domingo, 18 de janeiro de 2009

COLHEITA DE UM DIA - II

Sim,dê-me esse,esse aí ao canto, o que está mais queimadinho. É dos que eu mais gosto. E os seus olhos luziam,e a sua cara luzia. Era um modesto folhado de queijo. Uma coisa banal,uma coisa singela, o que está,pois,aqui,a ser lembrado.
Já não era a primeira vez que isso sucedia,era a repetição do que tinha sucedido,já se não sabia quantas vezes. O que se sabia é que se passava isto mais ou menos à mesma hora,precisamente aí pelo meio-dia,a hora do almocinho.
Seria ele sozinho lá em casa. Já não era novo,longe disso. O dinheirinho não daria para mais. Também ,com a idade que tinha,já não precisava de se atafulhar.
Um folhado de queijo,um almoço,pois,baratinho. À medida da sua bolsa. Todos os dias. Porque não? Também se come pão todos os dias. Mas pão não levava. Dispensá-lo-ia. O folhado,de algum modo o continha. Seria também o seu pão.
E se o senhor fosse rico? E se o senhor fosse um avarento? Lá se tinha de inventar outra história.

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