Coimbra,11 de Janeiro de 1990
PÓRTICO
Aqui começa a nova caminhada.
Se a levar ao fim,darei louvores a Deus,
Como meu Pai,ao despegar
Do dia ganho.
Não por haver chegado,
Mas ter acrescentado
Um palmo de ilusão ao meu tamanho.
Coimbra,10 de Dezembro de 1993
REQUIEM POR MIM
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido de corpo
E tolhido de alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me comprisse como porfiei,
E caísse de pé,num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E ,em largo oceano,eternizar
O seu eplendor torrencial de rio.
Miguel Torga(1907-1995)
segunda-feira, 21 de abril de 2008
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