nem uma palavrinha sequer sobre o que lá se dizia,talvez porque nada tivesse entendido,o que era uma grande tristeza.
QUEM SABE,SABE
Eram tantos os escritos que iam nas argolas daqueles dois braços,que só uma grande destreza,aliás,sempre demonstrada noutras muitas ocasiões,é que impedira que houvesse largo espalhamento naquela ida, rumo ao triunfo.
Era isso, também,uma clara,uma inequívoca indicação de que aqueles dois,e muito qualificados braços,quereriam envolver,estreitar,este mundo e o outro,todos os mundos,aliás, que por lá estivessem.
Mais ainda,eram elas,as argolas,prenúncio mais que evidente de que vultosas colheitas se seguiriam,após o clamoroso triunfo que já se tinha como certo. É que ,quem sabe,sabe,como o povo tem dito repetidamente,sem se enganar.
Era isso, também,uma clara,uma inequívoca indicação de que aqueles dois,e muito qualificados braços,quereriam envolver,estreitar,este mundo e o outro,todos os mundos,aliás, que por lá estivessem.
Mais ainda,eram elas,as argolas,prenúncio mais que evidente de que vultosas colheitas se seguiriam,após o clamoroso triunfo que já se tinha como certo. É que ,quem sabe,sabe,como o povo tem dito repetidamente,sem se enganar.
domingo, 2 de agosto de 2009
ERA O DIABO À SOLTA
Era grande a farsa que lá se representava,sempre em cartaz,nem,a bem dizer,se conhecera outra. E o público correspondia generosamente,fielmente,pelo que a casa estava sempre cheia,rebentando pelas costuras,com gente em pé,enchendo os corredores,sentando-se no chão.
Não tinham conta os ludíbrios,os enganos. Era o faz de conta,era o simular,era o parece bem,era o esconder,era o mentir,era dar o dito por não dito,era o faltar à palavra dada,eram os favores,eram as cunhas,eram os amigos são para as ocasiões,era o a bem da nação,eram as razões de estado,era o comer gato por lebre,era o fantasiar,era o à volta cá te espero,era o está bem está,eram as falinhas mansas,era o bem prega frei Tomás,era o só por cima do meu cadáver,era o punha as mãos no fogo,era o ele,ou ela, lá capaz,eram os videirinhos,era o fazer-se muito santinho,ou santinha,era o eu cá nunca minto,sou muito verdadeiro,era o não há melhor,só de encomenda,era o vai muito bem servido,era o nem na farmácia,era a sorte que ele,ou ela,teve,era o assim também eu,era o dantes é que era bom,era o vede como eles se amam,era os que vendiam alma ao diabo,eram as punhaladas nas costas,era o diabo à solta,era o diabo em figura de gente.
Não tinham conta os ludíbrios,os enganos. Era o faz de conta,era o simular,era o parece bem,era o esconder,era o mentir,era dar o dito por não dito,era o faltar à palavra dada,eram os favores,eram as cunhas,eram os amigos são para as ocasiões,era o a bem da nação,eram as razões de estado,era o comer gato por lebre,era o fantasiar,era o à volta cá te espero,era o está bem está,eram as falinhas mansas,era o bem prega frei Tomás,era o só por cima do meu cadáver,era o punha as mãos no fogo,era o ele,ou ela, lá capaz,eram os videirinhos,era o fazer-se muito santinho,ou santinha,era o eu cá nunca minto,sou muito verdadeiro,era o não há melhor,só de encomenda,era o vai muito bem servido,era o nem na farmácia,era a sorte que ele,ou ela,teve,era o assim também eu,era o dantes é que era bom,era o vede como eles se amam,era os que vendiam alma ao diabo,eram as punhaladas nas costas,era o diabo à solta,era o diabo em figura de gente.
EMPATAR E INCOMODAR
Quando alguém,naquela terra perdida,muito para além das fronteiras,de onde muito raramente vinham notícias,se ia desta para melhor,era isso um grande alívio,embora pudesse parecer o contrário,o que se compreendia muito bem. Para o,ou a, que partia,por se ver livre,de vez,de uma aventura desastrada,para os,ou as, que ainda lá se demoravam,não se sabia quanto tempo aida,anos,dias,horas,minutos,um suspiro,por se livrarem,de vez também,de mais um,ou uma,que já estava há muito não só a empatar,como, o que era bem pior,a incomodar. Tudo isso,e mais alguma coisa,por ser toda aquela gente que por lá se arrastava muito dada ao teatro.
sábado, 1 de agosto de 2009
RISOTAS
Em tempos muito recuados,quando num país não havia recursos que chegassem para todos,alguns eram de opinião que se deviam dar todos como Deus com os anjos,um modo de dizer,de maneira a poderem melhor suprir,ou suportar,as faltas.
Mas não era isso que,de facto,se passava,e a coisa compreeendia-se muito bem. É que não havendo riqueza capaz de contentar a todos como devia ser,alguns pensavam que o mais avisado para eles,e suas famílias,e amigos,era estar o mais tempo possível a mandar,sendo o ideal para sempre.
Compreendia-se isso também muito bem,pois só assim é que poderiam ficar com um bocado que valesse a pena. Quanto aos outros,que se fossem enchendo de paciência,que eles iriam fazer todos os possíveis e impossíveis no sentido de chegar depressa o dia em que fossem também contemplados como desejariam,podendo ser, imitando-os,para que não houvesse motivo a risotas.
Mas não era isso que,de facto,se passava,e a coisa compreeendia-se muito bem. É que não havendo riqueza capaz de contentar a todos como devia ser,alguns pensavam que o mais avisado para eles,e suas famílias,e amigos,era estar o mais tempo possível a mandar,sendo o ideal para sempre.
Compreendia-se isso também muito bem,pois só assim é que poderiam ficar com um bocado que valesse a pena. Quanto aos outros,que se fossem enchendo de paciência,que eles iriam fazer todos os possíveis e impossíveis no sentido de chegar depressa o dia em que fossem também contemplados como desejariam,podendo ser, imitando-os,para que não houvesse motivo a risotas.
DIAS MELHORES
Eram especialistas no que não se devia fazer,lembrado por outros,claro era,e não se cansavam de o repetir,não fosse alguém distraído estar. Não diziam,para preencher o vazio,o que deveria ser feito.
E também se desfaziam em propostas de bem estar para os pobrezinhos,mas à custa do dinheiro de outros,que o deles era para os seus muitos alfinetes.
Ah,e eram também muito amiguinhos da vida,vindo para a rua,içando bandeiras,lutando pelo começo dela. Depois,que se arranjassem,que eles dali lavavam as suas mãos. Tivessem paciência,que eles iriam rogar que viessem dias melhores.
E também se desfaziam em propostas de bem estar para os pobrezinhos,mas à custa do dinheiro de outros,que o deles era para os seus muitos alfinetes.
Ah,e eram também muito amiguinhos da vida,vindo para a rua,içando bandeiras,lutando pelo começo dela. Depois,que se arranjassem,que eles dali lavavam as suas mãos. Tivessem paciência,que eles iriam rogar que viessem dias melhores.
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