sábado, 23 de janeiro de 2010
PARTIDAS
A terra estava lá para o fim do mundo,onde as novidades custavam a chegar. Como as modernices obrigam quase sempre a maiores gastos,muitos não se importavam de as dispensar. Quando mal,nunca pior,era o seu entendimento.Mas o pior encontra-se,às vezes,num lacrau que anda lá na sua vida. De noite,ele vê melhor,sobretudo se for pisado. E foi o que sucedeu a uma senhora que se agachara para fazer o que tinha de ser feito. O dito bichinho não esteve com meias medidas,pagando-se com a moeda que usa em casos destes. Quase se ia a senhora deste vale de lágrimas. Valeu-lhe a medicina caseira,que tem muito préstimo quando não há outra. Não é em vão que se anda por cá há milénios.Logo que se pôs boa,resolveu casar a filha. Para isso,consultou,como convinha,a mais creditada mulher de virtude das redondezas. Fizeram-se as benzeduras para o efeito e marcou-se a boda de acordo com as indicações. Era casal para durar. Os festejos deviam condizer com as promessas. Foram três dias de arromba,em que se consumiram,para além de tudo o mais,alguidares e alguidares de tremoços.Aconteceu,entretanto,uma visita inesperada para alguns. Ainda mal rompera o dia,o quarto do tálamo foi invadido,sem cerimónias, por um magote de jovens em grande algazarra. Não são partidas que se preguem,mas tradições têm que se respeitar.Mas há uma visita mais ou menos esperada que todos,sem excepção,um dia recebem. Foi o caso de uma velhota que se lembrou,pouco tempo volvido,de ir desta para melhor. Surgiu logo um coro de carpideiras,que faria um belo serviço a espantar pardais esfomeados. Não fariam outro serviço por aqueles sítios. Não se podia morrer ali em sossego,que elas não deixavam.
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