quarta-feira, 16 de junho de 2010

AS BATAS

Estava de pé,encostada ao balcão,bebendo um copo de leite e comendo uma sanduíche de queijo. Era o seu almoço. O ordenado não dava para mais. A saúde da moça não parecia ser das melhores. Com aquele tratamento,e sabe-se lá mais de quê,não seria de esperar outra coisa. Causava tristeza olhar para ela.
Lastimava-se. Recebera há uma semana o ordenado e já pouco lhe restava. Bem se esforçava em esticá-lo,mas não podia fazer milagres. Não eram as coisas que estavam caras,ela é que estava ganhando pouco. Ai a minha vida,suspirava ela. Quem melhor a ouvia,do outro lado do balcão,compreendia-a muito bem e até fazia coro com ela.
A esperança das duas residia no décimo terceiro mês. Seria ele que viria tapar alguns buracos que há muito ansiavam que deles se lembrassem. Mas esse ainda vinha lá muito longe. Era a tristeza das duas a manifestar-se a uma só voz.
O jeito que lhes iria fazer. Há um ror de tempo que andavam com aquelas roupas,até tinham vergonha de aparecerem assim no emprego. Valiam-lhes as batas. Chamavam-lhes as tapa-misérias. O pior era à entrada e à saída. Ai a nossa vida.

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