terça-feira, 30 de dezembro de 2008

FRUTA DO TEMPO

Andara por todos os mares,cruzando-os vezes sem conta,mas pescara muito pouco. Por isso,ali estava ele,de pele curtida por muito sal,sentado a uma secretária,à entrada de templo rico,a ver se algum peixinho lhe caía na rede.
Era ele o guardião. Tinha muito para guardar,mas só dispunha de dois olhos,e já não via lá muito bem. Ainda há dias voara uma imagem,ali mesmo nas suas barbas.Mas aquilo era gente que parecia ter feito pacto com o demónio. Sabiam bem do seu ofício.
Ele também sabia quem eram,uma família ali das redondezas,uns profissionais. Também estavam interessados nas caixas das esmolas,mas ele não podia estar em todos os cantos.De vez em quando,lá sondavam uma. O que os salvava era ele nunca os ter apanhado com a boca na botija.
Havia por ali à roda muita malandragem. Era fruta do tempo,era o resultado dessas liberdades, com cara de terem vindo para ficar. Por isso,ali estava ele,de pele curtida por sal de muito mar...

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