quinta-feira, 23 de outubro de 2008

QUASE VOA

Nem parecia o mesmo naquela manhã. Ia só,sem o seu fiel companheiro,um carrinho,algo desconjuntado,que ele vai levando,alegremente,palas ruas,quase a correr. Desta vez,ia triste,de cabeça baixa,assim como um vencido da vida. Também não trazia o seu boné de pala,o que se compreendia, pois não estava trabalhando.
Talvez a sua carripana estivesse a reparar,que bem precisada estava. De qualquer maneira,poucos dias volvidos ,lá voltou ele aos seus muitos afazeres,que são as visitas meticulosas aos contentores lá do seu bairro,à sua boa disposição,ao seu boné de serviço.
Os caixotes já estariam sentindo a sua falta,pois sempre lhes faz alguma companhia,e,o mais importante,lhes alivia a carga. O carrinho chega a andar derreado,visto ele ser muito aproveitadinho. É que a vida não está para brincadeiras,e lá em casa há mais gente,que,por vezes,o acompanha,mas com dificuldade,que ele quase voa,por mor da concorrência. Tem de dar á perna,não vá ficar sem os melhores bocados.

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