sábado, 6 de março de 2010
COM VAGARES
Nos fins de semana,havia festa rija na horta da"quinta" avenida lá do bairro. Juntavam-se os amigos e aquilo era um fartar de carapaus assados por longas horas. Os ares enchiam-se de odores indiscretos e os vizinhos ficavam com muita pena de não os convidarem. Os carapaus não podiam ser uns quaisquer. Tinham de ser uns muito especiais. Mas para isso, havia dois especialistas. Um deles,entrava de serviço bem cedo. Ia ao mercado,ali a dois passos,e percorria com vagares todas as bancas . Era paciente e levava a função muito a peito. Parava,examinava,cheirava,recuava,encostando-se à parede,como a antegozar o festim próximo. Finalmente,decidia-se. Iam ser aqueles. Chegara a altura de chamar o outro,o cozinheiro,o mais entendido na matéria. Vinha o cozinheiro. Fazia o exame que lhe competia,com outros olhos. Mas aquilo não era mais do que uma confirmação. Encha lá o prato. Ainda rejeitavam alguns,o que era tolerado,pois para fregueses como aqueles tinha de se ter muita compreensão.
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