Era uma vez um jardineiro que se especializara em rega. E de tal maneira à rega se entregara,
que não queria fazer outra coisa. Deve dizer-se,em abono da verdade,que ele regava como ninguém. Era o melhor lá no seu canto,sem sombra de dúvida.
Assim,campeonato de regas em que ele entrasse,era certo e sabido que lhe caberia a medalha de ouro. O cofre em que as guardava já se encontrava quase cheio,um cofre de que só ele conhecia o segredo. Nem à mulher o revelara,tal era o apego que lhes tinha.
Pois este jardineiro,a certa atura,deu-lhe para estar sempre a regar. Assim é que ele se sentia nas suas sete quintas. Convencera-se,também,depois de tantas vitórias,de que não se atreveriam a contrariá-lo.
Ele regava a toda a hora,de dia e de noite, ele regava com todo o tempo,mesmo que tivesse chovido em catadupas. Mas era notório que colhia o maior prazer quando escasseava a água,por meses sucessivos de nem uma gota cair. Era um regar sem destino,como é uso dizer-se.
Aquilo não podia continuar assim. Como ele nunca iria a bem,teve de se exercer violência. E um dia,prenderam o jardineiro.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
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