segunda-feira, 28 de abril de 2008

UM PAU MANDADO

O homem andava encantado. Era como se estivesse a viver nas suas sete quintas,o supremo deleite. É que estava a ter a confiança do patrão. Patrão é um modo de dizer,mas para o que é serve muito bem.
Dava-lhe a fazer uns biscates,pagava-lhe uns jantares,convidava-o a ir lá a casa,tinha com ele umas certas intimidades. Era assim quase como um tu cá,tu lá.
Era isto suficiente para ele se sentir participando na sua abundância,das suas aspirações. Nem via que não passava de um pau mandado. Para isto contribuía fortemente o ele ter estado sempre na mó de baixo,apanhando deste e daquele. Agora não sucedia assim, no seu entender,agora era coisa bem diferente. Se ele,até,a cada passo, lhe telefonava,tornado em seu homem de mão.
Andava,naquela altura,colaborando na concretização de um velho sonho do mandante. A coisa brevemente teria o seu termo,mas o mandante haveria de sempre se lembrar de quem com ele privara em tão querido momento.
E isto trazia-o nas nuvens,alheado de si. Era ,naquela altura ,um outro,precisamente aquele que
o estava utilizando.

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