sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

TAL COMO NA VIDA

A forragem estava boa para corte. Vieram três homens de uma aldeia próxima. A tarde ia a meio e o calor apertara. Protegida a nuca com lenços,os jornaleiros ceifavam o trevo,bem desenvolvido e basto.Algumas vacas já estariam com água na boca,antegozando o festim. Tinham de ter paciência,que, antes disso, ia-se assistir a um espectáculo digno de registo.É que um dos ceifeiros encontrou um ninho com vários ovos. Mas que coisa boa,manifestaram-se eles exuberantemente. Vêm mesmo a jeito,pois já estávamos a precisar. Sem cerimónias,após justa divisão,trincaram-nos e enguliram-nos,inteirinhos.Mas estavam com sorte,pois,pouco tempo volvido,apareceu outro ninho. Desta vez,rejeitaram a casca,depois de os meterem na boca.E a sorte continuou. Já quase saciados,com vagares,partiram os ovos. Mas a sorte não findara. Esse ninho foi poupado.Afinal,como na vida. Uns são sacrificados,outros conseguem escapar-se. Vá-se lá saber porquê.E as pobres mães? Tinham sido iludidas. A elevada densidade do trevo não lhes salvara os filhotes a haver.

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