sábado, 13 de dezembro de 2008

COMO UMA CRIANÇA

O velhote,com barba de dias, abeirara-se,de modo humilde. É aqui que mora o senhor Abel? Deve ser neste prédio,quase tenho a certeza. Acompanhei-o algumas vezes,pois já se não orientava bem. Há uns meses que deixou de aparecer. O que é que lhe terá acontecido? Faz-me muito falta,podem crer. Estou velho também e entendiamo-nos. Têm marchado quase todos os da minha geração. Ter-lhe ia sucedido o mesmo?
Fora ali,de facto, que residira o senhor Abel,mas já se tinha mudado para a morada definitiva. Tiveram pena do velhote,pois a verdade abalá-lo-ia. Esperaria por ele mais uns tempos. Entretanto,podia ser que lhe chegasse também o momento de partir,do qual estaria próximo. E não mais se ralaria. Até lá,viveria na ilusão de um dia voltar a reunir-se com o seu parceiro de conversas.
O senhor Abel estava mesmo a precisar de abalar. Varrera-se-lhe da cabeça muito do que tinha aprendido e em casa era vigiado como uma criança. O velhote não gostaria de saber como o seu amigo acabara,pelo que fora acertado não o revelar.

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