quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

MEU SENHOR

A candura da velhota. Não estava à espera de uma resposta daquelas e atarantou-se. Precisou de saber as horas e abordou o primeiro que lhe apareceu. Foi azar dela. O homem tinha estampada na cara e nos modos a sua qualidade. Mas ela já não distinguia ou então fora sempre assim,confiada,o que devia ter-lhe dado muitos dissabores. Não era,de facto,o homem flor que se cheirasse.Para que quer o raio da velha saber uma coisa destas? Já devia ter marchado para não andar para aqui a importunar cada um. E ela,coitada,que pouco tino já teria,àquelas palavras ficou pior. Deu-lhe para falar sozinha,repetindo o que acabava de ouvir.Já nem sabia que caminho tomar. Valeu-lhe alguém que estava perto e que testemunhara o ocorrido. Queria saber as horas? Pois queria,meu senhor. E o tom indicava a sua humildade e dependência. Lá se recompôs com a atenção prestada,desfazendo-se em muitos agradecimentos.

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