sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

UMA FORTUNA

Estavam os dois muito velhos e ela mais achacada. É ele,escusado será dizer,que se tem de desembaraçar. Raramente,pois,se vêem juntos. Ela fica em casa,sozinha,aguardando-o,certamente com impaciência,e rezando para que nada de mal aconteça a um e a outro. O que iria,depois,ser dela ou dele?Aquele era um dos dias excepcionais,o mais excepcional de todos. Era o dia de ir receber a pensão em duplicado e acrescida. Uma fortuna. A sua presença ,ao lado dele,espantaria os ladrões.E,assim,depois de terem tirado a senha,lá estavam os dois,sentados,muito juntos,à espera da sua vez. Eles já viam e ouviam mal,o que os obrigava a pedir ajuda a este e àquele.Aproximaram-se os dois do balcão,ela muito nervosa,a olhar para todos os lados,desconfiando de todos. Assistiu muito atenta à contagem do dinheiro e ficou um pouco mais animada ao ver que a menina que os atendera conhecia o marido. Até mencionou o seu nome em voz alta,saudando-o.Era ele que vinha quase sempre. Ela,coitada,não podia,frequentemente,acompanhá-lo. Mas naquele dia teve de ser,pois a sua presença espantaria os ladrões.

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