quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

FÁBRICA DE AÇÚCAR

Os pássaros não cabiam de contentes. Não era para menos. Mesmo ali ao pé da porta iam ter por muitos dias abundância de comida saborosa. Os frutos de uma enorme amoreira tinham entrado em plena maturação. Os ramos estavam pejados,quase se quebrando. Não sabiam para onde se virar,tal era a fartura. Saltavam de um poiso para outro,procurando,decerto,os frutos mais doces,que eles bem distinguiam.De vez em quando,recolhiam-se,a descansar,entre a folhagem de choupos altos,que à volta formavam densa cortina. Não encontrariam melhor sala de refeições,no remanso daquelas árvores protectoras. Ali perto,desenhava-se também um pequeno lago,compondo,assim,uma mansão ideal. Poder-se-ia dizer que dispunham de cama,mesa e roupa lavada. Não podiam exigir mais. Mas sem pedir,tinham mesmo mais. Ninguém os importunava,nem concorrência se via. Tudo só para eles.Não viveriam tão ricamente muitos dos seus irmãos. A culpa não era deles,está visto. Não tinham prejudicado ninguém. Os seus pais e avós sempre ali tinham vivido. Fora apenas isto uma questão de sorte. A cama já a encontraram feita e foi só deitarem-se nela.Continuariam assim por muito tempo,pelo que não teriam preocupações com a descendência. Depois,para além daquela fábrica de açúcar,havia outros,não muito longe,para acorrer às necessidades do resto do ano. E quartos não faltariam em árvores que nunca se despiam.

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