sábado, 4 de outubro de 2008

PORTA NA CARA

O que o senhor estivera ali a contar lembrava um dizer antigo. Vá lá a gente ser bom. Passara-se aquilo há muitos anos. Não se tratava,porém, de novidade.
Pois é como vos digo. Aqueles são mesmo tempos para esquecer. Ganhava uma miséria e tinha de sustentar mulher e filhos. Mas mesmo assim,ainda tive de partilhar,uma vez, com o patrão. Não acreditam? Pois é a pura verdade. Foi assim como uma espécie de redução de salário. Ele dera-me emprego e não tive cara de lhe dizer não. Onde come um,comem dois.
Mais tarde,as coisas alteraram-se e muito. Correram muito bem para o patrão,mas a mim,
infelizmente,deram para o torto. E assim,não vendo outra saida, bati-lhe à porta,para uma ajuda.
Os amigos são para as ocasiões,não é? Pois levei com a porta na cara.
Esquecera-se da compreensão que eu em tempos tivera,num seu aperto. Eu não fui cobrar,longe de mim,mas estava mesmo necessitado,e à minha volta não via mais ninguém a quem pudesse
recorrer. Não resta dúvida,de que não se portou bem.

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