"Se é vida este jogar a ser jogado
Nesta ora adoração do próprio umbigo
Ora ânsia de exceder curvo ou quadrado
De qualquer vento ou de qualquer postigo,
Se é vida o expresso ou contraído brado
Deste lutar com todos e comigo,
Se é vida este contínuo e fruste parto,
Vivi,Senhor!,vivi!mas caí farto.
...
Já sei que,enfim,não tenho nada
Do que os mais homens julgam ter:
...
Tudo perdi,não tenho nada
Mais que esta sombra neste chão...
...
Estou mais seco do que um muro!
Tudo perdi,não tenho nada:
Só o vento,o so,a chuva,a lua,
Como um mendigo numa estrada
Que só por ser comum é sua.
...
E abre-te,mundo!abre-te,céu!
Abre-te a quem tudo perdeu,
...
Do meu de aqui,
Tudo perdi,não tenho nada.
Estou nu,posso
Recuperar quanto perdi
Mas não já nada do só nosso
Nem sequer sombra,sequer chão,
Sequer estrada...
José Régio
sábado, 19 de abril de 2008
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