quarta-feira, 8 de julho de 2009

CACOS

A vida estava difícil,diziam,até,alguns que estava impossível.Vivia-se rodeado de ameaças,não sendo menor a do desemprego. Os ânimos andavam,naturalmente,com muito má cara,dispostos a não se sabia ainda o quê,talvez mais alguma irracionalidade,que uma situação daquelas nunca fora boa conselheira.
Mas, um dia,talvez um dia negro,de muita tempestade,julgaram ter descoberto a solução para tanto mal que os afligia,submergia,mesmo. Havia que descarregar as culpas em alguém. Alguém devia ser responsabilizado por tudo quanto vinha acontecendo. E depressa,que já se tinha perdido muito tempo,e tempo é que se não podia perder,porque tempo,mau,ou bom,já não voltava para trás,o que deixava alguns muito deprimidos,porque tinham pensado,anos antes,mandar no tempo.
E o que se lhe havia de fazer a esse único responsável,sim,único,porque os outros,todos eles,ricos,
pobres,assim assim,não tinham culpa alguma? Ora,o que havia de ser? Malhar nele,pois então,malhar nele,a torto e a direito,de qualquer maneira,de forma a ele não mais poder fazer qualquer maldade,daquelas maldades que só ele era capaz de fazer,pois tinha nascido para isso.
E quem era esse fora de série,um que a máquina do tempo tinha produzido,ainda estava por se saber como?
Ora,quem havia de ser? O tal,aquele que morava lá,em certo sítio,onde apareciam coisas sem se saber como,porque naquela terra não se sabia como é que apareciam tantas coisas que não lembraria ao diabo,coisas que vinham lá de épocas remotas,parece que era um jeito especial,que só essa gente tinha,e que era o de destruir,destruir,por terem azar a coisas inteiras,por só estarem interessados em cacos,em pó,em nada,ou melhor,cada um em cada um,que o resto era tudo "inimigo".

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