Era uma velhinha toda vestida de negro,cor que não largara desde a morte do marido. Servira devotamente naquela igreja anos a fio. Os anos não perdoam e tiveram de arranjar quem a substituísse.
As voltas que naquela tarde ela deu em torno do túmulo do padroeiro. Tinha feito isto vezes sem conta. Mas parecia ser aquela a primeira vez. Aquilo devia ser a continuação de uma conversa que interrompera no dia anterior. Fora ela que cuidara da higiene do santo durante anos,mas de uma maneira de que só ela tinha o segredo. Talvez ouvisse queixas. A sua sucessora não trataria bem dele.
Mas ela estava ainda ali para durar. Podia o santo estar descansado,que ela colmataria as faltas. Não fora em vão que ela cuidara dele aquele tempo todo. Em troca,o santo dera-lhe sempre excelente saúde,de tal modo que nunca precisara de médico. A filha bem insistia com ela,mas recebia sempre a mesma resposta. Estou todos os dias com o meu médico,não preciso de outro.
Naquela tarde,dera a visita por terminada. Fez as despedidas como devia ser e lá abalou,sobraçando um enorme chapéu de sol,próprio para aqueles dias de verão tórrido.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
ALIMENTOS TRANSGÉNICOS-DEVEMOS CONSUMI-LOS?
É o título de uma página na internet. Nela lê-se:"Alimentos Transgénicos são alimentos cuja semente foi modificada em laboratório. Essa semente é modificada para que as plantas possam resistir às pragas dos insectos e a grandes quantidades de pesticida". Não está claro,mas deve subentender-se que essas novas plantas dispensarão o uso dos pesticidas,por elas serem resistentes às pragas. Mas adiante. "Estes alimentos podem causar riscos ambientais,nomeadamente o aparecimento de ervas daninhas resistentes a herbicidas;a poluição do terreno e lençóis de água com agro-tóxicos;a perda de fertilidade natural". Ervas daninhas? Pobres ervas daninhas,já são um risco ambiental. E depois,malditas ervas que resistem aos herbicidas,tornando-os inúteis,o que é grave,para quem os vende ou produz. Poluição da terra? Como? Pelo uso de herbicidas para as eliminar,mas que não conseguem? Malditas ervas,três vezes malditas. Poluição dos lençóis de água? Pelo uso dos herbicidas? Perda de fertilidade natural. Que é isto de fertilidade natural? Matéria orgânica? Como? Parece ser o contrário,se se está a pensar nas ervas daninhas. Não acabando com elas,acrescentarão mais uns pozinhos à que lá havia. Mas demos um salto para o final do arrasoado."Enquanto as empresas não garantirem a segurança e a qualidade relativamente a estes alimentos,devemos evitar a sua compra e o seu consumo. Assim,se não consumirmos alimentos Transgénicos,evitamos que eles sejam plantados e protegemos o meio-ambiente". Usando(voltemos ao princípio da página)"grandes quantidades de pesticida". É de génio. Ou estará a página a brincar com coisas muito sérias,como seja a fome de muitos milhões de desgraçados,que teriam a sua fome mitigada,não com todos,mas com alguns destes alimentos transgénicos?
AS ATALAIAS SUMIRAM-SE
O que são as coisas. Tão inimigos que eles eram. De Espanha ,nem bom vento,nem bom casamento. O enxame de castelos e de atalaias que ia por essa raia fora,muito em especial de uma das bandas. Pontes,talvez uma ou outra, do tempo dos romanos,ou de mais atrás,dos tempos heróicos da prehistória. É claro que houve gestos de aproximação,de entendimento,ou mesmo de maior alcance,que é real,universal,o jeito de domínios alargar. Houve casamentos. Entre outros,os de D.Dinis,de D.Afonso IV,de D.Pedro I,de D.Fernando(projectado),de D.Manuel I(dois ou três,conforme as interpretações). Mas avultam os contratempos,os escolhos. Andeiro,Atoleiros,Valverde,Aljubarrota,1385,Tordesilhas,Colombo,Magalhães,1580,1640,Olivença e outros mais,que a memória não lembra,por já claudicar e até já tenha metido água. E a propósito,Henrique de Borgonha foi um dos responsáveis de tudo isto. Era o azar,ou a condenação, dos filhos que vinham depois do primeiro e que tinham de se fazer à vida. O que teria acontecido,se ele não tivesse vindo por aí abaixo? A História,e a Prehistória,também,suspensas de ninharias. De qualquer maneira,parece não restar dúvida de que há sangue gaulês no sangue dos reis de Portugal. Mas a misturada é a regra,não há que ter orgulho nisso.
E,agora,o que se vê? As atalaias sumiram-se. Quanto aos castelos,desapareceram uns,estão em ruínas outros,outros ainda foram reparados para compor a paisagem,mais seriamente,para manter o património,pois o turista, de lá e de cá, gosta de ver coisas que nunca viu,ao natural. Mas a internet já se vai antecipando,pondo-lhe imagens na sua frente,a qualquer hora do dia ou da noite,com a vantagem de não encontrar multidões e outras incoveniências mais.
No que diz respeito a pontes,isso é uma profusão delas,daquelas de sobre elas passar(no rio Minho,é quase uma porta sim,uma porta não,como os casinos de Las Vegas,mal comparado seja) e de outras de muita diversa qualidade. É o caso que se dá entre o Norte e a Galiza e entre a Extremadura e o Alentejo. É o princípio da Ibéria,que teve em Oliveira Martins,se não há engano,um muito sério e forte entusiasta,e que o Nobel Saramago profetizava.
E,agora,o que se vê? As atalaias sumiram-se. Quanto aos castelos,desapareceram uns,estão em ruínas outros,outros ainda foram reparados para compor a paisagem,mais seriamente,para manter o património,pois o turista, de lá e de cá, gosta de ver coisas que nunca viu,ao natural. Mas a internet já se vai antecipando,pondo-lhe imagens na sua frente,a qualquer hora do dia ou da noite,com a vantagem de não encontrar multidões e outras incoveniências mais.
No que diz respeito a pontes,isso é uma profusão delas,daquelas de sobre elas passar(no rio Minho,é quase uma porta sim,uma porta não,como os casinos de Las Vegas,mal comparado seja) e de outras de muita diversa qualidade. É o caso que se dá entre o Norte e a Galiza e entre a Extremadura e o Alentejo. É o princípio da Ibéria,que teve em Oliveira Martins,se não há engano,um muito sério e forte entusiasta,e que o Nobel Saramago profetizava.
terça-feira, 29 de abril de 2008
RICA PERSONALIDADE
Mesas de quatro alinhavam-se no vasto refeitório. Não havendo lugares marcados,abancava-se no primeiro que estivesse vago. A fome era muita e o tempo não estava para esquisitices.
Um estudante não era mais do que um bate-chapas,antes pelo contrário. Foi assim que ele se deu a conhecer. Ganhava bem,mesmo muito bem,melhor do que esses doutores,um dia,quereria ele insinuar. Além da oficina,tinha,ainda,uns bons biscates. E podia,até,estar a ganhar mais,se tivesse aceitado ir para o Canadá.
Dá-me jeito vir aqui,pois fica perto. Não se come nada mal e poupa-se. Podia ir a um restaurante,mesmo dos caros,se me apetecesse,como tenho feito muitas vezes. Estava a alardear. Mas isto fazia parte da sua rica personalidade.
Houve então alguém que não resistiu a provocá-lo. Estava a pedi-las. Certamente que a sua mulher e filhos o acompanham nessas ocasiões. Mulher e filhos? Livra. Eu tenho mas é duas,uma,até à meia- noite,e a outra,da meia-noite em diante.
Um estudante não era mais do que um bate-chapas,antes pelo contrário. Foi assim que ele se deu a conhecer. Ganhava bem,mesmo muito bem,melhor do que esses doutores,um dia,quereria ele insinuar. Além da oficina,tinha,ainda,uns bons biscates. E podia,até,estar a ganhar mais,se tivesse aceitado ir para o Canadá.
Dá-me jeito vir aqui,pois fica perto. Não se come nada mal e poupa-se. Podia ir a um restaurante,mesmo dos caros,se me apetecesse,como tenho feito muitas vezes. Estava a alardear. Mas isto fazia parte da sua rica personalidade.
Houve então alguém que não resistiu a provocá-lo. Estava a pedi-las. Certamente que a sua mulher e filhos o acompanham nessas ocasiões. Mulher e filhos? Livra. Eu tenho mas é duas,uma,até à meia- noite,e a outra,da meia-noite em diante.
NÚMEROS DA FAO
No ano passado, foram estes os aumentos dos preços (%) de alguns bens essenciais:trigo(130),arroz(74),soja(87) e milho(53).
Isto tem ares de calamidade,sobretudo, em países onde o custo da alimentação pesa muito no orçamento familiar.
Isto tem ares de calamidade,sobretudo, em países onde o custo da alimentação pesa muito no orçamento familiar.
RESPOSTA IMEDIATA
O homem,coitado,volta não volta,lastimava-se. Que o que ganhava era uma miséria,não dava nem para mandar cantar um cego,quanto mais para sustentar a família como devia ser. E não é só de agora. Não calcula o que tenho passado,a magicar na maneira de sair da cepa torta.
Se não fossem para aí umas ajudas,não sei o que teria sido da mulher e dos filhos. Era capaz de já aqui não estar,por ter emigrado,como os lá de cima. Esses é que tiveram juízo. A bem ou de qualquer maneira,lá se foram escapando,para ali,para acolá,e agora é vê-los ,quando se chegam as férias. Está a ver?,as férias. Onde é que eles as tinham cá? Não sabiam o que isso era. Não trabalhar e ganhar. Era bom,era.
E era um desfiar interminável. Tinha corda para um dia inteiro. Pudera,não pensava noutra coisa,sempre a matutar na forma de sair daquela encrenca.
Numa manhã,um, com quem desabafara muitas vezes,deu-lhe para o experimentar. Oiça lá,se você tivesse as terras aqui deste patrão ,o que é que fazia? A resposta foi imediata. Olhe,tinha tantas amigas como ele.
Se não fossem para aí umas ajudas,não sei o que teria sido da mulher e dos filhos. Era capaz de já aqui não estar,por ter emigrado,como os lá de cima. Esses é que tiveram juízo. A bem ou de qualquer maneira,lá se foram escapando,para ali,para acolá,e agora é vê-los ,quando se chegam as férias. Está a ver?,as férias. Onde é que eles as tinham cá? Não sabiam o que isso era. Não trabalhar e ganhar. Era bom,era.
E era um desfiar interminável. Tinha corda para um dia inteiro. Pudera,não pensava noutra coisa,sempre a matutar na forma de sair daquela encrenca.
Numa manhã,um, com quem desabafara muitas vezes,deu-lhe para o experimentar. Oiça lá,se você tivesse as terras aqui deste patrão ,o que é que fazia? A resposta foi imediata. Olhe,tinha tantas amigas como ele.
UM HOMEM BOM
Estava ali uma herdade exemplar. Honra,pois,ao seu dono e aos que cuidavam dela. Não se via parcela mal aproveitada e as colheitas eram das melhores.
Havia,porém,um facto que muito intrigava. É que não se descortinava uma máquina,para além daquelas rudimentares. Tudo quanto se produzia provinha,apenas,do esforço de braços e de muares. Sabia-se,porém,que o dono era pessoa muito instruída e,mais do que isso,professor de máquinas agrícolas. Era caso para dizer,bem pregava frei Tomás.
E um dia,alguém,um tanto ou quanto atrevido,quis saber das razões para tão contraditório procedimento. Então você queria que eu mandasse para casa metade ou mais do pessoal? E depois o que seria deles?
São assim alguns homens. É o seu coração melhor do que a cabeça. Era este,pois,sem dúvida,um homem bom.
Havia,porém,um facto que muito intrigava. É que não se descortinava uma máquina,para além daquelas rudimentares. Tudo quanto se produzia provinha,apenas,do esforço de braços e de muares. Sabia-se,porém,que o dono era pessoa muito instruída e,mais do que isso,professor de máquinas agrícolas. Era caso para dizer,bem pregava frei Tomás.
E um dia,alguém,um tanto ou quanto atrevido,quis saber das razões para tão contraditório procedimento. Então você queria que eu mandasse para casa metade ou mais do pessoal? E depois o que seria deles?
São assim alguns homens. É o seu coração melhor do que a cabeça. Era este,pois,sem dúvida,um homem bom.
UM USURÁRIO
Tanta coisa que parece condenada a não desaparecer. Aflitos e usurários são disto uma triste amostra. Pois é precisamente um usurário que aqui vai ter notícia. E isto, de uma maneira inesperada.
É que recebera uma educação que tinha como ponto de honra a sua viva reprovação. Não fora curso de um ano só,mas de muitos. Que diria o seu mestre se fosse possível ter disto conhecimento? Poupara-o o ter partido cedo desta vida. Que desilusão teria colhido.
O comboio estava para chegar,mas ainda houve tempo para uns momentos de conversa,ali, na plataforma apinhada. Olha quem é. Há anos que se não viam. O seu aspecto parecia indicar que a vida lhe correra de feição. Seria,certamente,fruto da educação recebida,do mestre que tivera.
Estou reformado,mas não inactivo. Empresto dinheiro a juro. É o que está a dar. E disse isto,naturalmente,sem a voz lhe tremer. E tivera ele como mestre alguém que procedera com ele inteiramente ao contrário. Nada exigira em troca do muito que lhe dera.
Não era para acreditar. Mas ele o confessara sem rebuço. É assim a vida. Há que estar preparado para tudo,mesmo para o absurdo.
É que recebera uma educação que tinha como ponto de honra a sua viva reprovação. Não fora curso de um ano só,mas de muitos. Que diria o seu mestre se fosse possível ter disto conhecimento? Poupara-o o ter partido cedo desta vida. Que desilusão teria colhido.
O comboio estava para chegar,mas ainda houve tempo para uns momentos de conversa,ali, na plataforma apinhada. Olha quem é. Há anos que se não viam. O seu aspecto parecia indicar que a vida lhe correra de feição. Seria,certamente,fruto da educação recebida,do mestre que tivera.
Estou reformado,mas não inactivo. Empresto dinheiro a juro. É o que está a dar. E disse isto,naturalmente,sem a voz lhe tremer. E tivera ele como mestre alguém que procedera com ele inteiramente ao contrário. Nada exigira em troca do muito que lhe dera.
Não era para acreditar. Mas ele o confessara sem rebuço. É assim a vida. Há que estar preparado para tudo,mesmo para o absurdo.
THE MAIAS
De Eça,tradução de Margaret Jull Costa,de Março de 2007. Continua nos Top Ten,da editora Dedalus Books.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
GALILEU GALILEI
Teve de se retratar. Teve de dar o dito por não dito. Era o Sol a andar à volta da Terra,e não o contrário. Como teria ficado Deus? Não teria gostado nada disto. O que vale a Todos,sem excepção,é que Deus perdoa,perdoa Tudo,perdoa a Todos. Deus é Grande,é o Maior. Não podia ser de outra maneira. Por uma comezinha razão. É que foi Ele que Tudo criou,Homem e Mulher incluídos. Não Se podia negar a Si mesmo. Não seria Deus. Perdoa Tudo. Perdoa a Todos.
AS COISAS
Ontem,um pobre agricultor exultava de alegria,não cabia de contente. Vejam lá como as coisas são. Andei eu anos a bater às portas dos moajeiros ou dos descascadores de arroz,em vão. Pois agora, aparecem-me aí,ainda eu não plantei,a oferecerem preços que eu nunca imaginei. Vejam lá como são as coisas.
UM PAU MANDADO
O homem andava encantado. Era como se estivesse a viver nas suas sete quintas,o supremo deleite. É que estava a ter a confiança do patrão. Patrão é um modo de dizer,mas para o que é serve muito bem.
Dava-lhe a fazer uns biscates,pagava-lhe uns jantares,convidava-o a ir lá a casa,tinha com ele umas certas intimidades. Era assim quase como um tu cá,tu lá.
Era isto suficiente para ele se sentir participando na sua abundância,das suas aspirações. Nem via que não passava de um pau mandado. Para isto contribuía fortemente o ele ter estado sempre na mó de baixo,apanhando deste e daquele. Agora não sucedia assim, no seu entender,agora era coisa bem diferente. Se ele,até,a cada passo, lhe telefonava,tornado em seu homem de mão.
Andava,naquela altura,colaborando na concretização de um velho sonho do mandante. A coisa brevemente teria o seu termo,mas o mandante haveria de sempre se lembrar de quem com ele privara em tão querido momento.
E isto trazia-o nas nuvens,alheado de si. Era ,naquela altura ,um outro,precisamente aquele que
o estava utilizando.
Dava-lhe a fazer uns biscates,pagava-lhe uns jantares,convidava-o a ir lá a casa,tinha com ele umas certas intimidades. Era assim quase como um tu cá,tu lá.
Era isto suficiente para ele se sentir participando na sua abundância,das suas aspirações. Nem via que não passava de um pau mandado. Para isto contribuía fortemente o ele ter estado sempre na mó de baixo,apanhando deste e daquele. Agora não sucedia assim, no seu entender,agora era coisa bem diferente. Se ele,até,a cada passo, lhe telefonava,tornado em seu homem de mão.
Andava,naquela altura,colaborando na concretização de um velho sonho do mandante. A coisa brevemente teria o seu termo,mas o mandante haveria de sempre se lembrar de quem com ele privara em tão querido momento.
E isto trazia-o nas nuvens,alheado de si. Era ,naquela altura ,um outro,precisamente aquele que
o estava utilizando.
domingo, 27 de abril de 2008
IA À ERVILHA
Estava ele cheio de boas intenções,mas assim não foi entendido. O mestre tinha estado a indicar as vantagens da consociação fava-ervilha . Apresentara várias,mas podia ser que houvesse mais. Alguém sabe? E ele levantou-se logo,disposto a dar a sua humilde contribuição.
A sala ficou suspensa. Todos o conheciam bem. Que iria sair daquela privilegiada cabecinha?
Não podia ser só fava,estava-se mesmo a ver. O que é que ele ou um outro qualquer havia de responder,se quisessem saber onde é que ia,tendo apenas fava lá na horta? Estando as duas,já não tinha de dizer que ia à fava. Ia à ervilha.
Ainda ele não chegara ao fim,já lhe tinha sido apontada a porta de saída. Ele tivera de intervir,ainda que estivesse ciente do risco que corria. Se o não fizesse,ficaria doente. Não podia perder uma oportunidade daquelas,para mais uma das suas.
A sala ficou suspensa. Todos o conheciam bem. Que iria sair daquela privilegiada cabecinha?
Não podia ser só fava,estava-se mesmo a ver. O que é que ele ou um outro qualquer havia de responder,se quisessem saber onde é que ia,tendo apenas fava lá na horta? Estando as duas,já não tinha de dizer que ia à fava. Ia à ervilha.
Ainda ele não chegara ao fim,já lhe tinha sido apontada a porta de saída. Ele tivera de intervir,ainda que estivesse ciente do risco que corria. Se o não fizesse,ficaria doente. Não podia perder uma oportunidade daquelas,para mais uma das suas.
sábado, 26 de abril de 2008
É DE UM CRENTE FICAR DESCRENTE
É de um crente,rendido,extasiado,com a imensidão,a diversidade,o maravilhoso,a complexidade,a riqueza,a gratuidade da criação,a viver numa bola,num grãozinho,a bem dizer, a girar,duplamente,há anos e anos,com tais notícias,de hoje ou de ontem,não sabe ele ao certo,tantas são,ficar descrente,de uma vez,para sempre. Ora veja-se,pegando por uma ponta,ao acaso,pois, nesta matéria,não vale a pena a ordem.
Aznar,doutor pela Universidade de Georgetown,Washington DC,e nela professor,classifica de "autênticos disparates"as posições de Hilary Clinton e de Obama quanto ao Tratado de Livre Comércio. A polícia brasileira mata onze suspeitos de narcotráfego,na favela Cidade de Deus,Rio de Janeiro. A China aceita dialogar com o Dalai Lama. Colômbia ordena a detenção de ex-congressista que permitiu a reeleição de Álvaro Uribe. Mugabe endurece a repressão e detém 100 opositores. Óleo de girassol,proveniente da Ucrânia,contém óleos minerais. Os regantes não vendem água a Barcelona. O preço do "crude" foi acrescido de 3 dólares. Foram absolvidos três polícias que crivaram de balas alguém. A agência atómica da ONU investiga o plano nuclear da Síria. Lula vai aumentar a área destinada ao trigo, para não se depender tanto da Argentina. A cotação do trigo no mercado baixou porque a primavera chuvosa augura uma maior colheita no" Wheat Belt". De algum modo(ser crente e cientista), representa um tipo de esquizofrenia,segundo um catedrático espanhol.
Quando há tanta gente com fome,sem tecto,sem água,sem esperança,sem nada...
Aznar,doutor pela Universidade de Georgetown,Washington DC,e nela professor,classifica de "autênticos disparates"as posições de Hilary Clinton e de Obama quanto ao Tratado de Livre Comércio. A polícia brasileira mata onze suspeitos de narcotráfego,na favela Cidade de Deus,Rio de Janeiro. A China aceita dialogar com o Dalai Lama. Colômbia ordena a detenção de ex-congressista que permitiu a reeleição de Álvaro Uribe. Mugabe endurece a repressão e detém 100 opositores. Óleo de girassol,proveniente da Ucrânia,contém óleos minerais. Os regantes não vendem água a Barcelona. O preço do "crude" foi acrescido de 3 dólares. Foram absolvidos três polícias que crivaram de balas alguém. A agência atómica da ONU investiga o plano nuclear da Síria. Lula vai aumentar a área destinada ao trigo, para não se depender tanto da Argentina. A cotação do trigo no mercado baixou porque a primavera chuvosa augura uma maior colheita no" Wheat Belt". De algum modo(ser crente e cientista), representa um tipo de esquizofrenia,segundo um catedrático espanhol.
Quando há tanta gente com fome,sem tecto,sem água,sem esperança,sem nada...
sexta-feira, 25 de abril de 2008
PARQUES NATURAIS DOS EUA
O que ali vai,por aqueles EUA,de parques naturais. O National Park Service se encarrega de os apresentar,de A a Z. É um nunca mais acabar. Naturalmente, há uns mais apelativos do que outros. Mas, sem dúvida,estão na linha da frente o Grand Canyon,o Yellowstone,o Yosemite,o Everglades,o Sequoia e Kings Canyon,o Death Valley,o Petrified Forest,o Denali,o Mount Rushmore.
De arrasar,tanta riqueza. Que maravilhas ali estão. Quase tudo do âmbito do "fiat",do que a natureza deu.
É claro que ,de vez em quando, haverá tentações para facilitar a observação,como há tempos sucedeu no Grand Canyon,com o Skywalk . Agora,já o mirone,extasiado,pode passear por cima do desfiladeiro,já não tem que se debruçar.
Imagem retirada do Flickr,by cobalt123
quinta-feira, 24 de abril de 2008
CUMBRIA
Uma das mais belas regiões do Reino Unido,a ocidente dos condados de Northumberland e de Durham. É aqui que fica o Lake District National Park. Muitos "lakes",muitos" tarns",muitos "valleys",muitos "dales",muitos "fells",muitos"crags",muitos"pikes",muitos "paths". E o verde,sempre o verde,onde engordam carneiros e vaquinhas. E as maneirinhas "towns"e"villages" rurais,de lavados ares. O paraíso dos que querem fugir ao bulício urbano. Não há planuras,mas a "montanha" de maior respeito,o Scafell Pike,não atinge mil metros.
Lake Windermere. Imagem retirada do Visit Cumbria
quarta-feira, 23 de abril de 2008
AQUELA MÃO
Não se esperava vê-lo,ali,naquele laboratório. Foi,de facto,uma grande surpresa. Ali estava ele,colhendo,placidamente,de uma garrafa com vinho,uma amostra para análise.
Aquela mão,que tantas vezes se fincara,de uma maneira que só ele sabia,em peles ásperas de toiros,segurava,agora,com delicadeza,a haste fina de uma pipeta. E em vez de jaqueta,no geral,salpicada de sangue,envergava,agora,uma bata impecavelmente branca.
Estava só,naquela vasta sala. Tal como tantas vezes estivera em tantas pegas de cernelha.
Aquela mão,que tantas vezes se fincara,de uma maneira que só ele sabia,em peles ásperas de toiros,segurava,agora,com delicadeza,a haste fina de uma pipeta. E em vez de jaqueta,no geral,salpicada de sangue,envergava,agora,uma bata impecavelmente branca.
Estava só,naquela vasta sala. Tal como tantas vezes estivera em tantas pegas de cernelha.
terça-feira, 22 de abril de 2008
AS SUAS CARRIPANAS
Os velhos carros vão ficando como os seus donos,cheios de mazelas,a cobrirem-se de ferrugem. São os seus carros. E mal saem de casa,pela manhazinha,vão logo visitá-los,não tivessem levado sumiço ou sido aliviados de uma ou mais peças. É que eles dormem em plena rua,sujeitos à cobiça de qualquer um.
Mas quem é que havia de querer aquelas velharias? Só algum mais avinhado ou de outra droga muito carente. E é o que por vezes acontece,o que os traz muito ralados. Já uma pessoa não pode dormir tranquila.
Compreende-se muito bem tão forte apego. Custaram-lhes os olhos da cara. Passaram,até,privações. Mas tinha de ser,pois não podiam ficar para trás. O que é que haveriam de pensar? Fora como que uma promoção,e agora não querem descer de patente.
Mantém-nos asseados,de cara sempre lavada. Periodicamente,entram nele para pôr o motor a trabalhar e ouvir o rádio em surdina,o supremo gozo. De vez em quando,mudam-no de sítio para dar uma voltinha. Mas é isto uma apoquentação,pois a concorrência é muita e os espaços não abundam. Só os vizinhos é que dão conta,mas já não comentam. Outros é que são capazes de ter pena deles. Coitados,como estão acabados,eles e as suas carripanas.
Mas quem é que havia de querer aquelas velharias? Só algum mais avinhado ou de outra droga muito carente. E é o que por vezes acontece,o que os traz muito ralados. Já uma pessoa não pode dormir tranquila.
Compreende-se muito bem tão forte apego. Custaram-lhes os olhos da cara. Passaram,até,privações. Mas tinha de ser,pois não podiam ficar para trás. O que é que haveriam de pensar? Fora como que uma promoção,e agora não querem descer de patente.
Mantém-nos asseados,de cara sempre lavada. Periodicamente,entram nele para pôr o motor a trabalhar e ouvir o rádio em surdina,o supremo gozo. De vez em quando,mudam-no de sítio para dar uma voltinha. Mas é isto uma apoquentação,pois a concorrência é muita e os espaços não abundam. Só os vizinhos é que dão conta,mas já não comentam. Outros é que são capazes de ter pena deles. Coitados,como estão acabados,eles e as suas carripanas.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
DIÁRIO XVI
Coimbra,11 de Janeiro de 1990
PÓRTICO
Aqui começa a nova caminhada.
Se a levar ao fim,darei louvores a Deus,
Como meu Pai,ao despegar
Do dia ganho.
Não por haver chegado,
Mas ter acrescentado
Um palmo de ilusão ao meu tamanho.
Coimbra,10 de Dezembro de 1993
REQUIEM POR MIM
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido de corpo
E tolhido de alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me comprisse como porfiei,
E caísse de pé,num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E ,em largo oceano,eternizar
O seu eplendor torrencial de rio.
Miguel Torga(1907-1995)
PÓRTICO
Aqui começa a nova caminhada.
Se a levar ao fim,darei louvores a Deus,
Como meu Pai,ao despegar
Do dia ganho.
Não por haver chegado,
Mas ter acrescentado
Um palmo de ilusão ao meu tamanho.
Coimbra,10 de Dezembro de 1993
REQUIEM POR MIM
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido de corpo
E tolhido de alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me comprisse como porfiei,
E caísse de pé,num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E ,em largo oceano,eternizar
O seu eplendor torrencial de rio.
Miguel Torga(1907-1995)
CATARATAS
Cataratas,quedas de água,é o que não faltam por esses rios além. Umas maneirinhas,umas assim-asim,umas monumentais,como as do Niágara,uma delas,a do Canadá,suplantando a dos EUA . Uma ilha as separa,a ilha das cabras(goat island) ,e a do Canadá desaba numa pata de cavalo(horseshoe).
Imagem retirada da Wikipedia
O BURRINHO
domingo, 20 de abril de 2008
MACAO
Uma região administrativa especial da China,com as suas próprias leis,resultado de "um país,dois sistemas".
O Centro Histórico é Património da Humanidade,nele se incluindo as Ruínas de São Paulo,a Igreja de S.Domingos,o Farol da Guia,as Fortificações,o Cemitério.
From Joshua Kurlantzick, in Raising Stakes:"Today,the enclave has 23 foreign and domestic casinos,with many more on the drawing board. Last year,Macao even outstripped Las Vegas with $6.8 billion in casino revenues,compared to Sin City's $6.5 billion.
Ruínas de São Paulo,from Wikipedia.
SOBRE THE MAIAS
A quando da publicação de The Maias,em Março de 2007,com tradução de Margaret Jull Costa,nove Reviews,pelo menos,deram conta de tão magno acontecimento:
Keith Richmond in Tribune
Publisher Weekly starred review
Jonathan Keates in the Times Literary Supplement
Sharon Diamond in The Western Daily Press
Michael Kerrigan in The Scotsman
Alan Riding inThe New York Times
Macela Valdes in The Nation
Michael Wood in The London Review of Books
Em Publisher Weekly Review ,vem:The neglect of the big Iberian 19th-century novelists-Galdós,Clarin and Queirós-remains a puzzle.
Em Library Journal Review,Maryland,escreve-se,também:The great saga(1888)by Portugal's greatest realistic writer has never gotten its due in the English-speaking world,which is ironic since much of it was written while its author served in the Portuguese consulate in England.
Dedalus Books,na indicação das Reviews,inclui, também ,o comentário de Saramago:"The greatest book by Portugal's greatest novelist".
Keith Richmond in Tribune
Publisher Weekly starred review
Jonathan Keates in the Times Literary Supplement
Sharon Diamond in The Western Daily Press
Michael Kerrigan in The Scotsman
Alan Riding inThe New York Times
Macela Valdes in The Nation
Michael Wood in The London Review of Books
Em Publisher Weekly Review ,vem:The neglect of the big Iberian 19th-century novelists-Galdós,Clarin and Queirós-remains a puzzle.
Em Library Journal Review,Maryland,escreve-se,também:The great saga(1888)by Portugal's greatest realistic writer has never gotten its due in the English-speaking world,which is ironic since much of it was written while its author served in the Portuguese consulate in England.
Dedalus Books,na indicação das Reviews,inclui, também ,o comentário de Saramago:"The greatest book by Portugal's greatest novelist".
Etiquetas:
Eça de Queirós,
Estados Unidos,
Reino Unido
sábado, 19 de abril de 2008
"MAROMBA" DO DOURO
Uma antiga doença das vinhas do Douro,de arrastada solução. O seu tratamento só chegou por meados do século XX,por via de pesquisa feita pelo Eng.Agrónomo Humberto Francisco Dias. Sobre ela,há,pelo menos,três referências:
1.Informação sobre a"maromba" do Douro:seu tratamento. Pelo Eng.Agrónomo Humberto Francisco Dias . Boletim da Casa do Douro 1953
2.Informação sobre a "maromba" do Douro. Por Humberto Francisco Dias
Federação dos Vinicultores da Região do Douro 1977
3.Estação Agronómica Nacional. Por Ário Lobo de Azevedo.
In Dicionário da História de Portugal,de Joel Serrão,continuado por António Barreto e Maria Filomena Mónica.
1.Informação sobre a"maromba" do Douro:seu tratamento. Pelo Eng.Agrónomo Humberto Francisco Dias . Boletim da Casa do Douro 1953
2.Informação sobre a "maromba" do Douro. Por Humberto Francisco Dias
Federação dos Vinicultores da Região do Douro 1977
3.Estação Agronómica Nacional. Por Ário Lobo de Azevedo.
In Dicionário da História de Portugal,de Joel Serrão,continuado por António Barreto e Maria Filomena Mónica.
Imagem retirada do Flickr,by César Augusto
Etiquetas:
Agricultura,
Fotografias,
Um pouco de Química
LAMENTAÇÕES V
"Se é vida este jogar a ser jogado
Nesta ora adoração do próprio umbigo
Ora ânsia de exceder curvo ou quadrado
De qualquer vento ou de qualquer postigo,
Se é vida o expresso ou contraído brado
Deste lutar com todos e comigo,
Se é vida este contínuo e fruste parto,
Vivi,Senhor!,vivi!mas caí farto.
...
Já sei que,enfim,não tenho nada
Do que os mais homens julgam ter:
...
Tudo perdi,não tenho nada
Mais que esta sombra neste chão...
...
Estou mais seco do que um muro!
Tudo perdi,não tenho nada:
Só o vento,o so,a chuva,a lua,
Como um mendigo numa estrada
Que só por ser comum é sua.
...
E abre-te,mundo!abre-te,céu!
Abre-te a quem tudo perdeu,
...
Do meu de aqui,
Tudo perdi,não tenho nada.
Estou nu,posso
Recuperar quanto perdi
Mas não já nada do só nosso
Nem sequer sombra,sequer chão,
Sequer estrada...
José Régio
Nesta ora adoração do próprio umbigo
Ora ânsia de exceder curvo ou quadrado
De qualquer vento ou de qualquer postigo,
Se é vida o expresso ou contraído brado
Deste lutar com todos e comigo,
Se é vida este contínuo e fruste parto,
Vivi,Senhor!,vivi!mas caí farto.
...
Já sei que,enfim,não tenho nada
Do que os mais homens julgam ter:
...
Tudo perdi,não tenho nada
Mais que esta sombra neste chão...
...
Estou mais seco do que um muro!
Tudo perdi,não tenho nada:
Só o vento,o so,a chuva,a lua,
Como um mendigo numa estrada
Que só por ser comum é sua.
...
E abre-te,mundo!abre-te,céu!
Abre-te a quem tudo perdeu,
...
Do meu de aqui,
Tudo perdi,não tenho nada.
Estou nu,posso
Recuperar quanto perdi
Mas não já nada do só nosso
Nem sequer sombra,sequer chão,
Sequer estrada...
José Régio
LAMENTAÇÕES IV
"Que é o livro mais triste que há em Portugal!
...Fiquei sempre sequinho,amarelo,
Que nem uma tocha.
...
As oliveiras secaram,
Morreram as vacas,perdi as ovelhas,
Saíram-me os Ladrões,só me deixaram
As velas do moinho...mas rotas e velhas!
...
Ao Mundo vim,mas enganado.
Sinto-me farto de viver:
Vi o que ele era,estou maçado.
...
Basta,por Deus!vamos dormir...
...
Na vida que a dor povoa,
Há uma só coisa boa,
Que é dormir,dormir,dormir...
Tudo vai bem sem se sentir.
...
Moços do meu País!vereis então
O que é esta Vida,o que é que vos separa...
Toda uma Sexta-Feira de Paixão!
...
Nunca me houvesses dado à luz ,Senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem,mágica bebida!
Fora melhor não ter nascido,fora,
Do que andar,como eu ando,degredado
Por esta Costa de África da Vida.
...
Coragem!Considera o que hás sofrido,
O que sofres e o que ainda sofrerás,
E vê,depois,se acaso é permitido
Tal medo à Morte,tanto apego ao Mundo:
A!fora bem melhor ,vás onde vás,
António,que o Paquete fosse ao fundo!
...
Antes não ter nascido. Ó morte,vem buscar-me...
...
Jesus!Jesus!Jesus!
Ah quanto foi bem pior que a tua a minha cruz!
...
Horror!horror!horror!Que miserável sorte!
...
E comparai,depois,a vossa história à minha.
Haveis de ver,então,ó Pais de nossos Pais!
Que eu hei sofrido mais na minha mocidade,
Do que sofrestes vós num século...Muito mais!
...
Que pecado Senhor!ou grande erro
No mundo cometi que me dás tantos
Trabalhos,como na África em desterro?
...
António Nobre
...Fiquei sempre sequinho,amarelo,
Que nem uma tocha.
...
As oliveiras secaram,
Morreram as vacas,perdi as ovelhas,
Saíram-me os Ladrões,só me deixaram
As velas do moinho...mas rotas e velhas!
...
Ao Mundo vim,mas enganado.
Sinto-me farto de viver:
Vi o que ele era,estou maçado.
...
Basta,por Deus!vamos dormir...
...
Na vida que a dor povoa,
Há uma só coisa boa,
Que é dormir,dormir,dormir...
Tudo vai bem sem se sentir.
...
Moços do meu País!vereis então
O que é esta Vida,o que é que vos separa...
Toda uma Sexta-Feira de Paixão!
...
Nunca me houvesses dado à luz ,Senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem,mágica bebida!
Fora melhor não ter nascido,fora,
Do que andar,como eu ando,degredado
Por esta Costa de África da Vida.
...
Coragem!Considera o que hás sofrido,
O que sofres e o que ainda sofrerás,
E vê,depois,se acaso é permitido
Tal medo à Morte,tanto apego ao Mundo:
A!fora bem melhor ,vás onde vás,
António,que o Paquete fosse ao fundo!
...
Antes não ter nascido. Ó morte,vem buscar-me...
...
Jesus!Jesus!Jesus!
Ah quanto foi bem pior que a tua a minha cruz!
...
Horror!horror!horror!Que miserável sorte!
...
E comparai,depois,a vossa história à minha.
Haveis de ver,então,ó Pais de nossos Pais!
Que eu hei sofrido mais na minha mocidade,
Do que sofrestes vós num século...Muito mais!
...
Que pecado Senhor!ou grande erro
No mundo cometi que me dás tantos
Trabalhos,como na África em desterro?
...
António Nobre
LAMENTAÇÕES III
"De suspirar em vão já fatigado
Dando trégua a meus males,eu dormia;
Eis que junto de mim sonhei que via
Da Morte o gesto lívido e mirrado.
...
Eu venho terminar tua agonia;
Morre,não penes mais,ó desgraçado!
...
Ah!,não me roubou tudo a negra Sorte;
Inda tenho este abrigo,inda me resta
O pranto,a queixa,a solidão e a morte.
...
Camões,grande Camões,quão semelhante
Acho teu fado ao meu,quando os cotejo!
...
Ludíbrio, como tu,da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu,pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
...
Deus,oh meu Deus!...Quando a morte à luz me roube
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.
...
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
...
Bocage
Dando trégua a meus males,eu dormia;
Eis que junto de mim sonhei que via
Da Morte o gesto lívido e mirrado.
...
Eu venho terminar tua agonia;
Morre,não penes mais,ó desgraçado!
...
Ah!,não me roubou tudo a negra Sorte;
Inda tenho este abrigo,inda me resta
O pranto,a queixa,a solidão e a morte.
...
Camões,grande Camões,quão semelhante
Acho teu fado ao meu,quando os cotejo!
...
Ludíbrio, como tu,da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu,pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
...
Deus,oh meu Deus!...Quando a morte à luz me roube
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.
...
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
...
Bocage
LAMENTAÇÕES II
"O dia em que eu nasci moura e pereça,
não o queira jamais o tempo dar,
não torne mais ao mundo,e,se tornar,
eclipse nesse passo o Sol padeça.
A luz lhe falte,o Sol se lhe escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros,sangue chova o ar,
a mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas,de ignorantes,
as lágrimas no rosto,a cor perdida,
cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa,não te espantes,
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu!"
Camões
não o queira jamais o tempo dar,
não torne mais ao mundo,e,se tornar,
eclipse nesse passo o Sol padeça.
A luz lhe falte,o Sol se lhe escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros,sangue chova o ar,
a mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas,de ignorantes,
as lágrimas no rosto,a cor perdida,
cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa,não te espantes,
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu!"
Camões
LAMENTAÇÕES I
"Desapareça o dia em que nasci.
a noite em que se disse:"É um rapaz!"
Que esse dia se transforme em escuridão;
que Deus,lá do alto,deixe de cuidar dele
e que a luz não o venha iluminar!
Que a escuridão mais sombria se apodere dele
...
Que as trevas dominem aquela noite,
...
Que essa noite seja declarada estéril
...
Que as suas estrelas da manhã escureçam,
...
Porque é que eu não morri ao nascer
expirando logo ao sair do ventre materno'
...
Quem me dera ter sido como um aborto que se enterra,
como feto que não chegou a ver o dia.
..."
De o livro de Job
a noite em que se disse:"É um rapaz!"
Que esse dia se transforme em escuridão;
que Deus,lá do alto,deixe de cuidar dele
e que a luz não o venha iluminar!
Que a escuridão mais sombria se apodere dele
...
Que as trevas dominem aquela noite,
...
Que essa noite seja declarada estéril
...
Que as suas estrelas da manhã escureçam,
...
Porque é que eu não morri ao nascer
expirando logo ao sair do ventre materno'
...
Quem me dera ter sido como um aborto que se enterra,
como feto que não chegou a ver o dia.
..."
De o livro de Job
DE QUEM SERÁ?
Um homem pode tanto em sua casa,que, mesmo depois de morto, são precisos quatro para o levar.
AOS DEZASSEIS ANOS
Em plena guerra mundial.
Vagueava entristecido pelo mundo
Lastimando a hora em que vira a luz,
Tentando esquecer deste mar profundo
O mal que o embravece e que o conduz.
Uma vez em que olhava para o céu estrelado,
Pensando na Justiça do Senhor,
Pareceu-lhe ver,em traço dourado,
As meigas palavras- Paz e Amor.
As lágrimas correram-lhe pelo rosto.
É que ele sabia quão pesada era
Divisa tão leve a um ser humano.
Onde a vileza está é o nosso posto.
Nada nos tira a condição de fera,
Porque isso seria para nós um dano.
Autor desconhecido
Constou,na altura,que,de tanto ter penado,a fonte se lhe secara. Ainda bem,ouviu-se de alguns. É que, a continuar,o desastre seria ainda maior.
Vagueava entristecido pelo mundo
Lastimando a hora em que vira a luz,
Tentando esquecer deste mar profundo
O mal que o embravece e que o conduz.
Uma vez em que olhava para o céu estrelado,
Pensando na Justiça do Senhor,
Pareceu-lhe ver,em traço dourado,
As meigas palavras- Paz e Amor.
As lágrimas correram-lhe pelo rosto.
É que ele sabia quão pesada era
Divisa tão leve a um ser humano.
Onde a vileza está é o nosso posto.
Nada nos tira a condição de fera,
Porque isso seria para nós um dano.
Autor desconhecido
Constou,na altura,que,de tanto ter penado,a fonte se lhe secara. Ainda bem,ouviu-se de alguns. É que, a continuar,o desastre seria ainda maior.
SINAIS DOS TEMPOS
Devido à alta dos preços,a ONU pede mais dinheiro para ajuda alimentar. Crise hipotecária leva o Citigroup a milhares de despedimentos.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
SOBE E DESCE NOS PREÇOS
A gasolina sobe devido a uma maior procura. O arroz atinge um máximo para garantir reservas. O ouro desce devido à recuperação do dólar. Com a prata sucede o mesmo. O trigo e o cacau têm igual sorte,talvez por idêntica razão. Enfim,uma dança,a dança do costume.
É o Mercado uma Personagem muito sensível,dada a pânicos e a especulações. Parece estar a precisar de tratamento.
É o Mercado uma Personagem muito sensível,dada a pânicos e a especulações. Parece estar a precisar de tratamento.
MIGUEL ÂNGELO
Pobre Miguel Ângelo,a ajuizar de uma biografia ,por Romain Rolland,Prémio Nobel. As mágoas que teve de suportar,sobretudo,as que vieram de oficiais do mesmo ofício,Bramante e Rafael,seus encarniçados inimigos,e as da sua própria família,pai e irmãos,que o exploraram,sem um mínimo sinal de reconhecimento. Só um génio poderia resistir a tanto sofrimento.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
DE OURO
Julgam-se os melhores. Põem o peito para fora,engrossam a voz,olham de cima ou de lado. Querem ser sempre os primeiros. Ficarem em segundos,já é a morte. Sabem tudo. Ignoram os outros. Fazem-se esquecidos. Não citam,não aludem,não elogiam. Silenciam,secam,apagam,destroem. Não dizem uma graça. Sempre muito sérios. São de ferro,ou melhor,de ouro. Nada entra com eles. Sempre atarefados. O dia devia ter o dobro ou o triplo das horas. Andam a correr. É uma pena não poderem voar. São imprescindíveis. São eternos. Uns eleitos. Uns miraculados. Uns predestinados.
Depois,usam uma linguagem lá muito deles. Essa já tem barbas. Há que séculos ouvi isso. É natural. É evidente. Até uma criança. Que admiração. Até um burro. Que coisa tão velha. Não é nada disso. Não é bem assim. Eu já sabia. Só agora é que descobriste? Sempre andas muito atrasado. Olha a novidade. Que disparate. És mesmo burro. Tivesses feito como eu. Via-se logo que seria um fiasco. É preciso ter olho. Estás tão velho. Ainda não morreste? És um pedante,um homem das arábias,metido lá com as tuas fantasias. O meu filho é muito esperto,é muito inteligente,não há outro. Não é por ser meu filho,mas está ali um sábio. De onde é que ele copiou isso? Aquilo não custa nada,é só dar à manivela. É um ofício como outro qualquer.
Depois,usam uma linguagem lá muito deles. Essa já tem barbas. Há que séculos ouvi isso. É natural. É evidente. Até uma criança. Que admiração. Até um burro. Que coisa tão velha. Não é nada disso. Não é bem assim. Eu já sabia. Só agora é que descobriste? Sempre andas muito atrasado. Olha a novidade. Que disparate. És mesmo burro. Tivesses feito como eu. Via-se logo que seria um fiasco. É preciso ter olho. Estás tão velho. Ainda não morreste? És um pedante,um homem das arábias,metido lá com as tuas fantasias. O meu filho é muito esperto,é muito inteligente,não há outro. Não é por ser meu filho,mas está ali um sábio. De onde é que ele copiou isso? Aquilo não custa nada,é só dar à manivela. É um ofício como outro qualquer.
GRAFITOS
Há de nível vário,segundo os entendidos. Os de Banksy são dos melhores. Parece ser destes, um que se pode ver junto à estação de caminho de ferro da Cruz Quebrada. Vale a pena ir até lá. É a cabeça de um jovem,a negro. Aqueles olhos. Misteriosos. Espanto? Interrogação? Surpresa? É capaz de não durar muito,que a caliça está com pressa de cair.
No Bairro Alto,Lisboa-imagem de Paulo Gama
FOI SEMPRE ASSIM
Porque é que se havia de mudar?
Por cada um dos bons que morre,matam-se dez,cem,mil,dos maus. Acaba-se-lhes com a raça maldita.
O que vale são os do terceiro ou quarto mundos,que não há meio de imitarem os do primeiro. A população deste grão de areia,que gravita sem descanso,suspenso no espaço imenso,como que perdido, apsar dos massacres e de outros males,lá vai crescendo a ollhos vistos.
Qualquer dia,não há hortaliças que cheguem,como diria o Eça.
Só escaparão os micróbios,que,como ontem um sábio dizia,vencem sempre.
Por cada um dos bons que morre,matam-se dez,cem,mil,dos maus. Acaba-se-lhes com a raça maldita.
O que vale são os do terceiro ou quarto mundos,que não há meio de imitarem os do primeiro. A população deste grão de areia,que gravita sem descanso,suspenso no espaço imenso,como que perdido, apsar dos massacres e de outros males,lá vai crescendo a ollhos vistos.
Qualquer dia,não há hortaliças que cheguem,como diria o Eça.
Só escaparão os micróbios,que,como ontem um sábio dizia,vencem sempre.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
É DE ARRASAR
É um nunca mais acabar de prendas. Ainda há pouco foi o Cervantestv,a Biblioteca Digital Hispánica,o Flickr Commons, em colaboração com The Library of Congress,a Encyclopedia of Life,o Ted Talks List,o Free online MIT Courses,as Berkley Classes,para, agora,ser a Encyclopedia of Mass Violence.
É de um pobre não saber a que porta bater ou de um navegante em que porto tocar. É de arrasar. Isto,para não falar das News,das Reviews,dos Journals,do National Geographic. É de ficar doente. Felizmente que já há tratamento,em clínicas,pelo menos, dos States,para esta novíssima doença. Basta apanhar um voo de saldo. É quase de graça. E as Libraries,e os Museums? Isto,para não referir,também, os blogues,aos milhões,para todos os gostos,mesmo os mais exigentes ou disparatados. Destes,de todos os blogues,não é de perder o do PP,inexcedível,em quantidade e qualidade.
Ai o engraçadinho , a alardear,está-se a ouvir bem daqui. Pois é,há os engraçadinhos,e , também, os sériozinhos,os que nunca contam uma anedota,porque é reles,porque é feio,porque não sabem mesmo. Há de tudo,como se costumava dizer das farmácias,como se diz,modernamente,dos hipermercados. É a feira,é o espectáculo. Ainda bem que os há,os engraçadinhos. Com tanta tristeza a derramar-se por este pobre mundo,que haja,ao menos,um riso amarelo. E ponto final.
É de um pobre não saber a que porta bater ou de um navegante em que porto tocar. É de arrasar. Isto,para não falar das News,das Reviews,dos Journals,do National Geographic. É de ficar doente. Felizmente que já há tratamento,em clínicas,pelo menos, dos States,para esta novíssima doença. Basta apanhar um voo de saldo. É quase de graça. E as Libraries,e os Museums? Isto,para não referir,também, os blogues,aos milhões,para todos os gostos,mesmo os mais exigentes ou disparatados. Destes,de todos os blogues,não é de perder o do PP,inexcedível,em quantidade e qualidade.
Ai o engraçadinho , a alardear,está-se a ouvir bem daqui. Pois é,há os engraçadinhos,e , também, os sériozinhos,os que nunca contam uma anedota,porque é reles,porque é feio,porque não sabem mesmo. Há de tudo,como se costumava dizer das farmácias,como se diz,modernamente,dos hipermercados. É a feira,é o espectáculo. Ainda bem que os há,os engraçadinhos. Com tanta tristeza a derramar-se por este pobre mundo,que haja,ao menos,um riso amarelo. E ponto final.
O NÚMERO DOIS
Deus e Diabo.Bem e Mal. Rico e Pobre. Macho e Fêmea. Bom e Mau.Sim e Não. Palácio e Casebre.
Sobe e Desce. Masculino e Feminino. Direita e Esquerda. Tudo e Nada. Feio e Bonito. Caos e Ordem.
Forte e Fraco. Justo e Injusto. Mausoléu e Vala Comum. Vida e Morte. Mais e Menos.
Par e Impar. Cara e Coroa. Norte e Sul. Céu e Terra. A Dupla Hélice. Verdade e Mentira. Amor e Ódio. Escravo e Homem Livre. Senhor e Servo. Velho e Novo. Quente e Frio. Este e Oeste.
Santo e Pecador. O número dois.
Sobe e Desce. Masculino e Feminino. Direita e Esquerda. Tudo e Nada. Feio e Bonito. Caos e Ordem.
Forte e Fraco. Justo e Injusto. Mausoléu e Vala Comum. Vida e Morte. Mais e Menos.
Par e Impar. Cara e Coroa. Norte e Sul. Céu e Terra. A Dupla Hélice. Verdade e Mentira. Amor e Ódio. Escravo e Homem Livre. Senhor e Servo. Velho e Novo. Quente e Frio. Este e Oeste.
Santo e Pecador. O número dois.
terça-feira, 15 de abril de 2008
AO MESMO CLUBE
A coisa conta-se depressa.
A mocinha negra dava clara indicação de que muito em breve germinaria. E aproveitou,interpretando correcta,ligeira e prazenteiramente a condição daquela fila. Também tinha direito,pois então,ela que não estaria habituada a tal cortesia.
O que ela foi fazer. Uma velha,daquelas tronchudas e mal encaradas,logo reagiu. Qualquer dia também arranjo uma almofada.
Mas não se ficou por aqui. A menina da caixa,por sinal,negra também,que viera com justificações,levou igualmente a sua conta. Vê-se mesmo que pertencem ao mesmo clube.
A mocinha negra dava clara indicação de que muito em breve germinaria. E aproveitou,interpretando correcta,ligeira e prazenteiramente a condição daquela fila. Também tinha direito,pois então,ela que não estaria habituada a tal cortesia.
O que ela foi fazer. Uma velha,daquelas tronchudas e mal encaradas,logo reagiu. Qualquer dia também arranjo uma almofada.
Mas não se ficou por aqui. A menina da caixa,por sinal,negra também,que viera com justificações,levou igualmente a sua conta. Vê-se mesmo que pertencem ao mesmo clube.
LUTA PELA VIDA
Quantos somos nós? Eu sei lá.Um só,não somos,quando se não é já criança. Mas depois,ser-se-á jovem,adulto,velho,revelho. E é nesta sequência que outros podem aparecer. O número variará certamente. Não haverá,talvez,muitos como o Pessoa,do qual se contam dezenas. É que há a vida,com as etapas dela,os acidentes dela. Há que sobreviver. De resto,há o princípio da conservação do indivíduo,para além do da espécie. É a luta pela vida,uma vida cheia de surpresas,de alçapões,de cascas de banana,de silêncios,de apagões. E por isso aí estão o salve-se quem puder,os vira-casacas,o politicamente correcto,os videirinhos,os oportunistas. Não há que estranhar,não há que levar a mal. Sabe-se lá o porquê dos procedimentos. É a vida,com a sua dureza,os seus imprevistos,as suas exigências,quantas delas inesperadas. É o diabo que está muitas vezes atrás das portas,á espera da primeira oportunidade. E,às vezes, é muito exigente o diabo. Quer a alma,e quando ele insiste é o diabo.
Haverá excepções,haverá resistentes. Os de uma só cara,dum só parecer,os antes quebrar que torcer. Terão costela de mártir,de santo,que gostariam de que outros há sua beira os imitassem,não tendo eles essa costela.
Haverá excepções,haverá resistentes. Os de uma só cara,dum só parecer,os antes quebrar que torcer. Terão costela de mártir,de santo,que gostariam de que outros há sua beira os imitassem,não tendo eles essa costela.
FORA DE MODA
Vozes inesperadas apelam à intervenção do Estado,do Estado-Providência,que estaria fora de moda. Que coisa transcendente teria acontecido ,para este passo de todo imprevisto? Andará aqui mãozinha de extraterrestre,que há para aí mundos incontáveis? É de se estar ralado.
DE DRAMA
Alguém,muito,muito rico,acabava de vencer umas eleições. E dele veio,por via indirecta, este aviso, nas suas primeiras palavras:os tempos próximos vão ser maus. Isto de um "seguro" mandar recados destes a inseguros é cómico,para não dizer trágico. É,pelo menos,de drama.
QUE DIFERENÇA
A beleza da criação. A beleza das plantas,das ervinhas,das flores,dos arbustos,das árvores,das florestas,das montanhas,dos rios,das cataratas,dos ribeiros,dos riachos,das margens,das nascentes,das neves,dos mares,dos lagos,dos laguinhos,dos vales,dos desfiladeiros,das baías,dos cabos,das escarpas,das rias,dos fiordes,das estepes,dos glaciares,das grutas,dos pôr do sol,das auroras,das nuvens,das estrelas,do céu.
Aquelas colunas,aquelas hastes,aquelas abóbodas,aquelas formas,aquelas cores,aquela delicadeza,aquela leveza,aquela imensidão,aquele recato,aquele segredar,aquele silêncio.
Tudo de graça. Só com um "fiat".
A beleza dos palácios,dos jardins,dos relvados,das estátuas,das colunatas,das catedrais,das igrejinhas,dos painéis,dos vitrais,das esculturas,dos castelos,das torres,das pontes,das mesquitas,dos templos budistas,dos templos núbios,das pirâmides,das ruínas incas,das ruínas aztecas,das ruínas romanas,das ruínas persas,das ruínas gregas.
O dinheirinho que ali está. O trabalhão que ali está,algum de cores muito tristes.
Que diferença.
Aquelas colunas,aquelas hastes,aquelas abóbodas,aquelas formas,aquelas cores,aquela delicadeza,aquela leveza,aquela imensidão,aquele recato,aquele segredar,aquele silêncio.
Tudo de graça. Só com um "fiat".
A beleza dos palácios,dos jardins,dos relvados,das estátuas,das colunatas,das catedrais,das igrejinhas,dos painéis,dos vitrais,das esculturas,dos castelos,das torres,das pontes,das mesquitas,dos templos budistas,dos templos núbios,das pirâmides,das ruínas incas,das ruínas aztecas,das ruínas romanas,das ruínas persas,das ruínas gregas.
O dinheirinho que ali está. O trabalhão que ali está,algum de cores muito tristes.
Que diferença.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
SEBASTIÃO SALGADO
Brasileiro. Um grande nome na fotografia de carácter social. Montes de prémios. Impressionantes,os seus registos nas minas de ouro da Serra Pelada.
BELUGA SKYSAILS
Empresa alemã que fabrica velas para navios. Um regresso ao passado,a pensar no futuro. É um complemento e não uma substituição. Poupa-se combustível. As embarcações ganham também em elegância.
COITADOS DOS BICHINHOS
Não os deixam sossegados. Ontem foram focas. Um dia destes,serão lobos. Há uns tempos, tocou a baleias. Dizem que são demais.
LUIS II DA BAVIERA(1845-1886)
Protector de Wagner. A ele se deve a construção de três grandes palácios,que são,hoje, três grandes atracções turísticas. Alguém se entreteve a calcular o custo de um deles. Foram só mais de 100 biliões de dólares. Uma quantia sem importância.
ENTRETÉNS
A sorte daqueles gatos. Tomaram muitos,gatos e não só. A comida,uma comida especial,sempre pronta. Para as necessidades,areia perfumada. Um luxo. Até de médico eram servidos. Eles também tudo mereciam,pois não havia melhores companheiros.
Veio-se disto a saber,à vista de alguns sacos indiscretos. Eram cinco os queridos. Um,da velhota,que estava para lá acamada há um ror de tempo. Era o seu entretém. O gatinho também a preferia. Só a abandonava quando tinha de ir à casa de banho. Um amigo fiel.
Os outros estavam ao cuidado da filha. Era perdida por gatos. A vontade dela era ter mais,ms a casita não dava. Tinha de ter paciência. Mas aquilo era uma séria paixão.
O velhote parecia conformado. Estaria,talvez,satisfeito por as ver entretidas. O serviço de recoveiro seria,também,um dos seus entreténs.
Veio-se disto a saber,à vista de alguns sacos indiscretos. Eram cinco os queridos. Um,da velhota,que estava para lá acamada há um ror de tempo. Era o seu entretém. O gatinho também a preferia. Só a abandonava quando tinha de ir à casa de banho. Um amigo fiel.
Os outros estavam ao cuidado da filha. Era perdida por gatos. A vontade dela era ter mais,ms a casita não dava. Tinha de ter paciência. Mas aquilo era uma séria paixão.
O velhote parecia conformado. Estaria,talvez,satisfeito por as ver entretidas. O serviço de recoveiro seria,também,um dos seus entreténs.
TODOS UNIDOS
Há horas de sorte e aquela fora uma delas. Ele estava lá,com a sua câmara,em sítio certo. E foi só registar o que se ia desenrolando,extasiado.
Uma respeitável família de búfalos lá ia à sua vida,caminhando à beira-rio. No comando,como mandam as boas regras,vinha o patriarca,de grossa armação,com olhos,certamente, bem abertos,que por ali havia muitos inimigos.
Eles lá estavam,de facto,à espera,aguçando a dentuça,com água nas bocarras. Seriam uns sete ou oito leões,colados ao chão,como que a esconderem-se.
Mal o patriarca os avistou,fez o que teria já feito vezes sem conta. Há pernas para que vos quero.
E foi uma debandada geral,o salve-se quem puder.
E os leões,por sua vez,fizeram, também, o que já teriam feito vezes sem conta. Ai dos fracos,dos pequeninos. Foi um destes o escolhido,enfiando-o no rio. Teria o pobrezinho os dias contados.
Eis que entram em cena dois esfomeados crocodilos,que não levaram a melhor,embora estivessem em casa. O seu a seu dono.
Parecia o caso arrumado. Forte engano. É que os búfalos lá pensaram que aquilo,desta vez,não podia ficar assim. Todos unidos,haviam de vencer. E foi o que aconteceu.
Pobres leões,que tiveram de fugir a sete pés. E o pequenino lá escapou desta,ainda que se não tivesse livrado de algumas dentadas.
BATTLE AT KRUGER,no Youtube
Uma respeitável família de búfalos lá ia à sua vida,caminhando à beira-rio. No comando,como mandam as boas regras,vinha o patriarca,de grossa armação,com olhos,certamente, bem abertos,que por ali havia muitos inimigos.
Eles lá estavam,de facto,à espera,aguçando a dentuça,com água nas bocarras. Seriam uns sete ou oito leões,colados ao chão,como que a esconderem-se.
Mal o patriarca os avistou,fez o que teria já feito vezes sem conta. Há pernas para que vos quero.
E foi uma debandada geral,o salve-se quem puder.
E os leões,por sua vez,fizeram, também, o que já teriam feito vezes sem conta. Ai dos fracos,dos pequeninos. Foi um destes o escolhido,enfiando-o no rio. Teria o pobrezinho os dias contados.
Eis que entram em cena dois esfomeados crocodilos,que não levaram a melhor,embora estivessem em casa. O seu a seu dono.
Parecia o caso arrumado. Forte engano. É que os búfalos lá pensaram que aquilo,desta vez,não podia ficar assim. Todos unidos,haviam de vencer. E foi o que aconteceu.
Pobres leões,que tiveram de fugir a sete pés. E o pequenino lá escapou desta,ainda que se não tivesse livrado de algumas dentadas.
BATTLE AT KRUGER,no Youtube
SE EU ME LEVO COMIGO
"De que me serve fugir da morte,dor e perigo,se eu me levo comigo?
Luis de Camões
Luis de Camões
INVEJA
"Vejo também que todo o esforço que se faz e o resultado do trabalho se devem à inveja de uns para com os outros".
Do Eclesiastes
Do Eclesiastes
IRRECONCILIÁVEIS
"Há em Portugal quatro partidos:o partido histórico,o regenerador,o reformista,e o constituinte. Há ainda outros,mas anónimos,conhecidos apenas de algumas famílias. Os quatro partidos oficiais,com jornal e porta para a rua,vivem num perpétuo antagonismo,irreconciliáveis,...".
EÇA DE QUEIROZ,Maio de1871,UMA CAMPANHA ALEGRE,DE AS FARPAS,VOLUME I
LELLO&IRMÃO-EDITORES,PORTO
EÇA DE QUEIROZ,Maio de1871,UMA CAMPANHA ALEGRE,DE AS FARPAS,VOLUME I
LELLO&IRMÃO-EDITORES,PORTO
domingo, 13 de abril de 2008
DEU PARA O TORTO
Ele,que é um ignorantão em finanças e demais família,que só aprendeu a fazer contas de diminuir,e,mesmo assim,muito mal,tinha lá um "feeling"de que aquilo não andava nada bem. E a coisa era esta. Como é que uma riqueza se estava a apoiar na valorização crescente do património- casinha ? Sim,como é que se embarcara em tal aventura?
Fizeram-se ,à custa dela,ricas passeatas,viagens de muitos e lindos sonhos,de avião e de cruzeiro,adquiriram-se barquinhos para navegar em mar alto e nos muitos laguinhos,jogou-se forte,enfim,um nunca mais acabar de delícias sem par.
A intenção seria boa. Era necessário produzir,gerar empregos. Muito bem. Mas de boas intenções está o mundo cheio,desde há muito,e é o que se vê
O certo é que a coisa deu para o torto. Porque a realidade é muito triste-as hipotecas passaram para além do valor dos bens.
E agora? Alguém tem de pagar para as coisas irem ao sítio. Vai-se distribuir o mal pelas muitas aldeias. E o resultado aí está,é esse o seu "feeling". As tarifas das coisinhas de comer e de beber,dos homens,das mulheres,das crianças,de todos,dos animaizinhos também, dispararam. E agora? Sabe lá ele. Haverá por aí alguém que saiba?
Ah,já se lhe estava a esquecer. Há para aí uns costas largas,os ditos emergentes . Dizem alguns que os grandes culpados são eles,pois não se satisfazem com pouco. É só comer,comer.
Fizeram-se ,à custa dela,ricas passeatas,viagens de muitos e lindos sonhos,de avião e de cruzeiro,adquiriram-se barquinhos para navegar em mar alto e nos muitos laguinhos,jogou-se forte,enfim,um nunca mais acabar de delícias sem par.
A intenção seria boa. Era necessário produzir,gerar empregos. Muito bem. Mas de boas intenções está o mundo cheio,desde há muito,e é o que se vê
O certo é que a coisa deu para o torto. Porque a realidade é muito triste-as hipotecas passaram para além do valor dos bens.
E agora? Alguém tem de pagar para as coisas irem ao sítio. Vai-se distribuir o mal pelas muitas aldeias. E o resultado aí está,é esse o seu "feeling". As tarifas das coisinhas de comer e de beber,dos homens,das mulheres,das crianças,de todos,dos animaizinhos também, dispararam. E agora? Sabe lá ele. Haverá por aí alguém que saiba?
Ah,já se lhe estava a esquecer. Há para aí uns costas largas,os ditos emergentes . Dizem alguns que os grandes culpados são eles,pois não se satisfazem com pouco. É só comer,comer.
sábado, 12 de abril de 2008
HÁ QUE CUIDAR DELA
E descalcinhos,doridos...
A neve deixa inda vê-los
Primeiro bem definidos,
-Depois,em sulcos compridos
Porque não podia erguê-los !...
Da Balada da Neve
Augusto Gil
Como não se hão-de pôr a chorar as pedras da calçada?
Depois,como muito bem se sabe, há "outras neves",onde crianças padecem. Logo no começo da caminhada, depara-se-lhes uma,no ventre das mães. Muitas padecem. Por culpa de quem? Sabe-se lá. Mas para outras muitas,o pior está para vir,"outras neves"onde os pezitos se somem. Não lhes bastou a vida outorgada. E então, aí,elas que se arrangem, ou alguém por elas. Só a vida não chega. Há que cuidar dela. Mas cuidados não vêm,e é de as calçadas se porem, repetidamente, a chorar,por ali,por acolá,por toda a parte,afinal. A vida não chega,há que cuidar dela.
A neve deixa inda vê-los
Primeiro bem definidos,
-Depois,em sulcos compridos
Porque não podia erguê-los !...
Da Balada da Neve
Augusto Gil
Como não se hão-de pôr a chorar as pedras da calçada?
Depois,como muito bem se sabe, há "outras neves",onde crianças padecem. Logo no começo da caminhada, depara-se-lhes uma,no ventre das mães. Muitas padecem. Por culpa de quem? Sabe-se lá. Mas para outras muitas,o pior está para vir,"outras neves"onde os pezitos se somem. Não lhes bastou a vida outorgada. E então, aí,elas que se arrangem, ou alguém por elas. Só a vida não chega. Há que cuidar dela. Mas cuidados não vêm,e é de as calçadas se porem, repetidamente, a chorar,por ali,por acolá,por toda a parte,afinal. A vida não chega,há que cuidar dela.
ORNAMENTOS
Ainda se espantam alguns com os ornamentos do Manuelino,do Plateresco,do Barroco,dos Templos Budistas. Como ficar,olhando para os de Gaudi?
sexta-feira, 11 de abril de 2008
PARA SEMPRE
A senhora estava encantada. Seria tão bom ficar ali mais algum tempo. Seria tão bom ficar ali para sempre. Fora aquilo mesmo que ela sonhara.
Ia-se atrasando,demorando,ficando para trás. Sentou-se. Os outros que esperassem. Olhou em volta ,demoradamente,mais uma vez,e cerrou os olhos,como a querer guardar toda aquela riqueza,que estava prestes a perder.
Chegavam-lhe ondas de perfumes de muitas flores,da grande mata envolvente. O ar estava sereno. Apenas ouvia o falar de um ou outro passarinho.
Ali muito perto,teria cama,mesa e roupa lavada. Era o lugar ideal. Assim ela pudesse. Os outros que regressassem,que ela ficaria ali para sempre.
Ia-se atrasando,demorando,ficando para trás. Sentou-se. Os outros que esperassem. Olhou em volta ,demoradamente,mais uma vez,e cerrou os olhos,como a querer guardar toda aquela riqueza,que estava prestes a perder.
Chegavam-lhe ondas de perfumes de muitas flores,da grande mata envolvente. O ar estava sereno. Apenas ouvia o falar de um ou outro passarinho.
Ali muito perto,teria cama,mesa e roupa lavada. Era o lugar ideal. Assim ela pudesse. Os outros que regressassem,que ela ficaria ali para sempre.
GENTE DESNUDADA
Para o que lhe havia de dar. Tem enchido praças e locais emblemáticos de algumas metrópoles com gente,homens e mulheres,desnudada,para a fotografar. No caso do Zócalo da Cidade do México, é impressionante o quadro,ali mesmo nas barbas da Catedral e do Palácio Nacional.
A CARA ILUMINADA
Lembram-se,lembram-se,do que alguém dizia,com a cara iluminada,como a de um iluminado,como a de um profeta? Lembram-se?,perguntava ele.
Sim,não foram os capitães que comandavam as naus que aquilo fizeram,que aquilo descobriram. Foi a marinhagem que com os seus esforços as impulsionaram.
Noutras circunstâncias,seria capaz de afirmar,também, que não são os generais que ganham as batalhas,as guerras,mas sim os soldados nelas envolvidos.
E noutras ainda,seria capaz de ter dito que só dos operários que trabalhavam as terras é que lhe chegavam as hortaliças.
E ainda noutras,que só dos operários das fábricas é que lhe vinham a roupa e os entreténs.
A cara sempre iluminada,como a de um iluminado,como a de um profeta.
Sim,não foram os capitães que comandavam as naus que aquilo fizeram,que aquilo descobriram. Foi a marinhagem que com os seus esforços as impulsionaram.
Noutras circunstâncias,seria capaz de afirmar,também, que não são os generais que ganham as batalhas,as guerras,mas sim os soldados nelas envolvidos.
E noutras ainda,seria capaz de ter dito que só dos operários que trabalhavam as terras é que lhe chegavam as hortaliças.
E ainda noutras,que só dos operários das fábricas é que lhe vinham a roupa e os entreténs.
A cara sempre iluminada,como a de um iluminado,como a de um profeta.
BANCO DOS RÉUS
Pois é. É o biocombustível o culpado da alta dos preços,do milho,do trigo,do arroz,da soja,de tudo.
Banco dos réus com ele. Ele que se defenda,que arrange um bom advogado. Pode ser que não seja só ele. De resto,ele estava cheio de boas intenções. É capaz de merecer perdão.
Banco dos réus com ele. Ele que se defenda,que arrange um bom advogado. Pode ser que não seja só ele. De resto,ele estava cheio de boas intenções. É capaz de merecer perdão.
É A VIDA
Pobre património,ali sujeito ao dobrar dos anos. Não lhes vai resistindo. Os maus da fita são muitos e hábeis. É a humidade,são as chuvas mais ou menos ácidas,são as partículas,finas ou grossas,corrosivas,que o vento malévolo impele com força vária,é o encolher ou dilatar do quente e do frio,são as destrutivas calamidades,abalos,ciclones,tufões,tornados,maremotos,inundações. É o caruncho. É a vida,em que entra a morte.
Agora,chegou a vez,mais uma vez,a partes do tímpano do Partenon,na Acrópole. Têm de recolher a um museu,para aí serem acarinhadas,com muito mimo. É a vida,em que entra a morte.
Agora,chegou a vez,mais uma vez,a partes do tímpano do Partenon,na Acrópole. Têm de recolher a um museu,para aí serem acarinhadas,com muito mimo. É a vida,em que entra a morte.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
CAUSAS E EFEITOS
Três casos.A cotação do "crude oil"desce por se recear menor procura de combustível devido ao seu alto preço. O preço da soja sobe por causa da greve dos agricultores argentinos. Uma menor área destinada ao trigo no Paquistão,devido a um maior custo dos fertilizantes,faz elevar o seu preço. É de não se saber o que é que irá acontecer amanhã ou ainda hoje. Ainda bem que se ouvem,às vezes,umas vozes a tranquilizar,como sucedeu,há pouco tempo,a propósito da bica. Subirá,mas poucochinho.
NÃO FORAM MILHÕES
Uma aguarela de Picasso,com um tema fresco,à Pompeia,foi leiloada por cerca de 100 mil euros. Desta vez, não foram milhões. Será da crise ou de pouca frescura?
MEIA DÚZIA DE FILMES DE UMA VIDA
A ESTRADA
A humildade,a inocência,daquela Gelsomina(Giulietta Masina).
O CARTEIRO DE PABLO NERUDA
O carteiro que empregava metáforas(Mario Ruoppolo-Massimo Troisi),sem o saber.
UMA HISTÓRIA SIMPLES(THE STRAIGHT STORY)
Um velho que se faz à estrada com um tractor tão velho como ele,para um abraço fraternal de reconciliação.
MILAGRE EM MILÃO
Um simples,a quem deram uma varinha mágica para satisfazer carenciados, livra-se dela, ao ver que todos queriam sempre mais um.
PORTAS DO INFERNO
Alguém,que perdera a confiança no Homem,vem a recuperá-la,porque um pobre,com uma carrada de filhos,espontaneamente dá um passo para ficar com uma criança que fora abandonada.
UM REI DO ORIENTE
Partiu com a bolsa cheia de ofertas para o Menino. No caminho, encontrou muita miséria, e lá se esvaziou a bolsa. Os últimos a serem contemplados foram uns escravos,que ele libertou. Pois estes escravos,já libertos,maltrataram-no, porque tinham fome. Contavam que o
rei lhes valesse mais uma vez.
A humildade,a inocência,daquela Gelsomina(Giulietta Masina).
O CARTEIRO DE PABLO NERUDA
O carteiro que empregava metáforas(Mario Ruoppolo-Massimo Troisi),sem o saber.
UMA HISTÓRIA SIMPLES(THE STRAIGHT STORY)
Um velho que se faz à estrada com um tractor tão velho como ele,para um abraço fraternal de reconciliação.
MILAGRE EM MILÃO
Um simples,a quem deram uma varinha mágica para satisfazer carenciados, livra-se dela, ao ver que todos queriam sempre mais um.
PORTAS DO INFERNO
Alguém,que perdera a confiança no Homem,vem a recuperá-la,porque um pobre,com uma carrada de filhos,espontaneamente dá um passo para ficar com uma criança que fora abandonada.
UM REI DO ORIENTE
Partiu com a bolsa cheia de ofertas para o Menino. No caminho, encontrou muita miséria, e lá se esvaziou a bolsa. Os últimos a serem contemplados foram uns escravos,que ele libertou. Pois estes escravos,já libertos,maltrataram-no, porque tinham fome. Contavam que o
rei lhes valesse mais uma vez.
A CARTOLA
A feira estava a terminar. Naquele ano,o negócio fora muito fraco. Tinham escapado,apenas,as barracas de comes e bebes. As ruas das roupas,dos sapatos,das quinquilharias metiam dó. Só lá de onde em onde, é que aparecia alguém a querer saber o preço,ficando-se,quase sempre,por ali. Os carrocéis,os cavalinhos,os automóveis estavam às moscas. Os miúdos insistiam,berravam,mas os paizinhos não se comoviam.
O circo ia pela mesma. Bem se esforçavam os arautos das maravilhas,mas os mirones não estavam para ali virados. Não queriam ouvir falar de trapézios,nem de arames,nem de malabarismos,quanto mais ver. Lembravam-lhes a ginástica que todos os dias tinham de fazer para equilibrarem as finanças. Os animais não os atraíam. Constava,até,que passavam fome. E as grades não pareciam,também, de confiança, por estarem muito atacadas de ferrugem.
Num último esforço,anunciaram uma novidade,uma novidade de estarrecer. Venham ver o homem da cartola,o homem das grandes surpresas. Carros percorriam a cidade,esquadrinhando todos os bairros,mesmo os de lata. Venham ver,venham ver,que é quase de graça.
O circo encheu-se. Houve outras intervenções,mas coisa rápida,a despachar. O suspirado momento chegou e fez-se um grande silêncio. O homem vinha de preto. A cartola era minúscula,pouco mais do que um dedal. Mostrou-a em todas as direcções,acariciado-a repetidas vezes. Depois,ao toque de uma comprida e fina vara,que roçava o tecto da tenda,sairam dela,em rápida cadência,objectos incríveis,que se iam amontoando.
O espaço mostrava-se acanhado para tanta bugiganga. Por acção da poderosa vara apareceu um maior. Mais objectos esquisitos foram saindo,sem descanso. O circo foi crescendo,crescendo,irresistivelmente.Atravessou fronteiras,atravessou mares. Ocupou o mundo todo. O maior espectáculo do mundo.
O circo ia pela mesma. Bem se esforçavam os arautos das maravilhas,mas os mirones não estavam para ali virados. Não queriam ouvir falar de trapézios,nem de arames,nem de malabarismos,quanto mais ver. Lembravam-lhes a ginástica que todos os dias tinham de fazer para equilibrarem as finanças. Os animais não os atraíam. Constava,até,que passavam fome. E as grades não pareciam,também, de confiança, por estarem muito atacadas de ferrugem.
Num último esforço,anunciaram uma novidade,uma novidade de estarrecer. Venham ver o homem da cartola,o homem das grandes surpresas. Carros percorriam a cidade,esquadrinhando todos os bairros,mesmo os de lata. Venham ver,venham ver,que é quase de graça.
O circo encheu-se. Houve outras intervenções,mas coisa rápida,a despachar. O suspirado momento chegou e fez-se um grande silêncio. O homem vinha de preto. A cartola era minúscula,pouco mais do que um dedal. Mostrou-a em todas as direcções,acariciado-a repetidas vezes. Depois,ao toque de uma comprida e fina vara,que roçava o tecto da tenda,sairam dela,em rápida cadência,objectos incríveis,que se iam amontoando.
O espaço mostrava-se acanhado para tanta bugiganga. Por acção da poderosa vara apareceu um maior. Mais objectos esquisitos foram saindo,sem descanso. O circo foi crescendo,crescendo,irresistivelmente.Atravessou fronteiras,atravessou mares. Ocupou o mundo todo. O maior espectáculo do mundo.
COISA GOSTOSA
A cidade é uma sedutora. Não resistem os interiores. Parece ter mel,ambrosia,coisa gostosa. Isto,por toda a parte,na Europa,em África,na Ásia,nas Américas. As gentes acumulam-se,derramam-se. Alguns aglomerados gigantes(milhões,números arredondados):Xangai(20),Cidade do México(19),Beijing(17),Cairo(16),Calcutá(14),Moscovo(10),S.Paulo(10),
Londres(8),Nova Iorque(8),Lagos(8),Lima(7),Rio de Janeiro(6),Luanda(5).
Londres(8),Nova Iorque(8),Lagos(8),Lima(7),Rio de Janeiro(6),Luanda(5).
OLHA A GRANDE NOVIDADE
Noticiam que os grandes rivais YAHOO e GOOGLE se vão entender para fazer frente à MICROSOFT. Não é caso para dizer quem diria? ou tão inimigos que eles eram, mas antes olha a grande novidade. Entendimentos similares têm ocorrido desde que o mundo é mundo. Está-lhe na massa do sangue. Para não ir muito longe,mas recuando um tanto,aconteceu que uma taifa se entendia com um reino cristão para malhar noutra taifa e o contrário,um reino cristão entender-se com uma taifa para malhar num outro reino cristão. E a Turquia,a quando da primeira guerra mundial,não se rebelou contra os aliados,facilitando, assim,a vida da Alemanha e da Áustria,que lhe tinha barrado o passo? Não há nada novo neste mundo,já lá dizia o Eclesiastes. É só esperar,que elas acabam por se dar. "A história é uma velhota que se repete sem cessar".
quarta-feira, 9 de abril de 2008
BIBLIOTHECA ALEXANDRINA
A celebrada Biblioteca de Alexandria,dos tempos dos Ptolomeus,era uma amarga lembrança. Tivera pouca sorte. Uma sucessão de incêndios deram conta dela. Merecia que a ressuscitassem,ainda que com outro corpo. E foi o que aconteceu,muito tarde,é certo,mas mais vale tarde do que nunca. E ela ali está,debruçada sobre o Mediterrâneo,agora com novas valências,que os tempos são muito outros.
Imagem retirada do Flickr,by Bibliotheca Alexandrina
O RING
Aquela muralha já não estava ali a fazer nada. Os tempos eram outros,os tempos de Maria Teresa. Então,deitaram-na abaixo e, em seu lugar, traçaram o Ring,uma sucessão de largas avenidas,que adornaram com uma série notável de construções:Câmara Municipal,Teatro Real,Universidade,Parlamento,Palácio Imperial,Museu de Belas Artes,Museu de História Natural,Ópera. É em Viena,claro.
ISTO PROMETE
Mais uma do hidrgénio. Não param os seus sucessos. Agora,foi o caso de um pequeno avião da Boeing. Para começar,foram apenas 20 minutos sobre os céus de Toledo. Isto promete.
terça-feira, 8 de abril de 2008
MERCAT DE LA BOQUERIA
A SEUS PÉS
Era uma tarde de consultório médico. A sala de espera estivera cheia e esvasiava lentamente. A paciência dos doentes e dos acompanhantes tinha de ser alimentada. Além de revistas,algumas velhas de séculos,que o tempo voa,havia a todo-poderosa televisão.
A televisão estava lá no alto,como é de sua condição. Chegara a ocasião de notícias. E logo uma menina,aí de uns vinte anos,largou a mãe,muito doente,para se vir pôr a seus pés. E assim esteve,olhando para cima,como para o céu,quase em adoração,tempos sem fim. Para equilibrar o esforço nesta posição,baixava de vez em quando a cabeça para enviar uma mensagem pelo telemóvel.
As notícias lá acabaram,entrando-se num outro capìtulo,sem interesse para a menina. Estava um tema em discussão,futebol,tinha de ser,e trouxera-se um especialista na matéria. De tal maneira o é,que uma senhora,aí de uns cinquenta anos,não resistiu e largou o marido,muito doente também,pondo-se a adorá-lo.
Algum tempo passado,veio mais uma fornada de notícias,por sinal não muito diferentes,mas a menina já lá não estava.
A televisão estava lá no alto,como é de sua condição. Chegara a ocasião de notícias. E logo uma menina,aí de uns vinte anos,largou a mãe,muito doente,para se vir pôr a seus pés. E assim esteve,olhando para cima,como para o céu,quase em adoração,tempos sem fim. Para equilibrar o esforço nesta posição,baixava de vez em quando a cabeça para enviar uma mensagem pelo telemóvel.
As notícias lá acabaram,entrando-se num outro capìtulo,sem interesse para a menina. Estava um tema em discussão,futebol,tinha de ser,e trouxera-se um especialista na matéria. De tal maneira o é,que uma senhora,aí de uns cinquenta anos,não resistiu e largou o marido,muito doente também,pondo-se a adorá-lo.
Algum tempo passado,veio mais uma fornada de notícias,por sinal não muito diferentes,mas a menina já lá não estava.
LAS VEGAS
E foi aquilo um deserto. Hoje,ao longo da Strip(cerca de 7 km),é quase um casino porta sim porta não ,com nomes sonantes:Paris,Bellagio,Luxor,New York New York,Venetian. Vêm-se réplicas por todo o lado,dentro e fora:Torre Eiffel,Estátua da Liberdade, Esfinge,Ponte Rialto,Ponte Vecchio,Grande Canal,Campanile de S.Marcos,Arco do Triunfo,Fonte Trevi,um nunca mais acabar. O dinheirinho que se ali perde ou ganha.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
COINCIDÊNCIAS
Napoleão I era de origem italiana. O Senado confere-lhe o título de imperador,à maneira romana. O seu filho,a quando do nascimento,é proclamado rei de Roma. À semelhança de César,intervém no Egipto. Tudo isto,escasso tempo depois da Revolução." A história é uma velhota que se repete sem cessar".
EBOOKSBRASIL
Em PDF gratuitos. Autores brasileiros,mas também portugueses(Herculano,Camões,Eça). Muitas traduções(Dante,Corneille,Molière,Voltaire,Pascal,Shakespeare,Homero,Sófocles,Gandhi,...). De Corneille,O Cid,com tradução de António Feliciano de Castilho.
BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL
Autores. Livros antigos(ex-edição dos Lusíadas de 1572). Iconografia.Cartografia.
CANAL DO PANAMÁ
Por razões óbvias,o Canal do Panamá,aberto em 15 de Agosto de 1914,vai ser alargado. No acto do arranque do novo empreendimento,em 2 de Setembro de 2007,esteve presente o ex-presidente dos EUA,Jimmy Carter,que assinara,em 1977,o tratado que conferia ao Panamá a plena posse do Canal. Espera-se que as obras terminem em 2014-2015.
domingo, 6 de abril de 2008
UMA TRANSFERÊNCIA
Os Bonaparte são de origem italiana(os Buonaparte). Fixaram-se na Córsega,que pertencia à República de Génova. Um ano antes de Napoleão nascer,a Córsega passara a fazer parte da França. A História dependente de uma transferência.
Consagração do Imperador Napoleão I,Jacques-Louis David
Imagem retirada da Web Gallery of Art
COISAS QUE ACONTECEM
Os Bonaparte são de origem italiana(os Buonaparte). Fixaram-se na Córsega,que pertencia à República de Génova. Um ano antes de Napoleão nascer,pasara a ser da França. Que sorte a de Napoleão.
GOA
Igrejas e Conventos são Património Mundial:Sé Catedral,Basílica do Bom Jesus,Santo Agostinho,Santa Mónica,S.Caetano,S.Francisco de Assis.
PASSAGEM NOROESTE
Northwest Passage. Com o progressivo degelo,uma possível via marítima,ligando o Atlântico ao Pacífico,através do Oceano Ártico,ao longo da costa norte da América. A complicar a sua utilização,há questões de soberania,envolvendo o Canadá,a Dinamarca,os Estados Unidos,aRússia e a Noruega.
SENHOR JOSÉ
O fim do verão estava à vista e ainda não chovera. A terra apertara,pusera-se como rocha. Era preciso picareta. Além desta,havia também a enxada. Dois pesos.
Via-se que o senhor José não estava a ser homem para aquilo. Mas ele quisera experimentar. Ainda não era um velho,pois pouco passava dos cinquenta. Mas a vida do campo é dura.
Tinham pena dele. Procuravam chão menos rijo,aliviavam-no de uma ferramenta,só não o substituíam no que lhe era mais penoso.
Foi o senhor José a dar parte de fraco. Ia ver se arranjava uma tarefa que lhe moesse menos o peito e as costas. Tinha muita pena,pois ganhava ali mais uns patacos. Também percebia que estava a prejudicar.
Pareciam justificadas,pelo menos para alguns,as crónicas crises de trabalho. Seriam pausas destinadas a retemperar.
Via-se que o senhor José não estava a ser homem para aquilo. Mas ele quisera experimentar. Ainda não era um velho,pois pouco passava dos cinquenta. Mas a vida do campo é dura.
Tinham pena dele. Procuravam chão menos rijo,aliviavam-no de uma ferramenta,só não o substituíam no que lhe era mais penoso.
Foi o senhor José a dar parte de fraco. Ia ver se arranjava uma tarefa que lhe moesse menos o peito e as costas. Tinha muita pena,pois ganhava ali mais uns patacos. Também percebia que estava a prejudicar.
Pareciam justificadas,pelo menos para alguns,as crónicas crises de trabalho. Seriam pausas destinadas a retemperar.
POR TODA A PARTE
A China está por toda a parte. Europa,África, América. Não é para admirar,pois eles são cerca de 1300 milhões. Um dia destes,põe o pé na Lua.
sábado, 5 de abril de 2008
UM RICO TECTO
Os baldios iam acabando lá no bairro onde ele nascera e do qual não queria sair. Um dia,chegou a vez ao que mais resistira e onde ele arranjara morada. Neste transe,voltou-se para os desvãos de prédios,mas esses tinham também os dias contados. Os que restavam não passavam de uns buraquinhos.
O que fazer? Emigrar,nem pensar nisso. Seria a sua morte. Havia de encontrar coisa capaz. E assim aconteceu. Pode dizer-se que era uma caverna,mas não uma qualquer. Um verdadeiro achado. Um rico tecto.
Abria-se no termo de uma rua que não tivera seguimento,por lhe ter surgido pela frente uma respeitável barreira. Um beco,afinal,um beco largo,com passeios largos. Mas também um beco especial,pois a fechá-lo atravessava-se um prédio assente em pilares.
O amplo vão que assim se formara,um futuro túnel,enchera-se de carros,que respeitavam as bermas. E era numa delas que ele se instalara com armas e bagagens,cama incluída.
Não vivia só. Por ali também se acolhiam gatos. E era com eles,com os seus vizinhos,que ele conversava.
O que fazer? Emigrar,nem pensar nisso. Seria a sua morte. Havia de encontrar coisa capaz. E assim aconteceu. Pode dizer-se que era uma caverna,mas não uma qualquer. Um verdadeiro achado. Um rico tecto.
Abria-se no termo de uma rua que não tivera seguimento,por lhe ter surgido pela frente uma respeitável barreira. Um beco,afinal,um beco largo,com passeios largos. Mas também um beco especial,pois a fechá-lo atravessava-se um prédio assente em pilares.
O amplo vão que assim se formara,um futuro túnel,enchera-se de carros,que respeitavam as bermas. E era numa delas que ele se instalara com armas e bagagens,cama incluída.
Não vivia só. Por ali também se acolhiam gatos. E era com eles,com os seus vizinhos,que ele conversava.
ANFITEATROS
Panem et circenses. Foram de muito agrado dos romanos. Estavam por todo o Império. Roma(Coliseu),Verona,Pompeia,Paestum,Capua,Siracusa,Catania,Nimes,Arles,Frejus,Lyon,Mérida.
Mérida,imagem de Paulo Gama
Etiquetas:
Fotografias de Paulo Gama,
Meia dúzia de palavras
EXPULSÃO DOS VENDILHÕES DO TEMPLO
Episódio que interessou muitos artistas:Giotto,Durer,Bernardo Cavallino,Castiglione,El Greco(pelo menos,4),Giovanni Bernardi,Hemessen,Jacopo Bassano,Jordaens,Luca Giordano,Rembrandt,Dali.
CARLOS V
Imperador do Sacro Império Romano-Germânico(1500-1558),casado com Isabel de Portugal,filha de D.ManueI. O rei D. Sebastião era seu neto.
Senhor de um império onde o sol nunca se punha. Era poliglota. Consta que falava espanhol com Deus,italiano com as mulheres,francês com os homens e alemão com o seu cavalo.
Senhor de um império onde o sol nunca se punha. Era poliglota. Consta que falava espanhol com Deus,italiano com as mulheres,francês com os homens e alemão com o seu cavalo.
Imperador Carlos V,Ticiano-Museu do Prado
Etiquetas:
Alemanha,
Fotografias,
Meia dúzia de palavras
BURJ DUBAI
Vai ser o edifício mais alto do mundo-512 metros. Mas é capaz de não se ficar por aqui,pois o desejo,o sonho,era que chegasse aos 700 metros. Ficará,assim,destronado o Taipei 101,de Taiwan,com 508 metros. Faz isto lembrar uma competição,coisa muito humana,para o bem e parao mal.
Mas é bonito saber que, neste caso do Burj Dubai,o arquitecto e engenheiros são dos EUA,a empresa construtora é da Coreia do Sul,os assessores da segurança são australianos,o designer é de Singapura e a maior parte dos operários(4000) são da Índia.
Mas é bonito saber que, neste caso do Burj Dubai,o arquitecto e engenheiros são dos EUA,a empresa construtora é da Coreia do Sul,os assessores da segurança são australianos,o designer é de Singapura e a maior parte dos operários(4000) são da Índia.
HOTÉIS SUBAQUÁTICOS
De luxo. A abrir brevemente ou em projecto. Valências várias. Locais-Qingdao(China),Dubai,Maldivas,Mónaco,Oman. São os HYDROPOLIS. O preço médio de um quarto rondará os 600 dólares.
PERPLEXIDADE
Reunem-se altos responsáveis. Estão muito preocupados,e com razão,que a coisa é seriíssima. Os preços de bens de primeira necessidade estão subindo,e não se vislumbra que haja inversão de jeito,antes pelo contrário . Ah,estes países emergentes,e também a dansa das áreas semeadas e outras coisas mais. Um sarilho,dos grandes. Disse um que isso a eles não os afecta por aí além. Já o mesmo,concorda,não sucederá com muitos,sobretudo com os pobres. Qual a solução? Tem de haver contenção nos acréscimos salariais.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
EÇA EM NEWCASTLE UPON TYNE
De fins de 1874 a Abril de 1879,como consul. Uma placa,de 2001,no nº53 da Grey Street,assinala a sua passagem por ali. A cidade,naturalmente,modificou-se muito,mas há ainda um núcleo do seu tempo:além da Grey Street,há tempos distinguida como uma das mais nobres ruas doReino Unido,é de referir o Grey Monument, o Royal Theater, a Eldon Square(hoje, com um enorme Centro Comercial numa das faces,uma das frutas da época).
DESMONTE DE VELHOS NAVIOS
Nalguns países:Bangladesh,Índia,Paquistão,Indonésia. Feito por "shipbreakers",de maneira artesanal. Em condições insalubres. Chapinham na areia,na lama,onde se derramam metais pesados,como o mercúrio. Amianto também por ali aparece. Ainda,assim,ficam agradecidos,pois os empregos não abundam.
Etiquetas:
Economia,
Fome no mundo,
Meia dúzia de palavras
ÁRVORES EM FLOR
A festa da árvores.O rosa,o branco. São dezenas de milhar no Flickr. À cabeça,de longe,as cerejeiras. Mas estão lá as amendoeiras,os pessegueiros,as pereiras e macieiras,as olaias. Um encanto,pelo menos,para os olhos.
UM JARDIM
Afinal,o homem tem sentimentos. Ainda está vivo e sabe tocar harpa. Acabara de vir da taberna,apinhada de gente barulhenta e rude,onde fora mostrar aos amigos,e não só, o novo rebento da sua lavra já bem composta. A cara resplandecente que ele trazia e o olhar enternecido que ele deitava ao filhito,envolvido num xale branco. Era num sábado,já tarde,tempo de ele andar nos seus voos de falcão pleno de viço.
De onde menos se espera,é que,às vezes,irrompem grandes surpresas. Supunha-se que tudo quanto viesse dele fosse baixo e reles. Mas daquela vez, subira a alturas de almas grandes. A delicadeza que ele mostrava a transportar nos braços aquele tesouro. Parecia irradiar dele uma luz pura.
Quanto tempo duraria ela? Seria para ficar? Mas mesmo que isso não acontecesse,que dentro em breve se apagasse,ficara bem demonstrado que ali era possível cultivarem-se flores. Só que se deixara invadir por ervas daninhas e cobrir de entulho. Mas lá conseguira arranjar ainda um canto, em que instalara um jardim. O tempo também ajudara. Estava-se na primavera.
De onde menos se espera,é que,às vezes,irrompem grandes surpresas. Supunha-se que tudo quanto viesse dele fosse baixo e reles. Mas daquela vez, subira a alturas de almas grandes. A delicadeza que ele mostrava a transportar nos braços aquele tesouro. Parecia irradiar dele uma luz pura.
Quanto tempo duraria ela? Seria para ficar? Mas mesmo que isso não acontecesse,que dentro em breve se apagasse,ficara bem demonstrado que ali era possível cultivarem-se flores. Só que se deixara invadir por ervas daninhas e cobrir de entulho. Mas lá conseguira arranjar ainda um canto, em que instalara um jardim. O tempo também ajudara. Estava-se na primavera.
Imagem retirada do Flickr,by Paulo Gama
quinta-feira, 3 de abril de 2008
FEITICEIRA
Daquele segundo andar,o senhor sentir-se-ia dono do mundo. A casa dominava a ampla várzea. O rio não se via,que a vegetação densa da margem não deixava,mas os campos a perder de vista acompanhavam-no.
Naquela época,era o trigo o rei. E umas vezes,veria verde,das searas a crescer,e outras,amarelo,das searas a amadurar ou dos restolhos. Podia dizer-se que era o pão que ele via,o pão a haver, o pão já pronto,como o da padaria que ficava mesmo no rez-do-chão.
Vinha ali de vez em quando. A padeira enfeitiçara-o. Demorava-se uns dias. Muitos ficariam como ele,rendidos. Além de tudo o mais,havia aquela paisagem restauradora. E aquele silêncio,apenas cortado,lá de onde em onde,pelo apitar do comboio,que corria lá em baixo. E,depois,quedar-se-ia a vê-lo,qual serpente deslisante,para acabar por se sumir,lá muito longe,na linha do horizonte.
Mas,acima de tudo,seria aquele aroma de pão,quente,telúrico,acabado de sair do forno a lenha,que mais o inebriaria. Era um cheiro aconchegante,um cheiro de fartura,um cheiro caseiro. Enchia-se dele para uma larga temporada. Quando já não o sentia como ele desjava,punha os pés ao caminho e lá se instalava. Mas não se expunha. Passaria as horas à janela daquele segundo andar,admirando a paisagem e respirando o perfume do pão.
Naquela época,era o trigo o rei. E umas vezes,veria verde,das searas a crescer,e outras,amarelo,das searas a amadurar ou dos restolhos. Podia dizer-se que era o pão que ele via,o pão a haver, o pão já pronto,como o da padaria que ficava mesmo no rez-do-chão.
Vinha ali de vez em quando. A padeira enfeitiçara-o. Demorava-se uns dias. Muitos ficariam como ele,rendidos. Além de tudo o mais,havia aquela paisagem restauradora. E aquele silêncio,apenas cortado,lá de onde em onde,pelo apitar do comboio,que corria lá em baixo. E,depois,quedar-se-ia a vê-lo,qual serpente deslisante,para acabar por se sumir,lá muito longe,na linha do horizonte.
Mas,acima de tudo,seria aquele aroma de pão,quente,telúrico,acabado de sair do forno a lenha,que mais o inebriaria. Era um cheiro aconchegante,um cheiro de fartura,um cheiro caseiro. Enchia-se dele para uma larga temporada. Quando já não o sentia como ele desjava,punha os pés ao caminho e lá se instalava. Mas não se expunha. Passaria as horas à janela daquele segundo andar,admirando a paisagem e respirando o perfume do pão.
JOSÉ RÉGIO
Já foi vontade de sofrer. A CHAGA DO LADO. Uma colecção de crucifixos. O PRÍNCIPE COM ORELHAS DE BURRO.
...
Perdoemos um ao outro,humildemente:
Eu,Mãe!-ter-me o teu seio dado ao mundo;
Tu,-ter-me eu feito vida no teu seio.
...
Que o maior dom que Tu me deste...-é este
De nem poder,sequer,ser desgraçado!
...
Eis-me...tal qual!;Estreito mais que estreito.
De mim próprio cadáver e ataúde.
...
...
Perdoemos um ao outro,humildemente:
Eu,Mãe!-ter-me o teu seio dado ao mundo;
Tu,-ter-me eu feito vida no teu seio.
...
Que o maior dom que Tu me deste...-é este
De nem poder,sequer,ser desgraçado!
...
Eis-me...tal qual!;Estreito mais que estreito.
De mim próprio cadáver e ataúde.
...
DE TARDE
Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que,sem ter história,nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu,descendo do burrico,
Foste colher,sem imposturas tolas,
A um granzoal de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois,em cima duns penhascos,
Nós acampámos,inda o sol se via;
E houve talhadas de melão,damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas,todo púrpuro,a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
CESÁRIO VERDE
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que,sem ter história,nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu,descendo do burrico,
Foste colher,sem imposturas tolas,
A um granzoal de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois,em cima duns penhascos,
Nós acampámos,inda o sol se via;
E houve talhadas de melão,damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas,todo púrpuro,a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
CESÁRIO VERDE
quarta-feira, 2 de abril de 2008
PROMONTÓRIO
Era um local impregnado de mistério,quase sempre envolto em brumas. Parecia,umas vezes,um promontório,outras,um navio de eras antigas. Seria,talvez,uma quilha de velha caravela que ali tivesse varado,não se sabe bem como.
Um pesado silêncio reinava ali. Apenas o cortava um ou outro piar de ave de rapina. Em redor,para todos os quadrantes,a vista alargava-se,nas raras abertas consentidas,perdendo-se para além do mar,alternadamente verde e amarelo.
Em tempos,passara por lá ,quase só,um rei destronado, a caminho do exílio. Deixara ele um rasto de tristeza,que perdurara,mais acentuando aquela desolação.
Apsar de tudo isso ou talvez por isso mesmo,vivia ali gente. Eram eles ,um velho capitão,de olho muito azul e cuidada barba,que lhe chegava até à cintura,com o seu imediato fiel,que sempre o acompanhara nas aventuras sem conta. E um escrivão muito probo,de farta calva. E também um aprendiz,que dava mostras de não gostar nada daquele sítio,mas incapaz de sair dele. Restavam dois ou três mais,entretidos com tarefas rudes. Residiam todos num castelo meio arruinado,junto a uma escarpa prestes a desmoronar-se.
Que faria aquela gente?,seria a pergunta que ocorria a alguns nómadas,quando jornadeavam por perto,nas suas andanças intermináveis. Estranhavam o seu apego àquele lugar quase abandonado. E certo dia,um mais atrevido,não resistiu,abordando um deles que tinha ido à caça. Foi em vão,pois o homem,ou lá o que era,usava uma linguagem incompreensível. Eram capazes de ser extraterrestres.
E foi o que se espalhou pelas redondezas. Não podia,certamente,ser outra coisa,já que havia falta de quase tudo de que um terráqueo necessitava para sobreviver. E assim permaneceu esse entendimento,adensando ainda mais o mistério que dali se desprendia.
Um pesado silêncio reinava ali. Apenas o cortava um ou outro piar de ave de rapina. Em redor,para todos os quadrantes,a vista alargava-se,nas raras abertas consentidas,perdendo-se para além do mar,alternadamente verde e amarelo.
Em tempos,passara por lá ,quase só,um rei destronado, a caminho do exílio. Deixara ele um rasto de tristeza,que perdurara,mais acentuando aquela desolação.
Apsar de tudo isso ou talvez por isso mesmo,vivia ali gente. Eram eles ,um velho capitão,de olho muito azul e cuidada barba,que lhe chegava até à cintura,com o seu imediato fiel,que sempre o acompanhara nas aventuras sem conta. E um escrivão muito probo,de farta calva. E também um aprendiz,que dava mostras de não gostar nada daquele sítio,mas incapaz de sair dele. Restavam dois ou três mais,entretidos com tarefas rudes. Residiam todos num castelo meio arruinado,junto a uma escarpa prestes a desmoronar-se.
Que faria aquela gente?,seria a pergunta que ocorria a alguns nómadas,quando jornadeavam por perto,nas suas andanças intermináveis. Estranhavam o seu apego àquele lugar quase abandonado. E certo dia,um mais atrevido,não resistiu,abordando um deles que tinha ido à caça. Foi em vão,pois o homem,ou lá o que era,usava uma linguagem incompreensível. Eram capazes de ser extraterrestres.
E foi o que se espalhou pelas redondezas. Não podia,certamente,ser outra coisa,já que havia falta de quase tudo de que um terráqueo necessitava para sobreviver. E assim permaneceu esse entendimento,adensando ainda mais o mistério que dali se desprendia.
CAIN MATANDO ABEL
Com um machado. Gravura de Albrecht Durer,de 1511(Biblioteca Digital de Espanha). Não podia ter começado pior a aventura,com ou sem machado.
Etiquetas:
Do Além,
Fotografias,
Meia dúzia de palavras
terça-feira, 1 de abril de 2008
LUIS DE CAMÕES,JOSÉ SARAMAGO E ANTÓNIO LOBO ANTUNES NALGUMAS BIBLIOTECAS NACIONAIS
LUIS DE CAMÕES
Espanha-294 títulos;França-126;Alemanha-76;Reino Unido-80;EUA-211
JOSÉ SARAMAGO
Espanha-277;França-94;Alemanha-99;Reino Unido-66;EUA-68
ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Espanha-57;França-82;Alemanha-62;Reino Unido-32;EUA-30
Espanha-294 títulos;França-126;Alemanha-76;Reino Unido-80;EUA-211
JOSÉ SARAMAGO
Espanha-277;França-94;Alemanha-99;Reino Unido-66;EUA-68
ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Espanha-57;França-82;Alemanha-62;Reino Unido-32;EUA-30
TIMES SQUARE 24 HORAS
É o que permite earthcam,graças a patrocinadores,como Friday's e Hawaii Tropic Zone. Com sorte,avistam-se pombos,como em qualquer vulgar praça. Rico sítio para telefonar à família e ela estar a vê-los. Até se ouve o buzinar.
UM OCTOPUS GIGANTE PAPA UM TUBARÃO
É o que um vídeo do National Geographic mostra. De arripiar. Pobre tubarão. Ainda tentou livrar-se daqueles abraços,mas não havia nada a fazer. Totalmente engulido. A cauda ficou para o fim. A elasticidade daquela boca,daquele estômago. Que capacidade digestiva. Ou será por fases?
Subscrever:
Mensagens (Atom)