terça-feira, 8 de abril de 2008

A SEUS PÉS

Era uma tarde de consultório médico. A sala de espera estivera cheia e esvasiava lentamente. A paciência dos doentes e dos acompanhantes tinha de ser alimentada. Além de revistas,algumas velhas de séculos,que o tempo voa,havia a todo-poderosa televisão.
A televisão estava lá no alto,como é de sua condição. Chegara a ocasião de notícias. E logo uma menina,aí de uns vinte anos,largou a mãe,muito doente,para se vir pôr a seus pés. E assim esteve,olhando para cima,como para o céu,quase em adoração,tempos sem fim. Para equilibrar o esforço nesta posição,baixava de vez em quando a cabeça para enviar uma mensagem pelo telemóvel.
As notícias lá acabaram,entrando-se num outro capìtulo,sem interesse para a menina. Estava um tema em discussão,futebol,tinha de ser,e trouxera-se um especialista na matéria. De tal maneira o é,que uma senhora,aí de uns cinquenta anos,não resistiu e largou o marido,muito doente também,pondo-se a adorá-lo.
Algum tempo passado,veio mais uma fornada de notícias,por sinal não muito diferentes,mas a menina já lá não estava.

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