sexta-feira, 3 de outubro de 2008

BONS DIAS SEM RESPOSTA

São leves traços de uma história antiga,de uma história que encantou,mas a memória não esteve para mais.
Lá em casa só estavam,naquela altura,a avó e o netinho. Olha que eu tenho de sair,mas volto já. Vê lá se tens juízo. Pois é. A criança não resistiu,e quando a avozinha regressou havia leite derramado no chão ladrilhado da cozinha. Um desastre,ou talvez não. É que o leite simulava estradinhas brancas. Estavam mesmo a pedir que alguém as enfeitasse. E foi o que a avozinha fez,dispondo brinquedos nas suas bermas.
A madrugada estava fria e a grande cidade acordava. Um jovem vinha distribuindo bons dias,como lá na sua aldeia. Ninguém lhe ligava. Ia esfregando as mãos para aquecê-las,mas não era o suficiente. Mas ali perto,estava-se libertando calor e era uma pena perdê-lo. E foi o que ele fez,aproveitando o bafo quentinho que saía das narinas de um cavalo.
Bairros de lata paredes meias com prédios de luxo era o que não faltavam,que ele bem via. Ânsia de melhor vida habitaria em muita gente. Como a satisfazer? Com uma varinha mágica,nas mãos do repartidor de bons dias sem resposta. Um pede um milhão,o vizinho dois,e assim por diante,numa progressão sem limite. Cada qual a querer ser o mais rico. Estava-se mesmo a ver que assim não. Foi o que o jovem entendeu,ou alguém por ele,pelo que a varinha levou sumiço.

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