domingo, 12 de julho de 2009

O QUE SE VÊ

Eram três irmãos,lá na santa terrinha,lá para o cabo do mundo. Em casa,se pobreza não havia,riqueza também não era coisa que se visse por lá. Dava para ir entretendo,que,quando mal,nunca pior.

E assim,o mais velhinho,logo à primeira oportunidade,escapou-se,fazendo-se à vida. Em boa hora o fez,que a vida sorriu-lhe. Nesta maré alta,chamou os irmãos. Um,veio,mas o outro,nem pensar,

que ele gostava muito lá dos ares que sempre tinha respirado,e de andar atrás de uma junta de bois,o seu encanto.

Coitado dele,que por lá foi ficando. Nem os ares,nem a rabiça do arado,nem os bois,o ajudaram muito,só o suficiente para se ir amparando. E o pior era ele,de vez em quando,pôr-se a cismar no que tinha perdido. Os dois irmãos,lá fora,a viverem bem,e ele,para ali,ao sol,à chuva,ao vento. Uma grande tristeza.

E aconteceu o que tem acontecido tantas vezes. Para afogar as tristezas,fez o que muitos têm feito,afogando-as em vinho.

É,afinal,a vida,que a uns, sai rósea,e a outros, é o que se vê.

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