quarta-feira, 22 de outubro de 2008

DE DESGOSTO

Ele era tão mau que chegaram ao ponto de dizer que era pior do que as cobras. É que ele sabia,ao contrário delas. Coitadas das cobras,para ali a rastejarem,a limparem o pó do chão.
Já em pequeno o mostrara. Subia às árvores,à cata de ninhos,só para deitar os ovos ao chão. Apanhava grilos,nas tocas,com palhinhas,mas não os engaiolava,para depois os ouvir cantar. Mal os tinha na mão,ai deles. O mesmo sucedia às borboletas e às rãs. Uma calamidade.
Foi assim pela vida fora,na escola,no trabalho. Pode-se imaginar o que teria feito numa e noutro. Intriguista,adulador,veio a ser chefe. Pobres dos subordinados. Punia-os a torto e a direito,nada lhes desculpando. Engendrava tarefas para os reter e prestava sempre más informações.
Casou com uma alma gémea. Teve filhos. Mas o que são as coisas. Os rebentos sairam bonzinhos,com muita mágoa dele. Ainda tentou modificá-los,mas em vão. Morreu de desgosto.

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