sábado, 6 de dezembro de 2008

DE SENTINELA

O alojamento não tinha direito a roupa lavada. Cada um que se arranjasse. Lavandarias,de facto,não faltavam,com baterias de máquinas. Havendo dinheiro,ou não se estando para fazer economias,por se ser sovina ou por outro motivo qualquer,todos respeitáveis,era só procurar uma na esquina mais próxima.
É claro que tinha de se fazer tudo por si,pois não havia alternativa. Quando muito,uma indicação ou outra, para começar,vá que não vá,mas sem abusar. De resto,as instruções estavam ali bem à vista. Mas não era chegar ali e ser logo atendido,pois tinha de se ir para a bicha.
Chegada a vez,era só meter a moeda e carregar nos botões. E ali se ficava de sentinela,comodamente sentado numa cadeirinha,lendo o jornal ou fazendo outra coisa qualquer,como observar.
Acabada a fase da lavagem,seguia-se a de secagem,se ainda se estivesse para gastar mais uma moedinha,que a vida,para alguns,não era um mar de rosas. Aqui havia também uma espera,pois,no geral,só havia um secador. Nem sempre saía a roupa como se queria,vá-se lá saber porquê. Para completar,havia o quarto e a noite,ou o dia seguinte. Os que trabalhavam em laboratório ,e eram muito poupados,faziam o acabamento,ou mesmo a secagem completa,em estufas,aproveitando o fim de semana.

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