Aquilo alastrou como fogo em mato seco, de anos incontáveis,lá mesmo do início da arrancada. Nem era de esperar outra coisa,ou melhor,era de uma coisa dessas que se estaria à espera,de uma espera quase sem uma pontinha de esperança.
É que se falava de libertação,e libertos é que eles nunca se tinham sentido,nem saberiam o que isso era. Só sabiam é que tinham sido sempre escravos,como já tinham sido os seus pais,os seus avós,todos os avós lá de muito de trás.
Ignorantes de muita coisa,só conheciam uma espécie de libertação,que era a libertação de tanta carência em que tinham vivido,eles e os seus,lá de todos os de trás. Só tinham conhecido uma vida,uma vida de submissão,sempre sujeitos a este,e àquele,o que calhava,às suas vontades,aos seus desejos,aos seus prazeres,nos quais se podiam incluir as suas próprias e miseráveis vidas. Vidas em que nunca tinha surgido,e muito menos brilhado,essa palavra mágica, libertação.
Não admirava,pois,que essa palavra boa passasse de boca em boca,vencendo obstáculos de toda a odem,se derramasse por vales e montes,chegasse a todos os cantos,os mais escondidos. Quem é que lá haveria que não gostasse de ser liberto? Não haveria entre eles,essa imensa pobre gente,um sequer que recusasse. Não era de esperar outra coisa.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
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