quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A DOR EM RAUL BRANDÃO

"...A dor é o seu deleite. Busca-a,desejo febril!-por hospitais,por cadeias,por antros,por alcoices. Fareja-a de noite nos bairros leprosos,cloacas de humanidade,vazedouros de almas,onde crimes,virtudes,vícios,angústias,raivas,desesperos,fermentam promiscuamente,como entulhos. Pesquisa dédalos caliginosos,cafurnas sem fundo,abismos hiantes,boqueirões de sombra.Explora desvãos,trapeiras,minas,covas,esconderijos. Louco de piedade,engolfa-se nas trevas mudas e soturnas,que gotejam sangue,nas roucas escuridões tumultuosas,pávidas de gemidos,cortadas de clamores,anavalhadas de blasfémias...."

GUERRA JUNQUEIRO

Carta-Prefácio
OS POBRES

RAUL BRANDÃO

Projecto Vercial 2001

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