sábado, 27 de março de 2010

ENQUANTO PUDESSE VOAR

O local presta-se ao descanso de todos os merecimentos. Dali,a vista pode espraiar-se pelas colinas em volta e pelos campos ao longe,em ondulações sucessivas. O ar é leve e perfumado. O silêncio perdura.Talvez por tudo isto, aquela senhora o escolhera. Estava sentada,só, e tinha nas mãos um livro. Foi o que ela fez durante os dias em que ali permaneceu. Passava as folhas muito lentamente. Estaria lendo um outro ,que a este se sobrepunha,o livro das suas recordações. Os seus olhos deixavam,de quando em vez,as linhas na sua frente,para se fixarem,aparentemente,num ou noutro ponto da paisagem rica,que diante dela se abria. Estaria lembrando,estaria sonhando. Raramente se servia da bebida, em cima da mesa da esplanada. Necessitaria de outras,bebidas muito dela. A senhora bastar-se-ia a si mesma. Em locais como aquele, encontraria bálsamo para algumas tristezas. Partiu,provavelmente,consolada. Voltaria ali,uma e mais vezes,enquanto pudesse voar,pois,dificilmente, encontraria melhor poiso.

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