sábado, 3 de janeiro de 2009

ATÉ UMA NOITE

Tivera uma vida simples,uma vida para sobreviver. Quando não pudesse mais,ou quando chegasse a tal hora,diria adeus,ainda que ninguém o escutasse. Fora uma vida como tantas outras,uma vida semeada de escolhos. Aparentava ter mais idade,o que não era para admirar. O mesmo se passava com muitas outras vidas.
Teriam sido esses escolhos os principais causadores do desgaste. Os esforços,tantas vezes,porventura,para além das suas fracas forças,tê-lo-iam posto assim,um tanto alheado,quase um autómato. Um ano,para ele,teriam sido dois,ou mais.
Depois,dera-lhe para andar duas ou três léguas duma assentada,só para se entreter,para passar uma parte do tempo que tinha para si. Podia tê-lo gasto noutros lazeres,como jogar às cartas horas intermináveis,ou conversar nas esquinas com os amigos,também tempos sem fim,mas disso não gostava.
Os anos foram ficando para trás,e ele lá se foi aguentando até um dia,ou,mais exacto,até uma noite. Ainda a cama o recebeu para mais um sono,mas já não acordou,como era costume,um longo costume,apsar de tudo. Foram dar com ele a dormir para sempre. Teria acordado noutro mundo,onde já se encontravam muitos da sua geração,que se lhe tinham adiantado,talvez por terem labutado mais,ou não,talvez por terem palmilhado mais léguas,ou não,talvez por se terem entretido com cartas,ou não,talvez....

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