quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

REGAÇO DO CHÃO

Há mesmo coisas do arco da velha,coisas de muito pasmar. Do que se haviam de lembrar. O senhor morrera,coitado,ou não,sabe-se lá. Morrera,chegara a sua vez,chegara a hora de ir descansar. Era bom de dizer,mas a família é que não estava para ali virada.
E assim,antes de o enterrarem,antes de o pôrem lá no regaço do chão a ele destinado,onde,finalmente,repousaria,depois de muitos anos a penar,obrigaram aquele pobre corpo a fazer uma viagem,em condiçóes que não lembraria ao diabo mais diabo. Mal o apanharam morto,pegaram nele,sairam de casa,meteram-se no elevador,desceram escadas,enfiaram-no num carro,e ali foram,estrada fora,umas boas dezenas de quilómetros.
Lá chegados,aí sim,arranjaram as coisas para o morto,poder,finalmente repousar. Pode -se imaginar o que foi aquele passeio,mesmo para o morto,sabe-se lá. Não viera autoridade para o afirmar. Sabe-se lá se estava mesmo morto. E depois,porque tal procedimento não comum? Não eram uns pobres diabos,muito longe disso. Há mesmo coisas do arco da velha,coisas de muito pasmar.

Sem comentários: