sábado, 20 de março de 2010

SAQUITO RECHEADO

Um pardal desloca-se dando uns saltinhos muito rápidos,parecendo dispor de potentes molas nos seus pezitos. E nos seus voos,ao mínimo sobressalto,não se vê usar as asas. Fa-lo-á ainda como de saltitos,agora maiores,se tratasse. Pois aquela velhota muito se lhe assemelha no seu modo de girar. É claro que não o faz pulando. Dá uns passinhos muito rápidos,muito rasteirinhos. Julgar-se-ia impossível que um corpo tão mirradinho conseguisse assim progredir. Mas avança,que é bem visível. Ainda há pouco estava lá longe e já agora se encontra muito próximo,como se tivesse corrido ou voado. Parece ser uma pobre de pedir,ainda que nunca fosse vista de mão estendida. Mas que ela vai sempre de saquito recheado,não restam dúvidas. Se é de ofertas de comida,têm-lhe dado elas energias bastantes para o seu peregrinar de anos,mantendo inalterável a maneira de caminhar. Voará,quando não estão a vê-la? Talvez um dia o faça,quem sabe? Pelo menos,alguns pardais já a consideram da família. Foi o que há dias deram a entender. Estavam dois ou três saltitando no murete de um laguinho,há procura de alguma coisa de comer,quando surge a velhota,no seu regresso a casa. Nem se mexeram,ao contrário do que acontece à aproximação de um qualquer,criança mesmo. Continuaram,calmamente,na sua tarefa,talvez desejando-lhe um bom dia e uma boa refeição.

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