quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A AMEAÇA

Tantos e tantas que o velho médico vira nascer ali por aquelas redondezas. Todos ali o conheciam e respeitavam. E era-lhe consolador sabê-lo,o que, a cada passo,sucedia.
Naquela altura,já estava a descansar,pois os muitos anos assim o exigiram. Enviuvara e os filhos estavam lá para longe. Um casal tomava conta dele e da casa,que era um casarão. Quando entravam de férias,instalava-se numa pensão,onde o tratavam como se fosse da família.
Era uma pensão por onde passava gente dos mais diversos cantos. E isso entretinha-o,pois sempre havia alguém disposto a conversar. De resto,tinha muita coisa para contar e sabia fazê-lo. As pernas já lhe pregavam partidas,mas a cabeça não.
Um neto andava desgostando-o muito,o que o levava,por vezes,a desabafar. Vejam lá do que ele se havia de lembrar. Eu tenho tentado demovê-lo,mas é teimoso. Mas eu deserdo-o,era a ameaça que o moço também ouvia sempre que o ia visitar.

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